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O rali para a Bolsa brasileira chegou ao fim? Não na visão do JPMorgan.
A equipe de estrategistas do JPMorgan, liderada por Emy Shayo, destaca ter ouvido recentemente o argumento de que a valorização das ações brasileiras observada ultimamente (10,5% de alta do Ibovespa desde as mínimas de meados de março) ocorreu porque todos os catalisadores já foram ativados e passaram – ou seja, não haveria mais triggers para alta.
Porém, os estrategistas discordam. Eles destacam que a ponta longa da curva de juros (29 de janeiro) teve um “estreitamento” (queda) de 200 pontos-base desde março e o Ibovespa está praticamente no mesmo nível de então (ou até abaixo, negociando abaixo do patamar dos 110 mil pontos). A taxa implícita daqui dois anos mostra inflação abaixo de 6% pela primeira vez desde a eleição, e o benchmark da Bolsa brasileira está no mesmo nível de então.
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“Assim, achamos que a melhora observada, tanto global quanto internamente, é bem mais significativa do que o que está sendo traduzido em preços. Não apenas isso, mas o gatilho mais importante de todos, o corte nas taxas de juros, ainda não se materializou [com a Selic seguindo em 13,75%]”, apontam.
Assim, os estrategistas destacaram 4 gatilhos para o mercado brasileiro que acreditam que estão sendo “negligenciados”. Confira a seguir:
1. Melhor temporada de resultados
As expectativas eram sombrias para a temporada de balanços (que se encerrou na véspera), mas, em relação ao consenso, 41% dos resultados superaram as expectativas, enquanto 31% decepcionaram, apontam os estrategistas.
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Setores de matérias-primas, utilities (como energia e saneamento), construção civil e shoppings e saúde tiveram mais surpresas positivas do que negativas.
“Embora os investidores locais possam se reposicionar no dia dos balanços, acreditamos que os estrangeiros demoram um pouco mais para responder a eles. Não apenas isso, mas a temporada de ganhos melhor do que o esperado poderia colocar um limite na longa série de estimativas de lucros para baixo para este ano e para o ano seguinte, talvez começando a produzir revisões de ganhos para cima”, avaliam os estrategistas.
2. Expectativas de maior crescimento
Após uma virada de ano morna, os dados de atividade melhoraram, saindo mais fortes do que o esperado inicialmente. Isso pode ser devido ao impacto duradouro do estímulo fiscal na economia (cerca de 1% e 1,5% do PIB) ajudando a impulsionar o mercado de trabalho e também os serviços.
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Embora as revisões do PIB no final do 1T23 tenham sido impulsionadas principalmente pelo setor agrícola, é possível que uma nova rodada de revisões esteja por vir, impulsionada por outros fatores. O PIB mais alto também é um bom presságio para altas na Bolsa, apontam.
3. Cenário político
O JPMorgan aponta que talvez o mercado ainda não aprecie totalmente os recentes desdobramentos das pautas econômicas no Congresso.
Contudo, o banco aponta que algumas decisões recentes do Legislativo foram bem recebidas.
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No dia 3 de maio, a Câmara dos Deputados reverteu alguns dos decretos presidenciais que resultariam em significativa diluição da lei de saneamento, aprovada em 2022. Também na semana do dia 8 de maio, o presidente da Câmara, Arthur Lira, fez uma série de discursos em Nova York afirmando que o Congresso não permitirá a reversão de reformas passadas.
“Por último, mas não menos importante, vimos a proposta fiscal sendo realmente aprimorada no Congresso, com a inclusão de algumas restrições aos limites de gastos. Embora a expectativa seja de que o Executivo continue trazendo questões que não são necessariamente favoráveis ao mercado, a chance de que elas se materializem diminuiu, pelo menos por enquanto”, avaliam os analistas.
4. As taxas de juros ainda não foram cortadas
Considerando a disparidade de preços entre taxas e ações, os estrategistas apontam que esta última ainda não está precificando cortes nas taxas.
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As taxas mais baixas desencadeariam uma reavaliação de ações do Brasil, que ainda está preso a um certo nível de valuation (uma relação de preço sobre lucro em 12 meses de 7,2 vezes atualmente), onde está desde que o Banco Central começou a subir os juros, no primeiro trimestre de 2021 (1T21).
“Além disso, raramente vimos uma ocasião em que houvesse tanta divergência sobre quando as taxas começariam a cair. Alguns acham que é em agosto, após a reunião de 29 de junho que definirá o destino das metas de inflação, outros (incluindo o próprio JPMorgan) pensam que será apenas em novembro, quando a desinflação e o crescimento mais lento serão mais evidentes, enquanto outros continuam vendo a inflação resiliente, levando as taxas cairão apenas em 2024”, apontam os estrategistas.
Os estrategistas destacam ter observado, em um relatório recente, que as ações não tendem a reagir muito cedo aos próximos cortes nas taxas, já que a maior parte da alta ocorre após a primeira redução dos juros. “Achamos que este seria especialmente o caso agora, considerando os preços baixos e o potencial de valorização, especialmente se as projeções de lucros aumentarem”, apontam.
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Levando em conta esses quatro fatores, o JPMorgan reforça sua visão overweight (desempenho acima da média do mercado) para as ações do Brasil tanto na carteira para emergentes quanto para a América Latina.
“A história é bastante simples e baseia-se no menor custo de capital proveniente de taxas de juros mais baixas com valuations em níveis quase nunca antes vistos”, apontam Emy Shayo e equipe.
Os estrategistas destacam que, em sua última revisão de portfólio, reduziram exposição a ações ligadas a matérias-primas, enquanto possuem posição overweight em setor financeiro, construção, consumo discricionário e saúde. Em Brasil, têm exposição em: Assaí (ASAI3), Alupar (ALUP11), BTG Pactual (BPAC11), B3 (B3SA3), Cyrela (CYRE3), Iguatemi (IGTI11), Energisa (ENGI11), Itaúsa (ITSA4), Localiza (RENT3), Lojas Renner (LREN3), Minerva (BEEF3), Petrobras ON (PETR3), RD (ex Raia Drogasil; RADL3), Rede D’Or (RDOR3), TIM (TIMS3), Vale (VALE3) e Vibra (VBBR3).