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Ibovespa fecha com alta de 0,60%, seguindo exterior e à espera de regra fiscal; dólar recua 0,57%, a R$ 5,13

Menor temor de colapso do sistema financeiro mundial aumenta otimismo no exterior e puxa companhias exportadores

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,60% nesta quarta-feira (29), aos 101.792 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira ganhou força na reta final do pregão à espera de mais detalhes sobre o arcabouço fiscal e também impulsionado por empresas ligadas ao setor de mineração e siderurgia.

Entre as ações que compõe o benchmark com maiores altas, ficaram as ordinárias da CSN (CSNA3), com mais 2,08%, as da Suzano (SUZB3), com mais 1,87%, e as da São Martinho (SMTO3), com mais 4,07%. As ordinárias da Vale (VALE3) ganharam 1,44%. O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, por exemplo, avançou 1,54%, a US$ 129,26 a tonelada.

No exterior, o dia foi de otimismo, à medida que o temor de um colapso do sistema financeiro mundial diminui. O VIX, considerado o índice do medo, recuou 4,36%, aos 19,09 pontos. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, 1%, 1,42% e 1,79%.

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“O mercado externo está em recuperação. O bom humor reflete em parte por aqui, principalmente nas commodities, mas há algumas questões domésticas, com destaque para as ligadas ao arcabouço fiscal, que trazem muitas incertezas”, explica Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear.

A curva de juros no Brasil fechou em alta, de olho em Brasília. Os DIs para 2024 ganharam seis pontos-base, a 13,19%, e os para 2025, 13 pontos, a 12,10%. Os contratos para 2027 e 2029 subiram, respectivamente, para 12,24% e 12,66%, com mias 11 e oito pontos. Os DIs para 2031 ficaram em 12,66%, com mais seis pontos.

“Algumas coisas saíram na mídia, em relação às partes iniciais, mas as informações devem vir ao longo da semana. O mercado está aguardando para ver quais serão os rumos da política fiscal. Fica difícil opinar por enquanto”, acrescenta o especialista da Clear.

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“Começamos o dia com o mercado mais positivo. Tínhamos a expectativa de o arcabouço fiscal ser apresentado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou que ia entrar uma reunião às 10h com o Lula, mas isso acabou não acontecendo. Com isso, houve deterioração”, diz Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset.

De acordo com os especialistas, alguns rumores relativos ao arcabouço, sinalizando que ele pode se basear não no controle de custos mas no crescimento da receita, foram um pouco mal recebidos pelo mercado, o que pressionou as ações ao longo do dia. Porém, nos últimos minutos do pregão, novos rumores de que o arcabouço fiscal irá propor zerar o déficit em 2024 acabaram animando o mercado, que ainda carece de informações mais detalhadas sobre o plano.

Além do noticiário político, a publicação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de fevereiro também pressionou a curva. O Brasil criou 241,.785 postos de trabalho no mês, ante 161 mil do consenso.

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“É interessante do ponto de vista econômico, mas pode gerar inflação. Deu uma estressada na curva de juros, que acelerou, dificultando a movimentação dos ativos de risco. Pode pressionar o Banco Central a manter os juros altos, com inflação elevada”, diz De Checchi.  “Varejo, empresas mais alavancadas e real state acabam sentindo mais a pressão”.

Entre as maiores quedas do Ibovespa ficaram as ações ordinárias da Via (VIIA3), com menos 4,12%, as da Cogna (COGN3), com menos 2,76%, e as da EzTec (EZTC3), com menos 2,32%.

Martinez ainda destaca que a movimentação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) de fixar alíquotas de ICSM para gasolina e etanol também tende a pressionar a inflação.

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“Consumo não cíclico, tecnologia e bancos pesaram no Ibovespa. Muito se dá por conta da cautela dos investidores frente ao arcabouço fiscal. Investidores esperam para tomar suas decisões”, afirma Marco Monteiro, analista CNPI da CM Capital.