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Ibovespa perde força no final e não escapa de oitavo pregão seguido de baixa; Dólar cai 0,47%

Apesar de inflação mais fraca nos Estados Unidos, investidores monitoram outros fatores que podem pesar sobre juros

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em leve queda de 0,05% nesta quinta-feira (10), aos 118.349 pontos, após operar em alta durante boa parte do dia. O benchmark teve, de qualquer forma, seu oitavo pregão consecutivo de baixa.

Nos Estados Unidos – os índices, que subiram consideravelmente pela manhã após a publicação da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) vir dentro do esperado, em 0,2% – também perderam força com o passar o dia. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam com ganhos de, respectivamente, 0,15%, 0,03% e 0,12%.

“O Ibovespa indicou que quebraria a sequência negativa de sete pregões de queda, mas na última hora voltou a registrar baixa. Em Nova York, os índices subiram levemente, na esteira do CPI dentro do esperado, o que pode ajudar o Federal Reserve a dar por encerrado o ciclo de alta dos juros”, fala Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Apesar de parte do mercado ver que a estabilidade na inflação dos EUA permite ao Fed pausar alta de juros em setembro, os treasuries yields fecharam em alta. O para dez anos ganhou 9,1 pontos-base, a 4,09%, e o para dois anos ganhou 4,2 pontos, a 4,844%.

Analistas destacam o fato de que, na Europa, o preço do gás natural saltou 40% nessa quarta-feira, com o temor de uma possível interrupção no fornecimento de gás da Austrália, após greve de funcionários. Nos Estados Unidos, a commodity subiu 6%. Uma alta dos combustíveis pode pressionar a inflação nos próximos meses – e, decorrentemente, afetar os juros.

No Brasil, a curva de juros fechou sem direção exata. Os contratos para 2024 e 2025 perderam três e cinco pontos, a 12,43% e 10,34%. Os para 2027 ficaram estáveis em 10,00%, enquanto os para 2029 e 2031 ganharam um e três pontos-base, a 10,52% e 10,82%.

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Investidores tentam interpretar as notícias. Apesar da possível pressão altista vinda do cenário externo, houve boas sinalizações do mercado local e o mercado aguarda a divulgação do IPCA nesta sexta.

“Vale mencionar a fala do Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, hoje à tarde no Senado. Ele trouxe uma mensagem de boas expectativas para a inflação que será divulgada amanhã, o IPCA”, diz Milena Araújo, estrategista de investimentos da Nexgen Capital. “Isso trouxe um viés mais positivo, deixando subentendido possíveis novos cortes de juros”.

“O presidente do Banco Central enfatizou a importância de um tripé econômico, que se baseia em um sistema composto por metas de inflação, regime de câmbio flutuante e responsabilidade fiscal. Ele defendeu que as decisões de política monetária levam de 12 a 18 meses para surtir efeito, o que ressalta a importância das decisões sobre juros estarem ancoradas nas perspectivas futuras de inflação, em vez de reagir apenas ao cenário presente”, fala Bruno Nascimento, analista de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio..

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Fora o cenário macro, o Ibovespa sentiu nesta quinta bastante a interferência do micro. Os bancos, por exemplo, tiveram alta após o Banco do Brasil (BBAS3) divulgar seu resultado do segundo trimestre, visto como positivo. As aéreas foram no mesmo sentido após a publicação do resultado da Azul (AZUL4).

“As ações das aéreas subiram nesta quinta-feira, impulsionadas pelo balanço da Azul, que conseguiu aumentar seu lucro operacional para R$ 592 milhões no segundo trimestre de 2023, ante R$ 136,5 milhões na mesma etapa de 2022. Além disso, a queda do dólar e do petróleo sustentam uma maior valorização das ações”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

A moeda americana recuou 0,47% frente ao real, a R$ 4,882 na compra e na venda.

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“O CPI americano desempenha um papel crucial na estimativa do mercado sobre se os aumentos de juros nos Estados Unidos estão completos ou se haverá mais ajustes no futuro. O resultado em conformidade com as projeções favorece o real, que experimentou uma significativa valorização em relação ao dólar na abertura. A moeda norte-americana chegou a desvalorizar 1,18%, atingindo a cotação de R$ 4,846”, expõe Bruno Nascimento, analista de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio..