Ibovespa Futuro cai mais de 1% e perde os 100 mil pontos com exterior e derrota do governo no Senado; dólar futuro vai a R$ 5,62

Mercado começa o dia em clima de grande tensão após mensagem pessimista do Fed nos EUA e com derrubada de veto no Senado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro inicia a quinta-feira (20) em queda, com investidores no exterior receosos com o tom mais pessimista adotado pelo Federal Reserve (Fed, o bc americano) sobre a recuperação da economia dos Estados Unidos, enquanto no Brasil a preocupação é com a derrubada, pelo Senado Federal, do veto presidencial que impedia reajustes de salários dos servidores públicos até o final do ano que vem.

Após a definição no Senado, agora a equipe econômica trabalha para reverter essa medida na Câmara dos Deputados. A decisão será analisada na Câmara hoje, a partir das 15h, e o líder do governo confia em manutenção do veto.

Às 09h08 (horário de Brasília) o contrato futuro do Ibovespa para outubro tinha queda de 1,37%, aos 99.395 pontos.

Enquanto isso, o dólar futuro para setembro tinha alta de 1,09%, a R$ 5,620.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe nove pontos-base, a 2,89%, o DI para janeiro de 2023 avança 14 pontos, a 4,19% e o DI para janeiro de 2025 tem ganhos de 20 pontos-base, para 6,11%.

No exterior, os índices futuros registram queda diante do tom pessimista do Fed. Na terça-feira, o bc americano divulgou a ata de sua última reunião e mostrou que a recuperação da crise causada pela pandemia da Covid-19 é “altamente incerta”.

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“Ainda há uma grande incerteza em torno da trajetória do coronavírus e o que isso pode significar para o crescimento econômico”, disse, à Bloomberg, Jim McDonald, estrategista-chefe da Northern Trust.

Com essa sinalização de recuperação mais difícil, cresce a expectativa para que democratas e republicanos cheguem a um acordo sobre um novo pacote de estímulo a economia.

E os conflitos geopolíticos são outra fonte de preocupação. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, alertou que Rússia e China não violem às sanções impostas ao Irã.

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Soma-se ao cenário de maior aversão ao risco o avanço do novo coronavírus em várias partes do mundo, em particular na Coreia do Sul, e a decisão do Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) decidir manter inalteradas suas taxas de juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos pelo quarto mês seguido, em 3,85% e 4,65%, respectivamente.

Agenda

No Brasil, a agenda de indicadores tem como destaque os dados de arrecadação de julho. A arrecadação de impostos no mês de julho deve ter alcançado R$ 112 bilhões, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, acima dos R$ 86,3 bilhões registrados na medição anterior, mas ainda abaixo dos R$ 137,7 bilhões registrados em julho de 2019. A Receita Federal divulga o indicador às 14h30 em seu website e comenta o desempenho em coletiva de imprensa virtual às 15h.

Os dados sobre pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos serão divulgados às 9h30 (horário de Brasília), com a estimativa de 920 mil pedidos ante dado anterior de 963 mil. No mesmo horário, o Fed da Filadélfia divulga seu índice de atividade industrial.

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Às 14h, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, faz pronunciamento.

Reajuste de servidores

O Senado Federal derrubou o veto presidencial que congelava os salários dos servidores públicos até o final de 2021. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta negociar com a Câmara para que o veto seja mantido.

Por meio da assessoria de imprensa, o ministério da Economia afirmou que está preocupado com a possível derrubada do veto e com as possíveis consequências para as contas públicas, em especial de estados e municípios.

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Segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, sem o veto, as despesas da União, estados e municípios poderão aumentar R$ 98 bilhões.

O veto foi negociado ainda no primeiro semestre com o Congresso. O governo garantiria um pacote de R$ 120 bilhões de socorro financeiro a estados e municípios em troca do congelamento dos salários. No entanto, o então líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), aproveitou apoio do presidente Jair Bolsonaro para negociar uma brecha para garantir reajuste para algumas categorias.

Essa brecha, no entanto, foi vetada por Bolsonaro após intervenção de Guedes.

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Auxílio emergencial 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou nesta quarta-feira a extensão do auxílio emergencial, mas a um valor menor do que os R$ 600 atualmente pagos. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, disse que havia uma confiança mútua entre ambos.

Segundo a agência Reuters, o governo estuda uma medida provisória (MP) que manteria o auxílio para além de agosto, mas em um valor menor. Se o atual decreto for prorrogado, o benefício não pode sofrer alteração de valor.

Na quarta-feira, Bolsonaro afirmou que estava em busca de um novo valor pelo auxílio, sinalizando que R$ 200, valor defendido pelo governo no início da pandemia do coronavírus, seriam insuficientes, mas que a manutenção em R$ 600 era inviável.

Radar corporativo

Questionada pela CVM, a Sabesp divulgou um fato relevante para explicar o plano de capitalização da empresa anunciado pelo governador de São Paulo, João Doria. A companhia alegou que não tomou conhecimento sobre o plano de reorganização societária.

Segundo o fato relevante, a companhia buscou maiores informações com o seu controlador, o estado de São Paulo, e foi informada que não há decisão sobre um processo de capitalização porque o grupo de trabalho do Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização, instituído em 24/04/2019, não concluiu suas atividades.

E o fundo de investimentos de Abu Dabhi Mubadala está propondo injetar capital na produtora de etanol Atvos, mas apenas se os credores aceitarem menores pagamentos em uma reestruturação da dívida, segundo a agência Reuters.

A Atvos tem uma dívida em torno de R$ 15 bilhões. Nessa semana, a empresa teve o seu plano de reestruturação confirmado por um juiz do Estado de São Paulo, evitando a falência da empresa.

A companhia, antes conhecida como Odebrecht Agroindustrial, comprometeu-se a reduzir pela metade o nível de endividamento. A Atvos só começará a pagar credores em 2022, conseguindo fôlego para sobreviver, de acordo com o plano.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.