Ibovespa Futuro cai após forte alta na sessão anterior em dia de feriado nos EUA e com política e Opep+ no radar

Preocupações sobre a variante delta e atuação da China com relação a techs movimentam o noticiário internacional

Equipe InfoMoney

(Getty Images)
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Após a forte alta de 1,56% do índice à vista na sessão da última sexta-feira (2), a segunda-feira (5) começa com cautela para o mercado brasileiro, com os investidores à espera da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, chamada de Opep+, além de acompanhar o noticiário político movimentado.

Às 9h11 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em agosto registrava baixa de 0,48%, a 127.805 pontos. O dólar comercial registrava leve alta de 0,06%, a R$ 5,054 na compra e R$ 5,055 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em agosto subia 0,13%, a 5,0785.

As bolsas americanas estão fechadas nesta segunda por conta do feriado do Dia da Independência, em semana mais curta também para a B3 por conta do feriado de sexta-feira em São Paulo. Nos próximos dias, haverá a divulgação de indicadores econômicas importantes na esfera doméstica e internacional, com destaque à ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc) na quarta-feira.

No Brasil, esta semana traz vendas no varejo de maio e inflação do IPCA de junho. Além disso, os mercados acompanharão de perto as discussões sobre a reforma do imposto de renda no Congresso. No noticiário político, por aqui, novas suspeitas sobre a compra de vacinas ganham destaque: documentos do Ministério da Saúde obtidos pelo Estadão revelaram no fim de semana que o governo teria fechado contrato para a compra do imunizante indiano Covaxin por um valor 50% mais alto – US$ 15 –  do que o valor inicial da oferta, de US$ 10.

No radar econômico nacional, foi divulgado nesta manhã o Boletim Focus do Banco Central, com as projeções de analistas em relação a indicadores importantes como inflação, PIB e juros. Os economistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez suas expectativas de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, revelou o Relatório Focus do Banco Central. Desta vez, a revisão foi de um avanço de 5,05% para 5,18% no ritmo da atividade econômica do país. Já para 2022, as expectativas oscilaram para baixo, de 2,11% para 2,10%.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as projeções aumentaram de 5,97% para 6,07% de expansão em 2021. Para 2022, as previsões oscilaram negativamente, de 3,78% para 3,77% de aumento no medidor oficial de inflação do Brasil. As estimativas dos economistas para o dólar ao final do ano, por sua vez, caíram de R$ 5,10 para R$ 5,04 para 2021 e se mantiveram em R$ 5,20 para 2022. Por fim, a mediana das expectativas para a taxa básica de juros, Selic, manteve-se em 6,50% ao ano para 2021 e subiu para 6,75% ao ano para 2022, ante previsão anterior de 6,5%.

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No mercado de juros futuros, os principais contratos têm leve alta: DI para janeiro de 2022 sobe 1 pontos-base, a 5,67%, assim como o DI para janeiro de 2023, a 7,06%, DI para janeiro de 2025 sobe 3 pontos-base, a 8,16% e DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de 3 pontos-base a 8,62%.

Cerco na China e variante delta no radar dos investidores

Na Ásia, as bolsas tiveram desempenhos variados entre si na sessão. As ações de empresas chinesas listadas em Hong Kong tiveram quedas. Reguladores chineses afirmaram que a empresa de caronas pagas Didi, apoiada pelo SoftBank, coletou dados pessoais dos usuários, e determinou que lojas de aplicativos oferecessem seu programa, poucos dias após ter sido listada na Bolsa de Nova York.

O caso tem levantado temores sobre mudanças regulatórias na China. No domingo, a Didi informou que o aplicativo não poderá mais ser baixado na China, mas pessoas que já o tinham baixado e instalado poderão continuar a usá-lo. As ações da Tencent caíram 3,57%, enquanto que as da Alibaba recuaram 2,83%, e as da Meituan, 5,59%. O índice Hang Seng, de Hong Kong, fechou com queda de 0,59%; na China continental, a bolsa de Shanghai subiu 0,44%; no Japão, o Nikkei caiu 0,64%; e na Coreia do Sul o Kospi subiu 0,35%.

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A pesquisa privada Caixin/Markit sobre a atividade do setor de serviços na China em junho mostrou que o crescimento se desacelerou ao menor ritmo em 14 meses. O indicador marcou 50,3 pontos em junho, frente a 55,1 em maio. Qualquer patamar acima de 50 indica expansão; abaixo, retração.

Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, chamado de Opep+, não foi capaz de chegar a um acordo sobre sua política de produção. O grupo se encontra novamente nesta segunda-feira.

Até o momento, todos os membros, excluindo os Emirados Árabes Unidos, concordaram em reduzir o nível dos cortes de produção, e estendê-los até o final do ano que vem, segundo informações da agência internacional de notícias Reuters.

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As bolsas europeias registram desempenhos variados entre si nesta segunda-feira. As preocupações com a variante Delta da Covid-19 mantêm os investidores preocupados nesta segunda-feira, compensando o sentimento positivo devido à melhora da atividade empresarial da zona do euro e um relatório bem recebido de emprego nos Estados Unidos na sexta-feira.

No radar econômico, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu de 57,1 em maio para 59,5 em junho, atingindo o maior patamar desde junho de 2006, segundo pesquisa final divulgada nesta segunda-feira pela IHS Markit. O avanço acima de 50 mostra que a atividade no bloco se expandiu em ritmo mais forte no último mês. O número final também ficou acima da leitura prévia de junho e da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 59,2. No mesmo período, o PMI de serviços da zona do euro aumentou de 55,2 para 58,3, também superando a estimativa preliminar, de 58.

Covid e CPI

No domingo (4), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.562, queda de 24% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 776 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

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A média móvel de novos casos em sete dias foi de 49.881, queda de 32% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 25.794 casos.

Chegou a 76.377.088 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 36,07% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 27.077.167 pessoas, ou 12,79% da população.

O fim de semana teve novas manifestações no sábado em diversas cidades do país para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro e cobrar mais vacinas, em uma terceira onda de protestos que ganhou força após denúncias de irregularidades na compra de imunizantes contra a Covid-19.

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Na noite de sexta (2), a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar suposto crime de prevaricação pelo presidente Jair Bolsonaro no caso envolvendo suspeitas de irregularidades nas negociações para a compra da Covaxin, vacina indiana contra Covid-19 desenvolvida pela Bharat Biotech e vendida no Brasil com intermédio da Precisa Medicamentos.

Na petição, Weber fixou prazo de 90 dias para o cumprimento das investigações. A ministra atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), cuja solicitação decorreu de notícia-crime enviada ao Supremo por senadores de oposição.

De acordo com os parlamentares, o presidente da República não tomou providências após ser alertado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e pelo irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, sobre supostas irregularidades nas tratativas para compra de doses da vacina. Em depoimento à CPI, os irmãos afirmaram que alertaram Bolsonaro, que teria mencionado o suposto envolvimento do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), no caso, e afirmado que iria alertar a Polícia Federal, o que não ocorreu.

O valor contratado pelo imunizante foi 1.000% superior àquele informado pela Bharat seis meses antes de fechar negócio. O acordo de compra foi fechado sem que a vacina tivesse aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou tivesse passado por testes de fase 3, e é o mais alto por unidade de imunizante, de US$ 15. Documentos do Ministério da Saúde, aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, mostram que o preço aumentou no meio das negociações, de US$ 10 para US$ 15, que passaram a ser investigadas após suspeitas de corrupção.

Mais cedo na sexta-feira, a ministra do STF havia rejeitado pedido da PGR para aguardar o fim da CPI da Covid antes de decidir sobre o pedido apresentado por senadores de oposição. O governo nega irregularidades e disse que o presidente remeteu o caso para análise do então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que nada encontrou.

O Ministério da Saúde, no entanto, suspendeu o contrato da Covaxin por sugestão da Controladoria-Geral da União (CGU), que abriu uma investigação própria sobre o caso. A Precisa Medicamentos nega irregularidades.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse na sexta-feira que apresentou mandado de segurança ao STF para que a CPI da Covid no Senado mantenha o seu depoimento na data de 8 de julho, como estava previsto. Ele alega que está sendo impedido de se defender de denúncias relacionadas a vacinas.

Barros foi citado em depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e também em denúncias publicadas na imprensa sobre supostas irregularidades na aquisição de vacinas contra a Covid-19. Ele iria depor à CPI na quinta-feira, mas recebeu ofício do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), comunicando o adiamento e informando que uma nova data seria informada.

“Alego que estou sendo impedido de exercer minha ampla defesa por abuso de poder da CPI que ataca minha honra indevidamente”, disse o deputado em publicação no Twitter.

Além disso, no domingo, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu o teor de mensagens encontradas no telefone celular do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti. Ele falou à CPI da Covid na última quinta-feira (1º), e afirmou que recebeu pedido de propina de quadros do governo em supostas negociações paralelas pela venda de vacinas da Astrazeneca, por meio da Davati Medical Supply. A Astrazeneca vem afirmando que não possui um intermediário no Brasil.

Depois de sua fala, Dominguetti teve seu celular apreendido pela comissão. Na troca de mensagens obtida pelo Fantástico, Dominguetti negocia comissão de US$ 0,25 por vacina. Em uma mensagem enviada em 10 de fevereiro a um contato identificado como Guilherme Filho Odilon o policial militar afirma:

“Estamos negociando algumas vacinas em números superior a 3 milhões de doses. Neste caso a comissão fica em 0,25 centavos de dólar por dose (…) O que estamos fazendo é pegar o volume da comissão e dividimos de forma igual a todos os envolvidos, claro que proporcionalmente aos grupos. Sendo três pessoas, eu, você e seu parceiro não teria objeções em avançar neste sentido.”

Também no domingo, a Polícia Federal informou ao STF ter encontrado “indícios suficientes” de que o senador Renan Calheiros (MDB-AL), atual relator da CPI da Covid, recebeu uma propina de R$ 1 milhão do Grupo Odebrecht para favorecer uma empresa em 2012 como contrapartida para a edição de uma resolução do Senado na chamada Guerra dos Portos. A PF decidiu indiciá-lo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Tido pelo presidente Jair Bolsonaro como um dos principais adversários na CPI, Renan Calheiros chamou de “retaliação” a decisão da PF e disse que a corporação não tem competência para fazer indiciamentos. Calheiros disse que a PF não tem competência para indiciar senador, mas somente o STF. Segundo ele, a investigação estava aberta desde março de 2017 e, como não haviam encontrado prova alguma, pediram prorrogação.

Créditos fiscais, crise hídrica e escolhas do presidente

Segundo reportagem de capa do jornal Valor Econômico desta segunda, a disputa entre contribuintes e a União sobre a exclusão do ICMS do cálculo do PIS e da Cofins poderá render até R$ 358 bilhões às empresas em créditos fiscais, usados para pagar tributos federais. De acordo com estudo do Instituto Braisleiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a maior parte dos recursos, R$ 264,6 bilhões, ainda não foi usada.

A discussão perdura há 20 anos no Judiciário, e foi finalizada em maio pelo STF. A decisão reduziu o valor a pagar de PIS e Cofins, e gerou acúmulo de créditos fiscais recolhidos a mais pelas empresas no passado. A União passará a sentir o impacto neste ano. Segundo o estudo, devem ser usados R$ 56,05 bilhões de créditos fiscais em 2021, e outros R$ 69,66 bilhões em 2022.

Além disso, em seu boletim de sexta, o Operador Nacional do Sistema (ONS) afirmou que a carga de energia do Brasil deverá avançar 4% em julho frente ao mesmo mês do ano passado. O ONS reduziu a previsão apresentada na semana passada, que era de avanço de 4,7%.

Todas as regiões apresentaram redução da carga prevista. No Norte, onde haverá crescimento mais intenso na carga de energia, a previsão é de alta de 7,6%, ante 7,9% anteriormente. No Nordeste, é estimada elevação de 6,9% (ante 7,1%). Já no Sul a alta projetada agora é de 3,4% (contra 3,5% antes) e no Sudeste/Centro Oeste o avanço é de 2,9% (contra 4% antes).
O ONS apontou ainda que o quadro de chuvas escassas na região das hidrelétricas do país deve seguir em vigor, com as precipitações na área das usinas do Sudeste e Centro-Oeste – que concentra os maiores reservatórios – estimadas em 62% da média histórica para julho, leve queda ante previsão anterior de 63%.
O governo tem adotado diversas medidas para garantir o abastecimento de energia do Brasil, diante de uma grave crise hídrica nos reservatórios das hidrelétricas do país, principais responsáveis pela geração elétrica.

Em um relatório divulgado na sexta, analistas da XP Investimentos avaliaram, no entanto, que o país vive hoje um cenário diferente daquele do apagão do início dos anos 2000. Com uma matriz energética mais diversificada e um sistema de transmissão mais robusto, o risco de racionamento de energia nos próximos 12 meses é de apenas 3%, avalia o relatório. Até o momento, o governo vem descartando hipóteses de racionamento.

Ainda no radar, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, pressionada a implementar demandas eleitorais de Jair Bolsonaro, a equipe econômica de Paulo Guedes quer que o presidente da República faça escolhas e deixe claro quais serão as medidas prioritárias para o próximo ano, uma vez que não há espaço suficiente no Orçamento e nem todos os pedidos poderão ser atendidos.

Até o momento, Bolsonaro já apresentou exigências de ampliação do Bolsa Família e liberação de verba para obras públicas. Aliados afirmam que ele também deseja reajustar os salários de servidores públicos no ano que vem. Além disso, quer uma reserva de recursos para eventual implementação do voto impresso.

Radar corporativo

O Banco BMG anunciou na  sexta-feira compra de participação na Araújo Fontes Consultoria e Negócios Imobiliários e na AF Invest Administração de Recursos, para oferta de produtos e serviços no segmento de atacado e atuar com gestão de recursos. A compra vai se dar por meio de aquisição de 50% de uma nova empresa a ser criada. O valor do negócio é de cerca de R$ 150 milhões, afirmou o banco em fato relevante.

Já a Tegma informou que contratou assessor jurídico e que vai escolher um banco para auxiliar a empresa a avaliar a proposta de aquisição da empresa apresentada pela JSL. As ações da Tegma encerraram esta sexta-feira com salto de 12,9%; os papéis da JSL avançaram quase 6%.

A mineradora Vale informou na sexta que está comissionando as atividades no carregador de navios 6 (CN6), no Terminal Marítimo Ponta da Madeira, em São Luís, após cinco meses de parada para manutenção. Segundo a Vale, a manutenção do CN6, que resultou na substituição de mais de 60% de seus componentes, não impactou o cronograma mensal de embarque de minério de ferro do terminal. Em 14 de janeiro de 2021, ocorreu um incêndio no CN6 localizado no berço Sul do Píer IV, incidente que foi seguido das atividades de manutenção.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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