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Ibovespa fecha em queda de 1,60%, com pressão de juros nos EUA e tensão no Oriente Médio; dólar sobe 0,38%

Tensões no Oriente Médio ainda assustam mercados e fazem rendimentos dos Treasuries avançarem, afetando mercado doméstico

Camille Bocanegra

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O Ibovespa fechou com queda de 1,60% nesta quarta-feira (18), aos 114.059,64 pontos, e chegou a perder os 114 mil pontos durante a parte final da sessão. O índice recuou acompanhando a movimentação baixista de fora.

A escalada dos conflitos entre Israel e o Hamas, mais aquecidos após ataque a um hospital na Faixa de Gaza que deixou mais de 600 mortos, deram o tom do mercado no exterior. A presença de Joe Biden e as manifestações de apoio a Israel se somaram aos avanços dos Treasury yields e levaram os índices de NY para queda. Mesmo os balanços trimestrais de empresas listadas de NY, com divulgações de resultados acima do esperado  não conseguiram manter os índices no positivo.

Na sessão, o petróleo encerrou o dia em alta, mantendo o patamar elevado atingido na semana passada.

“A escalada de tensão no Oriente Médio impulsiona preços do petróleo, que se torna fator adicional de pressão para política monetária mundo afora, com ênfase nos EUA”, comenta Ricardo Schweitzer, analista independente.

Com noticiário apresentando aumento das tensões entre Israel e o Hamas, o WTI para dezembro fechou em alta de 2,14% (US$ 1,83), a US$ 87,27 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês avançou 1,77% (US$ 1,60), a US$ 91,50 o barril , na Intercontinental Exchange (ICE).

“A alta dos Treasuries nos EUA também pesa no pessimismo da bolsa indicando uma expectativa de juros altos por lá que pode desencorajar o fluxo de capital para mercados considerados mais arriscados, como o Brasil”, comenta Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

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Os treasuries yields como o de dez anos, por exemplo, subiu 6,1 pontos-base (pb), a 4,908%, enquanto o título com vencimento de 2 anos teve avanço de 1,1 pb em seus rendimentos, a 5,22% e com vencimento de 5 anos subiu 6 pb em seus retornos, 4,93%

“O dólar sobe possivelmente devido a uma combinação de fatores relacionados a incerteza geopolítica global, que tradicionalmente fortalece o dólar como uma moeda de reserva ‘segura'”, comenta Almeida.

O dólar encerrou o dia com alta de 0,38% frente ao real, a R$ 5,054 na compra e R$ 5,055 na venda. A moeda norte-americana também ficou em queda na comparação com as principais moedas do mundo, com o DXY com menos 0,43%.

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Ao fim da sessão, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,17%, ante 12,16% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,085%, ante 11,043% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,975%, ante 10,896% do ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,13%, ante 11,081%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,355%, ante 11,331%.

“Juros futuros seguem subindo acompanhando a alta dos Treasuries. O relatório Livro Bege deixou claro que a inflação ainda não deve dar trégua nos próximos meses. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, palestrou hoje em evento e indicou que a taxa Selic deve continuar a ser cortada em um ritmo de 0,50 pp, sinalizando uma abordagem cautelosa, mas consistente, para lidar com as pressões inflacionárias e a recuperação econômica”, explica Almeida.

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“Entre as maiores quedas de hoje, estavam as ações da Vale, que divulgou seus resultados operacionais do 3TRI e mostrou sinais de força em certas áreas, como o preço do minério de ferro, mas incerteza em torno de sua produção de cobre”, considera Almeida.

Entre as maiores altas do Ibovespa, ficou Magazine Luiza (MGLU3), com avanço de 2,37%. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) subiram 2,34% e os papéis ordinários da petrolífera (PETR3) avançaram 2,26%, acompanhando a alta do petróleo.