O Ibovespa fechou praticamente estável, com queda de 0,01%, no último pregão do ano, aos 134.185,24 pontos, deixando de renovar as máximas históricas por apenas 8 pontos (na véspera terminou aos 134.193,72 pontos).
Ao longo da sessão, o Ibovespa atingiu, na máxima, os 134.391,67 pontos (recorde intraday) e, na mínima, os 133.832,26 pontos. O volume financeiro, segundo a Bolsa, somou R$ 17,3 bilhões.
No acumulado deste ano, a Bolsa subiu 22,28% e, em dezembro, 5,38%. Assim, o índice teve a sua melhor performance em quatro anos.
As perdas da sessão de hoje foram puxadas pelas ações da Petrobras (PETR4), com menos 0,32%, e da Vale (VALE3), com menos 0,26%, refletindo a desvalorização, respectivamente, do petróleo e do minério nos mercados internacionais.
Entre as mais negociadas, destacaram-se ainda as quedas de CVC (CVCB3), -12,72%; de Locaweb (LWSA3), -4,6%; de Magazine Luiza (MGLU3), -4%; e de Casas Bahia (BHIA3), -1,9%.
Na ponta positiva, MRV (MRVE3) subiu 1,91%, após anunciar recompra de ações e vendas de subsidiária nos EUA. Além da construtora, Taesa (TAEE11) se destaca entre as altas, com mais 1,64%, em sequência à aprovação de dividendos.
No setor financeiro, os grandes bancos oscilaram, mas fecharam em alta: Itaú (ITUB4), +0,27%; Bradesco (BBDC4), +0,65%; e Banco do Brasil (BBAS3), +0,97%. Já a B3 (B3SA3) caiu 0,21%.
Bolsa: IPCA e Haddad no radar
Nesta abertura, os investidores monitoraram as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que o governo enviará ao Congresso uma proposta de reoneração gradual da folha de pagamento, com uma abordagem setor a setor.
Segundo ele, a tributação não necessariamente voltará ao patamar original de 20%, ficando abaixo desse nível em alguns segmentos.
Enquanto isso, mais cedo, o IBGE divulgou a prévia da inflação de dezembro, com disparada das passagens aéreas.. Assim, o IPCA-15 veio com alta de 0,40%, acima do consenso do mercado, de 0,27%.
Ainda sobre o IPCA-15, o índice de difusão subiu de 54,8% no mês passado para 55,9% neste mês. Além disso, o IGP-M de dezembro acelerou a 0,74%, ante consenso de 0,67%, dos analistas consultados pelo Broadcast.
“O resultado do IPCA-15 acende a luz amarela, ajuda o mercado a realizar um pouco. Mas é apenas um indicador que não é totalmente ruim. A composição não veio tão benigna como estávamos vendo antes. O qualitativo teve uma certa piora, mas o cenário de inflação sob controle não mudou”, avaliou a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese.
“Apesar da surpresa com o IPCA-15, o resultado não preocupa tanto, a não ser que isso vire consenso”, ponderou Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Ele acrescenta que, por ora, a ideia de um quadro controlado de inflação prevalece, como reforçado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ontem, em entrevista, de que os juros seguirão recuando.
Após a divulgação da inflação, porém, os juros futuros abriram em alta e, assim, se mantiveram até o fechamento. Os vencimentos para 2025 subiram 0,044 pp, a 10,040%; para 2027, +0,092 pp, a 9,73%; para 2029, +0,093 pp, a 10,09%; e para 2031, +0,11 pp, a 10,29%.
Dólar
O dólar comercial fechou a sessão com alta de 0,41%, cotado a R$ 4,852 na compra e a R$ 4,853 na venda. Os contratos de dólar futuro avançam 0,67%, aos 4.877 pontos.
No ano, porém, a moeda norte americana acumulou queda de 8%, na maior desvalorização desde 2016, quando recuou 17,5%.
O head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirmou que o dólar acelerou acompanhando o avanço dos juros dos Treasuries após os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA um pouco acima do esperado.
Internamente, Weigt observou que, nestas quarta e quinta (dias 27 e 28), há mais empresas compradoras de dólar para remessas de fim de ano e a briga de bancos em torno da Ptax influenciou, principalmente nas janelas de Ptax.
Assim, comprados puxaram o dólar a fim de melhorar o desempenho de suas posições cambiais em dólar spot e papel moeda (Bank notes) e empresas também usam a Ptax para ajustar seus balanços corporativos de fim de ano, comenta.
Para ele, a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não teve grande influencia na formação da taxa de câmbio.
Nesse sentido, a expectativa é de que as medidas anunciadas nesta quinta por Haddad não consigam melhorar o resultado primário projetado, mas sim vão repor a perda da arrecadação estimada com a extensão da desoneração da folha pelo Congresso.
“Toda a curva de juros futuros subiu hoje, junto com os Treasuries e se ajustando à inflação interna mais alta do que o esperado pelo mercado”, acrescentou Weigt, referindo-se ao IGP-M e IPCA-15 de dezembro.
Wall Street
Ao contrário do Brasil, que encerra suas negociações no mercado de ações hoje, em NY, as bolsas ainda abrem amanhã (29).
Na sessão desta quinta-feira (28), os principais índices americanos oscilaram, também em sessão esvaziada, com S&P 500 a um passo de quebrar seu recorde histórico de fechamento, aos 4.796 pontos.
O Nasdaq, de alta tecnologia, também está a caminho de registrar seu melhor ano desde 1999, impulsionado pelo boom da inteligência artificial.
Ao final do pregão, porém, o Nasdaq recuou 0,04%, o Dow Jones subiu 0,17%; o S&P500 ganhou 0,06%.
De toda forma, os três principais índices de Wall Street caminham para ganhos mensais, trimestrais e anuais. Por trás do desempenho, estão os sinais de desaceleração da atividade econômica, o que deve levar o Fed a cortar os juros.
Investidores precificavam uma probabilidade de cerca de 87% de uma redução de pelo menos 25 pontos-base na taxa básica de juros do Fed em sua reunião de política monetária de março, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
(Rodrigo Petry, com Reuters e Estadão Conteúdo)