Ibovespa cai 0,41% pressionado por Vale e petroleiras, apesar de PIB além do esperado

Ações da Vale caíram mais de 3% com minério

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, pressionado pelo tombo das ações da Vale (VALE3) na esteira da queda dos futuros do minério de ferro na China, enquanto Azul (AZUL4) disparou 10%, experimentando uma trégua na pressão vendedora dos últimos pregões por preocupações com seu endividamento.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,41%, a 134.353,48 pontos, tendo marcado 134.171,3 pontos na mínima e 135.010,55 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou 22,48 bilhões de reais.

De acordo com o Vitor Hugo, sócio e advisor da Blue3, Vale ditou a performance do Ibovespa, fortemente influenciada pelo tombo neste começo de semana no minério de ferro em Dalian, na China, dada a perspectiva de falta de prosperidade econômica na segunda maior economia do mundo.

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Os preços do petróleo no mercado externo, acrescentou, tampouco ajudaram, com o contrato Brent fechando em queda de quase 5% após sinais de um acordo para resolver uma disputa que interrompeu a produção e as exportações de petróleo da Líbia.

O pregão brasileiro também foi contaminado pelo viés negativo em Wall Street, com dados alimentando preocupações com o ritmo de desaceleração da economia norte-americana, enquanto agentes financeiros aguardam um corte no juro dos Estados Unidos neste mês. O S&P 500 fechou em baixa de 2,1%.

A sessão ainda refletiu a repercussão da expansão do PIB brasileiro acima do esperado no segundo trimestre. De acordo com o IBGE, a economia cresceu 1,4% no período de abril a junho na comparação com o primeiro trimestre, resultado mais forte desde o quarto trimestre de 2020 e acima do esperado (-0,9%).

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Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o PIB teve avanço de 3,3%, contra expectativa de 2,7%.

“A economia brasileira cresceu em ritmo bastante acelerado na primeira metade do ano, puxada pela demanda doméstica”, destacaram economistas do Bradesco, acrescentando que o consumo seguiu firme na esteira do mercado de trabalho aquecido que vem garantindo ganhos reais de renda.

“O aumento da confiança tem sido importante para explicar o desempenho dos investimentos”, acrescentou a equipe chefiada por Fernando Honorato. “Nossa expectativa ainda é de desaceleração do PIB na segunda metade do ano, mas a surpresa com a divulgação de hoje sugere que esse movimento poderá ser gradual.”

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Em meio aos dados, as taxas dos contratos de DI de curto prazo ficaram perto da estabilidade ou em leve alta, em razão de preocupações com pressão inflacionária, o que alimenta apostas de que o Banco Central pode elevar a taxa Selic neste mês.

DESTAQUES

– VALE ON (VALE3) caiu 3,73%, acompanhando o movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 4,74%.

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– PETROBRAS PN (PETR4) recuou 1,21%, na esteira dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent despencou 4,9%. No setor, PRIO ON (PRIO3) cedeu 5,16%, 3R perdeu 5,28% e PETRORECONCAVO (RECV3) fechou em baixa de 2,1%. A ANP também divulgou que a produção de petróleo do Brasil recuou em julho.

– AZUL PN (AZUL4) avançou 10,2%, experimentando uma trégua na pressão vendedora dos últimos pregões em razão de preocupações com o endividamento da companhia. Em três sessões até a véspera, o papel acumulou queda de 39%. Na segunda-feira, a S&P cortou a classificação de crédito de emissor em escala global da Azul para “CCC+” de “B-“, com perspectiva negativa.

– BRASKEM PNA (BRKM5) subiu 2,38%, tendo como pano de fundo relatório do Bradesco BBI elevando a recomendação das ações para “compra” ante “neutra”, preço-alvo em 24 reais, com os analistas enxergando boa dinâmica de resultados no segundo semestre, risco limitado e proteção contra queda do petróleo.

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– ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) valorizou-se 1,62%, enquanto BRADESCO PN (BBDC4) fechou com elevação de 1,07%, BANCO DO BRASIL ON (BBAS3) subiu 0,91% e SANTANDER BRASIL UNIT (SANB11) fechou com acréscimo de 0,19%.