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O Ibovespa fechou em alta de 0,72% nesta terça-feira (6), aos 110.188 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira foi na contramão do que foi visto nos Estados Unidos, com ajuda, principalmente, das ações ordinárias da Vale (VALE3), que subiram 1,45%.
Papéis do setor de mineração e siderúrgica, e também outras commodities, foram, novamente, destaques do pregão, após a circulação de novas notícias de que a China, maior consumidora desses produtos do mundo, pretende enfraquecer as restrições impostas pela sua política de Covid zero. Os papéis preferenciais série A da Usiminas ([ativo=USIM5) ganharam 3,43% e os preferenciais da Metalúrgica Gerdau ([ativo=GOAU4]) ganharam 2,47%.
“Brasil vem se resumindo, do lado positivo, principalmente ao desempenho da Vale, que está sendo responsável quase por 20% do índice. A China está próxima a uma reabertura e isso tem impulsionado commodities metálicas e companhias de mineração. São elas que seguram o Ibovespa”, explica Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, defende que o Ibovespa conta, nos últimos dias, uma “verdade distorcida”, com as companhias de commodities, e também os bancos, impedindo que o índice registre queda forte, apesar da aversão ao risco no cenário interno, por conta da incerteza fiscal.
Os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovaram parecer da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Antes disso, na expectativa pela votação, “houve aumento dos prêmios da curva de juros lá para cima”, apontou Spiess.
O texto da PEC da Transição aprovado prevê uma expansão do teto de gastos em R$ 145 bilhões para garantir o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600.
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A curva de juros brasileira fechou mais um dia em alta, com investidores pedindo prêmio maiores por conta do temor fiscal. Os DIs para 2024 ganharam 1,5 ponto-base, indo a 14%, e os para 2025 ganharam 8,5 pontos, a 13,17%. Os DIs para 2027 e 2029 foram a, respectivamente, 12,80% e 12,82%, com mais 7,5 pontos e 10 pontos. Os contratos para 2031 ganharam 11 pontos, ficando em 12,81%.
“Apesar da alta de hoje, temos um mercado lateralizado há cerca de um mês. Não sai das atuais bandas, por conta da maior incerteza política. Lá fora, houve uma leve melhora nesse intervalo, por melhor inflação e sinalizações do Federal Reserve de redução do ritmo de alta dos juros. Mesmo assim, aqui o mercado não se desenvolveu”, diz Edmar de Oliveira, operador de renda variável da One Investimentos. “Há a criação de um ambiente inóspito e duvidoso para os investidores, que se reflete também na economia real. É impossível, por exemplo, saber se teremos uma queda de Selic no próximo ano”.
Os especialistas destacam que parte da cautela desta terça-feira se dá, também, pelo fato de o Comitê de Política Monetária (Copom) estar se reunindo, com uma decisão sobre o futuro da taxa de juros marcada para o início da noite de amanhã.
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Apesar de ser consenso que a Selic continuará em 13,75% ao ano, investidores querem ler quais sinalizações as autoridades do Banco Central brasileiro trarão no documento de decisão – com alguns esperando que a instituição traga algumas falas mais duras.
“Amanhã, o Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciará a decisão de política monetária. O resultado deve trazer mais pistas dos desdobramentos do aperto monetário em meio a algumas incertezas na economia brasileira”, debate Leandro de Checchi, analista da Clear Corretora.
Nos Estados Unidos, o dia foi de queda. O Dow Jones caiu 1,03%, o S&P 500, 1,44% e o Nasdaq, 2%.
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“No mercado externo, as bolsas americanas recuaram mais forte, com certa realização após o rally iniciado em meados de outubro. Apesar da boa recuperação econômica e a inflação apresentar algum sinal de melhora, o Feral Reserve, por lá, deve seguir, em menor intensidade, com o aperto monetário, o que deve impactar os dados de atividade econômica no quarto trimestre de 2022 e pode penalizar os ativos de risco”, complementa De Checchi.
O dólar ganhou força mundialmente, com o DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a outras de países desenvolvidos, subindo 0,28%, aos 105,58 pontos. Frente ao real, a divisa estadunidense, contudo, caiu 0,25%, após forte alta da véspera, negociada a R$ 5,269 na compra e a R$ 5,270 na venda.