Ibovespa fecha em alta 0,5% nesta sexta, mas não evita queda de quase 1% na semana; dólar recua 2% em 5 pregões

Mercado termina sessão sustentando ganhos na contramão dos EUA

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (4) em um pregão extremamente volátil, mas não conseguiu apagar a queda de 0,88% na semana.

Embora o noticiário político tenha dado uma trégua, com o encaminhamento das reformas ao Congresso anunciado na terça-feira (quando a Bolsa subiu 2,82%), uma imprevista corrida às vendas nas ações de empresas de tecnologia nos Estados Unidos ontem e hoje acabou impedindo o que parecia ser uma nova caminhada rumo aos 105 mil pontos.

O Ibovespa hoje subiu 0,52% a 101.241 pontos com volume financeiro negociado de R$ 32,797 bilhões. O índice abriu em alta, virou para queda, chegou a cair mais de 1,5% até bater, na mínima do dia, em 98.960 pontos, mas à tarde os comprados voltaram a se animar e, na máxima, a Bolsa foi cotada em 101.581 pontos.

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Lá fora, as bolsas americanas fecharam em queda, mas bem menor do que foi durante o dia. O índice Nasdaq chegou a cair 5% no intraday.

Grandes responsáveis pelas quedas recentes, as ações da Vale (VALE3), que representam 10,9% da composição do principal índice da B3, hoje subiram quase 2% e puxaram a recuperação do benchmark durante o período da tarde. Para ler mais destaques de ações, clique aqui.

É importante lembrar que segunda-feira (7) é feriado do Dia da Independência e a B3 estará fechada. Geralmente, antes de feriados os investidores tendem a ser mais cautelosos devido à impossibilidade de operar por muitos dias.

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Contudo, dia 7 de setembro será feriado também nos EUA, o que reduz a pressão, pois o investidor americano também não poderá comprar e vender ADRs (na prática, as ações de empresas brasileiras negociadas em Nova York).

O dólar comercial encerrou o dia em alta de 0,33% a R$ 5,3069 na compra e a R$ 5,3081 na venda. Na semana, a moeda dos EUA se desvalorizou em 1,99% em relação ao real. O dólar futuro para outubro tem leves ganhos de 0,19%, a R$ 5,306 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 teve queda de cinco pontos-base a 2,74%, o DI para janeiro de 2023 perdeu cinco pontos-base a 3,90%, o DI para janeiro de 2025 registrou perdas de quatro pontos a 5,70% e o DI para janeiro de 2027 variou negativamente seis pontos-base a 6,65%.

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Hoje, entre os indicadores, o Relatório de Emprego dos Estados Unidos revelou a criação de 1,37 milhão de empregos em agosto. O número veio um pouco acima da mediana das expectativas dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava para a geração de 1,35 milhão de postos de trabalho no período.

No Brasil, chamou atenção o desgaste no relacionamento entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ontem, Maia declarou que passará a se comunicar sobre votações importantes com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Isso porque, segundo Maia, Guedes proibiu o diálogo dele com os secretários da área econômica.

Continuou a repercutir hoje a reforma administrativa, enviada ao Congresso na véspera. A proposta traz pontos positivos, mas não tem efeitos sobre os atuais servidores, e depende de novas regulamentações para mudar outras regras.

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Maia e Guedes

Depois de receber a proposta administrativa do governo, o presidente da Câmara disse que passará a tratar com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, sobre votações importantes, como a reforma administrativa. Isso porque, segundo Maia, Guedes proibiu o diálogo dele com os secretários da área econômica. As declarações foram dadas em entrevista à Globonews.

Maia disse que o fim das conversas com Guedes não vai comprometer a relação entre governo e Legislativo nem o andamento das reformas porque a articulação política continua na Câmara. Segundo ele, Guedes “não é político” e tem “pouca experiência” na articulação política.

Ontem, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia declarou que o abandono do teto de gastos poderia mergulhar o País numa recessão ainda mais profunda em 2020, reduzir o crescimento em 2021, além de elevar juros e inflação, segundo O Estado de S.Paulo.

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Pelas contas da SPE, o abandono da regra acentuaria a queda do PIB esperada para 2020. A previsão atual é de queda de 4,7%, mas poderia chegar a 6,9%. Além disso, o crescimento esperado para 2021, de 3,2%, seria reduzido, passando a alta de 1,7%.

Reforma administrativa

Continuou a repercutir hoje a reforma administrativa, enviada ao Congresso na véspera. Entre os pontos positivos, a proposta proíbe progressões automáticas de carreira e abre caminho para o fim da estabilidade em grande parte dos cargos, traz maior rigor para as avaliações de desempenho e reduz o número de carreira, destacou a Folha de S.Paulo.

No entanto, a medida não tem efeitos sobre os atuais servidores, e depende de novas regulamentações para mudar outras regras. Por isso, o jornal afirma que a reforma não deve gerar economia aos cofres públicos no curto prazo.

A reforma recai sobre futuros servidores dos três Poderes na União, estados e municípios, mas preserva categorias específicas. Serão poupados das mudanças juízes, procuradores, promotores, deputados e senadores. Ontem, Maia disse que a proposta pode ser aprovada na Câmara ainda este ano. Se aprovada pela Câmara, a proposta seguirá para o Senado.

Também chama atenção a fala do presidente Jair Bolsonaro na noite de ontem sobre o leilão 5G. De acordo com O Estado de S.Paulo, Bolsonaro disse que é ele quem vai decidir sobre o fornecimento da tecnologia para o 5G no Brasil.

O presidente declarou que está conversando com diversas autoridades sobre o tema, entre elas integrantes do governo americano. “Vou deixar bem claro, que vai decidir 5G sou eu. Não é terceiro, ninguém dando palpite por aí, não. Eu vou decidir o 5G”, disse em transmissão semanal nas redes sociais. O leilão do 5G no Brasil deve ocorrer em 2021, e tem gerado uma disputa tecnológica entre Estados Unidos e China.

Durante a transmissão, ele disse ainda que o Congresso “talvez” estenda o alcance da reforma administrativa para os outros Poderes.

Radar corporativo

O mercado acompanha hoje a repercussão de mais uma aquisição feita pelo Magazine Luiza. A empresa anunciou a compra da plataforma de delivery de comida AiQFome, presente em mais de 350 municípios distribuídos em 21 estados.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
QUAL3 7.89724 34.02
CCRO3 4.56522 14.43
COGN3 3.7931 6.02
BRKM5 3.66318 21.79
GGBR4 3.50877 20.06

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
HGTX3 -4.61317 19.85
TOTS3 -1.63585 27.66
BPAC11 -1.55886 80.2
MRFG3 -1.18343 16.7
ELET6 -1.14697 37.06

Outro destaque é a notícia de que a BNDES Participações planeja fazer um follow-on para vender suas ações na Suzano. No final de agosto, a BNDESPAR detinha 11,03% do total de ações da empresa.

Já a Guararapes informou que o Diretor de Relações com Investidores Newton Rocha de Oliveira Júnior será substituído por Tulio José Pitol de Queiroz, que é diretor executivo da Riachuelo.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.