Ibovespa “ignora” recuperação do exterior e cai 2,5% puxado por queda de 5% da Petrobras

Índice chegou a esboçar uma alta pela manhã, mas passou a cair forte com os papéis das blue chips pesando

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Após abrir esboçando um dia de ganhos, o Ibovespa passou a cair forte durante a tarde desta segunda-feira (10) puxado pela queda de mais de cerca de 5% da Petrobras (PETR3; PETR4) e pelo cenário externo, com os índices dos Estados Unidos abrindo com quedas de até 2%.

No exterior, os índices em Wall Street se recuperaram e viraram para o positivo na reta final do pregão, mas o Ibovespa não seguiu o movimento e fechou com queda de 2,50%, aos 85.914 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 12,313 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, subiu 0,73%, cotado a R$ 3,9187 na venda.

O índice foi pressionado pela Petrobras, que passou a registrar queda de 5% em meio à forte baixa de 3% do petróleo. A commodity tinha registrado fortes ganhos na última sessão com o acordo da Opep para corte de produção, mas voltou a cair em meio à perspectiva de demanda fraca para 2019.

Quanto você precisa para viver de Dividendos?

Participe do treinamento gratuito Manual dos Dividendos e descubra a estratégia simples e poderosa para viver de renda.

Já os juros futuros curtos ficaram próximos da estabilidade enquanto os DIs longos subiram com mercado colhendo o efeito dos dados que mostram quadro favorável na dinâmica para os preços em uma economia sem vigor, o que tem ajustado em baixa as projeções de inflação. 

No relatório Focus, a projeção para IPCA cedeu de 3,89% para 3,71% em 2018 e passou de 4,11% para 4,07% em 2019, enquanto os analistas abrandam expectativa de alta da Selic de 7,75% para 7,50% no próximo ano. O contrato com vencimento em janeiro de 2019 ficou estável a 6,40%, enquanto o com vencimento em janeiro de 2023 tem alta de 8 pontos-base, a 9,21%.

No exterior, as bolsas asiáticas tiveram baixa expressiva nesta segunda-feira, após mais um tombo nos mercados de Nova York na última sessão e na esteira de dados bem mais fracos do que se previa da balança comercial chinesa. 

Continua depois da publicidade

A queda é generalizada com a escalada potencial da guerra comercial após vice-chanceler chinês protestar contra prisão de executiva da Huawei. Vale ressaltar que, no fim de semana, dados oficiais mostraram que a disputa comercial entre EUA e China está prejudicando o comércio do gigante asiático. Em novembro, tanto as exportações quanto as importações chinesas subiram bem menos do que o esperado, com ganhos anuais de 5,4% e 3%, respectivamente.

Também foram divulgados indicadores de inflação da China. A taxa anual de inflação ao consumidor diminuiu de 2,5% em outubro a 2,2% em novembro, enquanto a inflação ao produtor foi de 3,3% a 2,7% na mesma comparação. Porém, a maior queda foi do Nikkei, após a divulgação de números decepcionantes do PIB (Produto Interno Bruto) do Japão.

Por aqui, os olhos se voltam novamente para as reformas econômicas e para as polêmicas do novo governo. Durante entrevista ao programa Canal Livre, da Band, o ministro da Transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que ainda não está decidido se a proposta da reforma da Previdência do novo governo será enviada ao Congresso de maneira fatiada ou integral.

Continua depois da publicidade

Na semana passada, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que as regras da aposentadoria podem ser modificadas aos poucos, sinalizando que a prioridade seria a determinação de uma idade mínima para solicitar o benefício.

Noticiário corporativo

No radar corporativo, o destaque fica com a Eletrobras, após a Justiça derrubar uma liminar que poderia impedir a realização do leilão de privatização da Amazonas Energia, que ficou com a Oliveira Energia, vencedora do leilão desta tarde.

Seja sócio das maiores empresas da bolsa com TAXA ZERO de corretagem! Clique aqui e abra uma conta na Clear! 

Continua depois da publicidade

Ainda no radar, o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) derrubou uma decisão da Justiça Federal que suspendia o acordo para a joint venture entre a Embraer e a Boeing. Segundo o desembargador Luiz Alberto de Souza Ribeiro, “a invasão do Judiciário na autonomia privada das partes causa insegurança jurídica, o que gera, no contexto do caso em análise, reflexos no mercado nacional e internacional”.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 18,40 -7,12 +26,03 110,04M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,92 -5,43 -19,13 18,52M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 23,44 -5,37 +46,83 1,77B
 PETR3 PETROBRAS ON N2 26,47 -4,96 +57,73 317,37M
 BRFS3 BRF SA ON 21,74 -4,65 -40,60 97,39M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Continua depois da publicidade

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 20,88 +2,00 +4,96 81,35M
 CYRE3 CYRELA REALTON 15,00 +1,69 +18,04 108,87M
 HYPE3 HYPERA ON 32,03 +1,52 -6,84 116,65M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,05 +0,75 -4,91 89,46M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,84 +0,29 +2,56 47,01M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 23,44 -5,37 1,77B 2,12B 65.016 
 VALE3 VALE ON 50,20 -2,13 726,57M 1,18B 33.002 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 37,16 -1,93 713,83M 535,64M 28.579 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 34,61 -2,67 525,25M 571,44M 34.932 
 BBAS3 BRASIL ON 42,74 -2,93 394,72M 519,10M 17.883 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 15,89 -1,37 330,06M 307,26M 39.522 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 26,47 -4,96 317,37M 336,80M 18.736 
 ITSA4 ITAUSA PN ED 11,75 -3,05 259,85M 249,90M 26.724 
 KROT3 KROTON ON 9,75 -3,85 208,55M 111,84M 25.702 
 GGBR4 GERDAU PN 15,33 -2,17 197,38M 213,88M 21.410 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Agenda da semana
Na quarta-feira (12) se encerra a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2018, com uma expectativa unânime dos analistas de que a Selic deverá ser mantida em 6,50% ao ano.

Continua depois da publicidade

No cenário atual, após o IPCA desta semana registrar uma deflação maior que a esperada e em um cenário de dados mais fracos de emprego nos EUA, que reduzem as chances de um aperto maior na política do Federal Reserve, o que se vê é um mercado ainda projetando alta da Selic em 2019. Por outro lado, há quem acredite que os juros ficarão estáveis ao longo do próximo ano.

Destaque ainda para a pesquisa mensal do comércio e serviços de outubro que devem dar os primeiros sinais do ritmo da atividade brasileira no último trimestre do ano. Para a equipe da GO Associados, o varejo ampliado deve ter recuo de 1,1% no mês, enquanto os serviços devem cair 0,3%. Os dois, por outro lado, devem ter ganhos no acumulado de 12 meses.

Também na quarta, sai o balanço fiscal do mês passado. A semana traz ainda, na sexta-feira (14), os números das vendas do comércio, da produção industrial de novembro e o PMI de serviços Markit.

Já nos EUA, os investidores ficarão atentos às publicações dos índices de inflação ao produtor, que saem na terça-feira (11), e aos índices de inflação ao consumidor na quarta-feira (12), ambos relativos ao mês de novembro. Na Europa, o destaque fica com a decisão do BCE (Banco Central Europeu), na quinta-feira.

Seja sócio das maiores empresas da bolsa com TAXA ZERO de corretagem! Clique aqui e abra uma conta na Clear! 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.