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Ibovespa recua 3,27% e dólar sobe 3% com noticiário político: o que esperar no restante da semana pré-eleições?

Notícias sobre Roberto Jefferson, antigo aliado de Bolsonaro, levaram aversão ao risco ao mercado após semana de forte alta; volatilidade segue no radar

Vitor Azevedo

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O Ibovespa caiu 3,27% nesta segunda-feira (24), aos 116.012 pontos, a maior queda percentual diária desde 26 de novembro de 2021. No pior momento, chegou a 115.792,69 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira se descolou do que foi visto no exterior, onde os mais importantes benchmarks subiram, repercutindo o noticiário político nacional.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram, respectivamente, 1,34%, 1,19% e 0,86%, estendendo o otimismo da última sexta-feira.

“Os EUA fecharam no positivo, estendendo os ganhos da última semana. Há a expectativa, desde então, de que o Federal Reserve irá pegar mais leve em sua política monetária e os dados do PMI, por lá, vieram mais fracos do que  esperado”, expõe Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

Na última quinta-feira, dirigentes do Fed sinalizaram que há a possibilidade de uma desaceleração das altas, para baixo dos atuais 75 pontos-base, a partir de dezembro. Hoje, a prévia do PMI composto dos EUA de outubro teve leitura de 47,3, sinalizando alguma desaceleração, segundo a S&P Global.

“Isso reforça a tese de que o aperto pode ser mais leve para se chegar à meta da inflação, de 2%, nos próximos um ou dois anos”, acrescenta Komura.

Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, vai no mesmo caminho: “A alta do S&P 500 acredito que seja uma continuação do movimento de sexta, após o Fed afirmar que pode não subir 75 pontos-base na reunião de dezembro. Se realmente houver desaceleração, o mercado lá fora deve ficar interessante”.

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O rendimento dos treasuries yields, contudo, se recuperaram parcialmente – os para dois anos ganharam 2,4 pontos-base, a 4,513%, e os para dez anos foram a 4,251%, com mais 3,9 pontos.

A curva de juros brasileira, porém, teve alta bem mais forte. O rendimento dos DIs para 2025 ganharam 14 pontos-base, a 11,82%, e o do DIs para 2027 foram a 11,71%, com mais 19 pontos. Os DIs para 2029 e 2031 ganharam, respectivamente, 20 e 19 pontos, a 11,85% e 11,94%.

Enquanto o dólar ficou estável lá fora, com o DXY sem oscilar, nos 112.00 pontos, a moeda americana subiu 3,01% frente ao real, a R$ 5,302 na compra e a R$ 5,303 na venda.

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“Se havia alguma dúvida do mercado quanto às altas do Ibovespa da última semana,  não há mais. O movimento de hoje deixa claro que o avanço, e agora a queda, foi mais pelas eleições do que por influência lá de fora”, acrescenta Martinez. “As novas notícias, principalmente a do Roberto Jefferson e a maneira como ele reagiu à prisão, acabaram levando a uma perspectiva de que o Bolsonaro enfrentará agora dificuldades maiores para ganhar as eleições”.

Roberto Jefferson, antigo aliado do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), lançou granadas e atirou contra policiais federais neste domingo, enquanto os agentes tentavam cumprir uma ordem de prisão contra o ex-deputado. Analistas esperam que a ação do político afaste parte do eleitorado, principalmente o de centro, de candidato do PL.

“Alguns papéis haviam avançado com a perspectiva de vitória do Bolsonaro, que vinha ganhando força. Esses são os que estão sofrendo mais hoje”, debate o especialista da Kilima.

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As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 9,89% e 9,20%, respectivamente. As ações ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram baixa de 10,03%. Juntas, as duas companhias perderam R$ 62,8 bilhões de valor de mercado em apenas uma sessão. 

O mercado, recentemente, vinha precificando o aumento de chances de vitória de Bolsonaro no preço das estatais – uma vez que seu concorrente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende uma maior intervenção nessas companhias.

Outros papéis, principalmente os mais líquidos, também recuaram fortemente. As ações ordinárias da CSN (CSNA3) caíram 8,10% e as da BRF (BRFS3), 7,70¨%.

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“Isso pode ser explicado pela preferência que os investidores estrangeiros tem, quando entram na Bolsa brasileira, por papéis líquidos. As notícias podem ter afastado os aportes internacionais”, fiz Martinez.

Para os próximos dias, com a decisão da eleição marcada para o próximo domingo, especialistas esperam que os movimentos bruscos do mercado continuem.

“Podemos esperar muita volatilidade nessa semana pré segundo turno. Cada novidade e cada pesquisa a ser divulgada tende a fazer a bolsa subir ou cair. Pesquisas que mostrem Bolsonaro à frente tendem a fazer a bolsa subir, já que o mercado tem a preferência pela agenda de Bolsonaro mais focada em privatizações, por exemplo”, explica Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos.

Também Komura a semana continuará sendo volátil.

“O episódio do Roberto Jefferson no final de semana provavelmente assustou um pouco os investidores. Principalmente por conta do efeito que pode ter no eleitor de centro. Acompanharemos de perto o que as pesquisas irão dizer em relação a isso. O Bolsonaro foi rápido em tentar se dissociar do caso, mas não sabemos os reais impactos. Isso reflete no humor dos investidores”, avalia o analista da Ouro Preto Investimentos.

Além das eleições, o Ibovespa deve repercutir também assuntos importantes como a temporada de balanços e a decisão (com foco nas sinalizações) do Comitê de Política Monetária, na próxima quarta.