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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre entre perdas e ganhos nesta segunda-feira (17) com o mercado voltando sem força do fim de semana, à espera de novidades na tramitação da reforma da Previdência. Os investidores reagem pouco à demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, que foi defendido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Às 9h05 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para agosto tinha leves ganhos de 0,01% a 98.655 pontos, enquanto o dólar futuro para julho avança 0,14% a R$ 3,905.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 tem alta de um ponto-base a 6,00%, ao mesmo tempo em que o DI para janeiro de 2023 registra ganhos de quatro pontos-base a 6,96%.
No exterior, preocupa o desenrolar da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com uma possibilidade cada vez maior de que o presidente Donald Trump eleve para 25% as tarifas sobre mais US$ 300 bilhões em produtos chineses.
Entre os indicadores, o Relatório Focus mostrou pela primeira vez no ano que os economistas esperam um crescimento menor que 1% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. De 1% na semana passada, a mediana das projeções colhidas pelo Banco Central recuou para 0,93% agora.
Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os economistas esperam um aumento de 3,83%, contra 3,85% na semana anterior. A taxa de câmbio se manteve em R$ 3,80.
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A grande mudança, contudo, foi nas projeções para a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que foi revisada de 6,5% (patamar atual) para 5,75%, refletindo as apostas embutidas nos juros futuros de queda da taxa.
BNDES e Previdência
O destaque no final de semana foi o pedido de demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, após ter sido alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro no sábado, em função da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento. No sábado, Bolsonaro afirmou: “Levy, demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Guedes (ministro da Economia)”.
Barbosa Pinto trabalhou como assessor do BNDES durante o governo PT, de 2005 a 2007, o que irritou Bolsonaro. Ele foi chefe ainda de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES (2006-2007). Fiocca era considerado, no governo federal, um homem de confiança de Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O próprio Levy foi ministro da Fazenda de Dilma entre 1º de janeiro e 18 de dezembro de 2015, primeiro ano do segundo mandato da petista.
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Em entrevista ao portal G1, Paulo Guedes disse entender a “angústia’ de Bolsonaro com a situação. “Eu entendo a angústia do presidente. É algo natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT”, disse o ministro da Fazenda.
Uma das promessas de campanha de Bolsonaro era abrir a “caixa-preta” do BNDES em relação a empréstimos polêmicos, como os feitos para Cuba e Venezuela. “Ninguém fala em abrir a caixa-preta e ainda nomeia um petista”, disse Guedes.
Em nota, Levy declarou que sua expectativa é que o ministro da Economia aceite sua demissão. No comunicado, ele deseja a Guedes “sucesso nas reformas”.
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Entre os cotados para assumir o cargo, segundo o Estadão/Broadcast, estão Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central que assumiu a presidência do conselho do BNDES neste ano, e Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia. Também estão no páreo Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do banco, e Solange Vieira, funcionária de carreira do BNDES e atual presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A forma como Levy foi demitido gerou diversas reações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se disse “perplexo” pela forma como Levy foi demitido. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele afirmou que a impressão no Congresso é a de que a equipe econômica continua participando da “usina de crises”. Segundo Maia, Levy era um quadro de qualidade que tinha a acrescentar para garantir as reformas.
A Folha pontua que a demissão foi vista com preocupação pela indústria, gerando expectativas em relação ao seu sucessor e temor de interferência política. Já o Estadão ressalta que a demissão foi mal vista no mercado financeiro, com críticas de pesos pesados do setor, que viram como desnecessária a postura, que pode afastar a atração de bons nomes para compor o governo.
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O UOL, por sua vez, diz que a CPI do BNDES quer explicações de Levy e que uma convocação será apresentada hoje pelo Podemos, para que o economista fale sobre a chamada “caixa preta” dos empréstimos internacionais.
Bolsonaro e Governo
O presidente da República, Jair Bolsonaro, usou as redes sociais ontem para dizer que o governo estuda reduzir o imposto para produtos de tecnologia. Segundo ele, a intenção é fomentar competitividade e inovação. Bolsonaro afirmou que o imposto poderia cair de 16% para 4%, “para estimular a competitividade e inovação tecnológica”. A intenção é reduzir os impostos sobre importação de produtos de tecnologia da informação, como computadores e celulares.
No sábado, Bolsonaro disse, ao ser questionado sobre a reforma da Previdência, que a “a bola está com o parlamento”. “Na nossa bancada, PSL, a gente orienta de uma forma. Se perder no voto, paciência. Vamos respeitar”, disse ele neste sábado, 15, ao deixar o Palácio da Alvorada.
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Questionado sobre as declarações por vezes polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele disse que isso “é natural”. “Em casa a gente briga as vezes, com filhos”, disse. No entanto, elogiou o ministro. “Ninguém duvida da capacidade do Paulo Guedes”, afirmou.
Bolsonaro afirmou ainda no final de semana, após novos diálogos vazados publicados pelo site The Intecept, que “não existe 100% de confiança” sobre Moro. O presidente, entretanto, defendeu o legado de Moro no combate à corrupção. Na sexta à noite, o site informou que, em supostas conversas, Moro sugeriu aos procuradores uma ação para rebater a defesa do ex-presidente Lula por um “showzinho” da defesa do ex-presidente.
A Folha destaca que Bolsonaro intensifica “fritura” de aliados às vésperas da ida de Moro ao Senado federal para dar explicações sobre os vazamento de conversas com membros da força-tarefa da Lava Jato, como forma de evitar a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.
O jornal destaca que o clima de “fritura” iniciou com a demissão do ministro da secretaria de governo, general Santos Cruz, se seguindo a de Levy, do BNDES. Tudo isso, em meio às insatisfações de Guedes, com o texto do relator da reforma da Previdência.
Noticiário corporativo
A Petrobras fez em Sergipe sua maior descoberta desde o pré-sal, em 2006. De seis campos, espera extrair 20 milhões de m³ por dia de gás natural, o equivalente a um terço da produção total brasileira. Divulgada no mês passado, a descoberta deve gerar R$ 7 bilhões de receita anual à estatal e sócias, calcula a consultoria Gas Energy, cita o Estadão. Na avaliação do governo, a conquista pode ajudar a tirar do papel o esperado “choque de energia barata” prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes e “reindustrializar” o País.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) elevou de R$ 100 mil para R$ 200 mil a multa diária para a Vale por conta das atividades na mina de Onça Puma, no Pará. Desde março, a desobediência da Vale já rendeu R$ 19,5 milhões em multas. Peritos apuraram que setores de metalurgia e beneficiamento estavam em pleno funcionamento. Segundo o MPF, as atividades cercaram por todos os lados três aldeias indígenas na região do Cateté, no sudeste do Pará. No total, são 14 empreendimentos extraindo cobre, níquel e outros minérios.
Segundo o jornal Valor Econômico, a ODB, holding do grupo Odebrecht, deverá formalizar hoje o seu pedido de recuperação judicial, com dívidas de R$ 80 bilhões. Se confirmada, será a maior recuperação judicial já homologada no Brasil, à frente da requerida pela Oi, de R$ 64 bilhões. Do total das dívidas, mais de R$ 50 bilhões são financeiras, detidas ou garantidas pelas holdings e subholdings. Os seis maiores bancos estão os maiores credores, além de detentores de bônus emitidos fora do País.