Ibovespa Futuro sobe seguindo exterior e decisão favorável do STF; DIs caem

Mercado tem um dia de alta puxado pela melhora no exterior e por decisão favorável à Petrobras

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro sobe nesta sexta-feira (7) seguindo o desempenho positivo das bolsas internacionais diante de expectativas de que haja um acordo entre Estados Unidos e México no problema das tarifas.

Por aqui, os investidores seguem animados pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir que subsidiárias de estatais sejam privatizadas sem necessidade de aval do Congresso ou licitação. Será necessário apenas um processo de concorrência que siga os princípios constitucionais que regem a iniciativa pública da moralidade e da impessoalidade. 

Às 9h08 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para junho subia 0,64% a 97.525 pontos, enquanto o dólar futuro para julho tinha leve baixa 0,03% R$ 3,8855. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 cai cinco pontos-base a 6,34%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recua quatro pontos-base a 7,25%. 

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Com a decisão de ontem, o ministro Edson Fachin decidiu liberar a venda pela Petrobras de 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG), por US$ 8,6 bilhões. O negócio havia sido suspenso pelo próprio Fachin por meio de liminar, derrubada agora, após novo entendimento da corte sobre a alienação de ativos de empresas públicas.

No exterior, as bolsas operam de forma positiva, em meio à evolução positiva das negociações entre os Estados Unidos e México, enquanto os investidores digeriram comentários recentes dos principais chefes dos bancos centrais e ficam à espera dos resultados do payroll, às 9h30.

IPCA

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou maio com alta de 0,13%, ante um avanço de 0,57% em abril, informou nesta sexta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o IBGE, foi o menor resultado para o mês desde 2006.

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O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que era de uma desaceleração para 0,2%. 

Na comparação anual, a alta da inflação foi de 4,66%, as estimativas eram de 4,73%, ante 4,94% em maio.  

Noticiário corporativo

Entre as notícias corporativas o destaque fica com a decisão do STF de que apenas as chamadas “empresa-mãe” possam ser vendidas pelo governo sem passar pelo aval legislativo. Na prática, o STF sinaliza positivamente ao plano de venda de ativos da Petrobrás, que espera colocar em seu caixa US$ 26,9 bilhões por meio da venda de ativos. Já uma eventual decisão de venda da empresa petrolífera, por exemplo, precisaria passar pelo Congresso.

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A Petrobras conta 36 subsidiárias, como a Transpetro e a BR Distribuidora, mas, segundo o Ministério da Economia, existem 134 empresas estatais, das quais 88 são subsidiárias. Dessa forma, Fachin revogou a liminar que travou a venda da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobrás para o grupo francês Engie, um negócio de US$ 8,6 bilhões.

A Aliansce e a Sonae Sierra Brasil anunciaram ontem que fecharam um acordo para fusão entre as duas empresas. A união resultará na maior empresa do país em número de shopping centers, com o nome de Aliansce Sonae Shopping Centers S/A. A nova companhia terá um portfólio de 40 shoppings, sendo 29 próprios e outros 11 administrados, sendo o segundo maior do setor de shopping centers no Brasil em Área Bruta Locável (ABL), com total administrado de aproximadamente 1,4 milhão de m² e cerca de 7 mil lojas.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou que avançou em discussões com o governo do Estado de São Paulo, com o objetivo de viabilizar a construção de uma nova unidade de galvanização de aço, com investimentos estimados de R$ 1,5 bilhão. A empresa ressalta que a realização desses investimentos está sujeita a condições adequadas de financiamento e às aprovações societárias.

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Bolsonaro na Argentina

O Estadão destaca que os governos de Mauricio Macri e Jair Bolsonaro discutiram ontem a criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina, que se chamaria “peso real”. A moeda seria resultado natural da intensificação do processo de integração de dois países que adotam políticas econômicas semelhantes.

Desde o início do Mercosul, no início dos anos 90, existe a intenção de se criar uma moeda única. No entanto, choques econômicos, como a desvalorização do real, em 1999, impediram a concretização do plano. A discrepância entre as inflações de Brasil e Argentina, porém, seria um grande desafio.

A questão da moeda comum foi apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, aos argentinos, e, de acordo com ele, a ideia foi bem recebida. “A reação dos empresários argentinos foi de que isso deve ser feito logo”, afirmou.

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Sobre a iniciativa de moeda única, o Banco Central do Brasil (BCB) afirmou que não tem projetos ou estudos sobre o assunto. Guedes, por sua vez, informou que o BCB não tem projeto em relação ao tema por que a “ideia” era dele.

A divulgação da informação de que Bolsonaro estava disposto a fazer parte de uma união monetária seria uma ferramenta para impulsionar a popularidade de Macri, que tenta a reeleição neste ano e teve sua imagem golpeada pela recente crise no País vizinho.

Ontem, o presidente brasileiro quebrou protocolos diplomáticos e anunciou apoio à reeleição de Macri. Mesmo não citando nomes, Bolsonaro afirmou que “pedia a Deus” que iluminasse os argentinos para que “votassem com a razão e não com a emoção” nas próximas eleições.

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Ainda sobre as relações Brasil-Argentina, Guedes afirmou que os países estão unindo esforços para se tornarem “a maior potência agroindustrial do mundo”, mencionando um “choque de energia barata”, com produção de petróleo e gás nas reservas do pré-Sal, no Brasil, e de Vaca Muerta, na Argentina.

O ministro também comentou brevemente sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, dizendo que “estamos a três semanas de fazer algo que não se fez em 30 anos”.

Noticiário político

Durante transmissão ontem à noite no Facebook, Bolsonaro disse ser necessário “fazer um casamento de meio ambiente e progresso”. Acompanhado dos ministros Paulo Guedes, Tereza Cristina (Agricultura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), o presidente afirmou que Roraima, Acre e Amapá estão “quase inviabilizados” em razão de demarcações de reservas indígenas e quilombolas. Albuquerque disse esperar que a licença para instalação do linhão do Tucuruí, em Roraima, saia no fim de julho e as obras comecem em agosto.

Em relação à reforma da Previdência, governadores divulgaram ontem duas cartas com apelo ao Congresso para que Estados e municípios sejam mantidos na proposta, em tramitação na Câmara. Uma das cartas, divulgada pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), coordenador nacional do Fórum de Governadores, apresentou a assinatura de 25 governadores, mas mandatários do Nordeste negaram, por meio de suas assessorias, terem ratificado o documento. Horas depois, eles divulgaram outra carta assinada apenas por eles.

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O Senado pode votar nos próximos dias medida que propõe restringir a atuação de ministros do STF, diz o Estadão. Um projeto que está pronto para análise no plenário da Casa proíbe as chamadas decisões monocráticas – tomadas individualmente – em ações que questionam leis aprovadas no Congresso e atos do Executivo. O texto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ganhou caráter de urgência, o que garante uma tramitação acelerada.

Ontem, a 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília aceitou denúncia por corrupção apresentada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Marcelo Odebrecht e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo de Souza. Lula e Palocci são acusados de terem acertado o recebimento, entre 2009 e 2010, de US$ 40 milhões (R$ 64 milhões em valores da época) em troca do aumento do limite da linha de crédito para exportação de bens e serviços entre Brasil e Angola, em benefício da Construtora Odebrecht.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.