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Ibovespa recua 1,02%, puxado por commodities e temor de recessão mundial; dólar cai 1,21%

Cresce temor de que a economia nos Estados Unidos pode recuar ou estagnar enquanto no Brasil PEC da Transição e Copom ficam no radar

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 1,02% nesta quarta-feira (7), aos 109.068 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira teve performance pior do que seus pares americanos, impactado, principalmente, pelo mau desempenho das companhias de commodities.

As ações ordinárias da PetroRio (PRIO3) tiveram uma das maiores queda do índice, com menos 5,69%, acompanhando a queda de 2,20% petróleo, com o barril Brent fechando na mínima do ano, a US$ 77,53

Os papéis de companhias do setor de mineração também recuaram, acompanhando a baixa do valor do minério de ferro, após dados comerciais da China virem mais fracos do que o esperado. Os papéis ordinários da Vale (VALE3) perderam 3,56% e os da CSN (CSNA3), 2,81%.

“O mercado está preocupado com a desaceleração da economia americana. Temos risco e medo de recessão no mundo e isso é o que mais faz com que bolsas caiam nesta quarta”, explica Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos. “Com guerra entre Ucrânia e Rússia e chance real de recessão, há previsões de que o preço do petróleo possa cair até 50%, o que derruba, entre outras empresas, também a Petrobras (PETR3;PETR4)”.

Luiz Adriano Martinez, gestor de portfólio da Kilima Asset, também destaca que o temor de que as altas de juros do Federal Reserve cause uma recessão nos Estados Unidos vem ganhando força.

“O risco está sendo percebido de forma mais forte. Estamos, inclusive, vendo um movimento interessante na maior economia do mundo. Os índices americanos caem mesmo com as taxas do treasury para dez anos recuando, o que não víamos há algum tempo. Isso sinaliza medo de recessão”, contextualiza o especialista.

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Os treasuries yields para dez anos ficaram em 3,413%, perdendo dez pontos-base.  Os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,19% e 0,51%, enquanto o Dow Jones fechou estável.

No Brasil, a curva de juros também recuou, na esteira da queda dos preços das commodities, que pesam nas perspectivas de inflação. Os DIs para 2024 perderam 15,5 pontos-base, a 13,84%, e os DIs para 2025, 14 pontos, a 13,03%. As taxas dos contratos para 2027 e 2029 recuaram, respectivamente, 8,5 e oito pontos-base, a 12,71% e 12,74%. Os DIs para 2031 ficaram 12,76%, com menos cinco pontos.

O dólar caiu mundialmente, com o índice DXY, que mede a força da divisa americana frente outras de países desenvolvidos, recuando 0,41%, aos 105,14 pontos. Frente ao real, a queda foi de 1,21%, com a moeda americana negociada a R$ 5,205 na compra e a R$ 5,206 na venda.

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“Mercado, com relação às ações brasileiras, teve uma realização da Vale, após uma forte sequência de altas. A mineradora tem mais de 20% de peso no Ibovespa e pesa muito no índice”, diz João Abdouni, analista CNPI da Inv. “Na outra ponta, alta das companhias que se beneficiam da queda do petróleo, principalmente as ligadas ao setor de aviação e viagens”.

As ações preferenciais da Azul (AZUL4) subiram 3,86% e as da Gol (GOLL4), 2,54%. Os papéis do mesmo tipo da CVC (CVCB3) ganharam 3,46%.

Por fim, no cenário interno, o Ibovespa teve um pregão de poucas surpresas, com as notícias mais importantes tendo sido publicadas após o fechamento das negociações.

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“Temos certa pressão pela questão da PEC de Transição, que segue indefinida, apesar de encaminhada. Espera-se baixo número de ministros técnicos, com grande parte vindo da área política. O mercado, contudo, agora já precifica tudo isso e a tendência é que fique por ai”, diz Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos.

Investidores monitoram também a decisão, que sai em breve, do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar de a decisão ter vindo dentro do consenso, com a Selic mantida em 13,75%, o temor de analistas, de que as autoridades monetárias brasileiras podem destacar o risco fiscal no documento emitido no fim da reunião e voltar a aumentar a taxa, também se concretizou.