Ibovespa fecha em queda de 1,3% e tem menor patamar de fechamento em quase 3 meses; dólar vai a R$ 5,40

Mercado sofreu com aumento nos novos casos de coronavírus na Europa e escândalo global envolvendo bancos

Ricardo Bomfim

(Getty Images)
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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda forte nesta segunda-feira (21) acompanhando o desempenho das bolsas internacionais. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram 1,84%, 1,16% e 0,13% respectivamente.

Esse pessimismo ocorreu por conta das notícias de que o Reino Unido está considerando realizar um novo lockdown devido ao aumento no número de novos casos de coronavírus. Na Europa, ainda houve a pressão adicional de um escândalo global que derrubou as ações de bancos.

Além disso, segundo reportagem publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), documentos do governo dos Estados Unidos mostram que bancos desafiaram leis contra a lavagem de dinheiro, transferindo grandes quantias de origem ilícita para contas obscuras e redes criminosas. A investigação revelou US$ 2 trilhões em operações suspeitas envolvendo bancos entre 1999 e 2017.

Na Bolsa de Londres, a ação do HSBC fechou em queda 4,9% e a do Standard Chartered recuou 5,2%. De acordo com o FactSet, no início do pregão, as ações do HSBC haviam caído para o menor nível em mais de 25 anos. Em Hong Kong, os papéis do HSBC e do Standard Chartered tiveram quedas respectivas de 5,33% e 6,18%, atingindo os menores níveis desde 1995 e 2002.

A perda se alastrou por outras instituições nas bolsas europeias, uma vez que também há indícios de operações ilegais semelhantes em relação a outros bancos do continente, como o Barclays (-6,76%) e o Deutsche Bank (-9,63%), por exemplo.

Em relação ao coronavírus, a Espanha já limitou o deslocamento de 850 mil moradores da zona Sul de Madri, só permitindo que eles saiam de casa para trabalhar, ir ao médico ou levar filhos à escola.

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a pandemia persiste, e ainda mata 50 mil pessoas por semana.

Com isso, o Ibovespa teve queda de 1,32%, aos 96.990 pontos e volume financeiro negociado na B3 de R$ 36,444 bilhões. O volume foi turbinado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 10,4 bilhões.

Apesar da Bolsa ter ficado longe da mínima, pois o índice chegou a operar nos 95.820 pontos, ainda assim a baixa de hoje levou o benchmark a seu menor patamar de fechamento desde o dia 3 de julho, quando o Ibovespa encerrou a sessão cotado em 96.764 pontos.

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Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,43% a R$ 5,3993 na compra e a R$ 5,40 na venda, bem longe da máxima do pregão, quando chegou a bater R$ 5,4841. O dólar futuro para outubro tem leve variação positiva de 0,05%, a R$ 5,395 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu três pontos-base a 2,97%, o DI para janeiro de 2023 perdeu quatro pontos-base a 4,39%, o DI para janeiro de 2025 recuou dois pontos-base a 6,33% e o DI para janeiro de 2027 variou negativamente cinco pontos-base a 7,30%.

Também não ajudou nada a animar os investidores a análise de que a morte da ministra da Suprema Corte dos EUA, Ruth Bader Ginsburg, poderia dificultar ainda mais as negociações entre democratas e republicanos no Congresso para aprovar um novo pacote de estímulos econômicos para combater os impactos da pandemia.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que indicará esta semana alguém para ocupar o lugar de Bader Ginsburg, algo que deve colocar mais uma vez os dois partidos em conflito.

Para Fernando Genta, economista-chefe da XP Asset, muitos não acreditavam na segunda onda do coronavírus, mas o número crescente de mortes em Israel e na Europa às vésperas do desenvolvimento de uma vacina voltam a trazer preocupações.

Genta ressalta ainda que o pacote fiscal americano está cada vez mais distante de ser aprovado antes das eleições, que ele acredita que serão conturbadas. “O mix de coronavírus mais votações por correio e cenário polarizado pode judicializar a disputa”, explicou durante live realizada pelo Stock Pickers na manhã desta segunda-feira.

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Ainda no front internacional, chamou atenção no sábado a aprovação do acordo entre a Oracle e a Tik Tok pelo presidente Donald Trump. O acordo pretende evitar o banimento do aplicativo em solo americano.

No Brasil, segue o desconforto com o cenário fiscal no país em meio a dúvidas crescentes sobre a capacidade do Tesouro Nacional de refinanciar a dívida pública.

Membros do governo debateram neste final de semana o Pacto Federativo com o senador Márcio Bittar (MDB-AC).

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Segundo a Folha de S.Paulo, a proposta reduz gastos obrigatórios e abre caminho para novas despesas a partir do ano que vem. Os cálculos atualizados sinalizam uma economia maior que R$ 30 bilhões em 2021, enquanto a versão mais enxuta economizaria cerca de R$ 20 bilhões.

Relatório Focus

Entre os indicadores, os economistas do mercado financeiro preveem esta semana uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 do que previam na semana passada, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. A projeção mediana para o PIB deste ano foi de -5,11% para -5,05%. Já para 2021 a expectativa segue em crescimento de 3,50%.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2020 a estimativa mediana dos economistas subiu de 1,94% na semana passada para 1,99% esta semana. A projeção para 2021 se manteve em 3,01%.

A previsão para o dólar ao fim de 2020 continuou em R$ 5,25 e para 2021 continuou em R$ 5,00.

Por fim, a expectativa para a taxa básica de juros, Selic, seguiu em 2,00% ao ano para 2020 e em 2,50% ao ano para 2021.

Pacto Federativo

De acordo com reportagem da Folha, os cálculos atualizados sinalizam uma economia maior que R$ 30 bilhões em 2021, enquanto a versão mais enxuta economizaria cerca de R$ 20 bilhões. Os números dependem de aprovação do presidente Jair Bolsonaro.

Está sendo estudada a possibilidade de o corte de despesas ser ocupado por um novo programa social, embora o presidente tenha afirmado na semana passada que o Renda Brasil está fora de cogitação.

Segundo o jornal, aliados do presidente defendem que seja criada uma iniciativa para baixa renda, mesmo que seja usado outro nome. O relatório do Bittar sobre a PEC do Pacto Federativo está quase pronto, e o texto agora está sendo analisado com membros do Executivo.

Além disso, foi noticiado que deputados pretendem cortar benefícios de juízes, procuradores e promotores na reforma administrativa. De acordo com o Estado de S. Paulo, devem ser incluídas na PEC emendas que limitam as férias de todos os agentes públicos a 30 dias por ano, inclusive para juízes, além do fim de privilégios, como aposentadoria compulsória como punição para quem já está trabalhando.

Ainda sobre a reforma administrativa, existe a expectativa de que deve ser criado um órgão independente para gestão do serviço público federal, que funcionaria como uma agência de recursos humanos.

Segundo a Folha, a agência seria responsável pela criação de critérios para ocupação de cargos comissionados, mapeamento para realocar pessoas e avaliação de desempenho. Essa última pode resultar na demissão de servidores, inclusive aqueles que já estão no cargo atualmente.

Ao mesmo tempo, o governo está preparando um decreto para regulamentar novas concessões do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, a partir de 2021. Segundo o Estado de S. Paulo, a mudança vai permitir a inclusão de quase 500 mil pessoas no BPC.

O custo adicional, de R$ 5,8 bilhões, será compensado com a redução de custos com a judicialização e com medidas de combate às fraudes, que podem poupar até R$ 10 bilhões. Ou seja, o efeito líquido ainda seria uma economia de R$ 4,2 bilhões.

Substituição de Waldery Rodrigues

Outro destaque é a informação de que o Ministério da Economia está analisando três nomes para ocupar o cargo de Waldery Rodrigues, secretário especial da Fazenda. Segundo a Folha de S.Paulo, são eles Esteves Colnago e Jeferson Bittencourt, assessores especiais do ministro da Economia Paulo Guedes, e Bruno Funchal, secretário do Tesouro Nacional.

A troca deve levar algum tempo para ocorrer porque ele é tido como um nome relevante no ministério, mas todos os nomes cogitados são bem avaliados pelo ministro, segundo o jornal.

Ainda no radar, o ministro da Economia Paulo Guedes foi condenado a pagar R$ 50 mil em indenizações ao Sindicato dos Policiais Federais da Bahia (Sindipol-BA) por comparar servidores públicos a ‘parasitas’ em evento em fevereiro deste ano. A Advocacia-Geral da União anunciou que irá recorrer da sentença, proferida pela 4ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária da Bahia (SJBA).

Radar Corporativo

Na esfera corporativa, os investidores acompanharam hoje a estreia da construtora e incorporadora Cury na bolsa de valores. A empresa é subsidiária da Cyrela. O mercado também reagiu à compra de uma faculdade pela Ser Educacional no Ceará, por R$ 24 milhões.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
BTOW3 4.01316 97.97
SULA11 2.40964 40.8
WEGE3 2.35522 63.45
MGLU3 1.76687 88.7
BRKM5 1.46722 22.13

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
GOLL4 -8.45771 18.4
AZUL4 -7.80142 26
EMBR3 -4.79042 6.36
CVCB3 -4.74537 16.46
ECOR3 -4.54196 12.4

Além disso, o Banco do Brasil divulgou planos de que pretende estar entre os três maiores bancos no mercado de capitais do Brasil em até quatro anos, enquanto a Latam recebeu aprovação do Tribunal do Distrito Sul de Nova York para a proposta de financiamento modificada, dentro do processo de recuperação judicial.

Também na sexta-feira, a Suzano informou que o BNDES Participações está realizando uma oferta pública de distribuição secundária de ações, de emissão da Suzano e de titularidade da BNDESPar.

A Janela de R$ 1 Trilhão: como os experts da XP identificam as ações com maior potencial de valorização da Bolsa

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.