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Ibovespa fecha em alta de 1,83%, na contramão dos Estados Unidos, após decisões do STF; dólar avança 0,28%

Noticiário interno, com menor risco fiscal, foi benéfico ao principal índice da Bolsa brasileira

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 1,83% nesta segunda-feira (19), aos 104.739 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira se descolou do que foi visto nos Estados Unidos, com ajuda, em parte, do noticiário político local.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,49%, 0,90% e 1,49%, seguindo a sequência de baixas iniciadas desde a última quarta, quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), veio a público com sua decisão sobre juros – que apesar de dentro do esperado, contou com um anúncio um pouco mais duro, falando em taxas maiores no próximo ano e mantidas elevadas por mais tempo.

“Nos EUA, o desempenho dos índices é negativo, uma vez que o mercado voltou a ficar pessimista em relação à economia americana após os recentes discursos de autoridades monetárias, temendo, novamente, uma recessão”, explica Edmar de Oliveira, operador de renda variável da One Investimentos.

Os treasuries yields, com toda a questão pós-Fomc, fecharam em alta, com os para dois anos ganhando 8,8 pontos-base, a 4,268%, e os para dez anos, 11 pontos, a 3,592%.

“Aqui, ficamos muito mais ligados ao cenário interno do que ao externo. O Supremo Tribunal Federal [STF] colocou o Bolsa Família fora do teto de gastos. Por um lado, isso é bom, porque limita os gastos fora desse limite. Hoje, se fala em um valor fora do teto em R$ 150 bilhões, e, nesse caso, seria algo entre R$ 30 ou R$ 40 bilhões”, acrescenta Oliveira. “Por outro lado, o Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados] já apareceu defendendo a necessidade de levar essa discussão ao legislativo. É difícil, por enquanto, medir impactos”.

“Alguns participantes do mercado enxergam que essa liberação terá um impacto fiscal positivo, com menor rombo do que no caso de uma aprovação da PEC de Transição em si. Temos, porém, de acompanhar isso de perto. A discussão continuará nos próximos dias”, debate João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos.

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Além da questão de Gilmar Mendes, houve a publicação de que Lira também acredita que a PEC pode chegar a um “meio termo”, com o prazo de ampliação do teto em R$ 145 bilhões caindo para um ano.

Os agentes financeiros avaliaram o impacto também de uma decisão contrária do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira ao chamado orçamento secreto, na tramitação da PEC da Transição.

Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, defende também que, além do noticiário político, o Ibovespa foi beneficiado por um “pregão típico de repique”, após uma sequência de quedas.

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A curva de juros brasileira também teve um respiro. Os DIs para 2024 perderam 5,5 pontos-base, a 13,93%, e os para 2025, 8,5 pontos, a 13,73%. Os contratos para 2027 foram a 13,62%, com menos 4,5 pontos, e os para 2031, a 13,50%, perdendo um ponto.

Com a possibilidade de um menor risco fiscal e uma menor taxa de juros, as companhias ligadas ao cenário interno ficaram entre as principais altas do Ibovespa. As ações ordinárias da Via (VIIA3) ganharam 16,23%, as da Qualicorp (QUAL3), 14,68%, e as da Americanas (AMER3), 12,65%.

O dólar comercial, contudo, fechou em alta de 0,28% frente ao real, a R$ 5,309 na compra e a R$ 5,308 na venda. A moeda americana vem oscilando pouco, contudo, frente à brasileira, que é ajudada pelo mercado externo.