Ibovespa fecha em queda de 0,73% pressionado por Vale e alta nas taxas dos DIs

Vale foi o destaque do dia, com o declínio de mais de 2% afetada pelo recuo do minério de ferro na China

Reuters

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O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, pressionado particularmente pelo declínio de mais de 2% da Vale (VALE3), enquanto preocupações fiscais persistentes e avanço nos rendimentos dos Treasuries sustentaram a alta nas taxas dos contratos de DI, o que minou ações sensíveis a juros.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,73%, a 130.793,41 pontos, no primeiro fechamento negativo da semana, após ter marcado 129.901,94 pontos na mínima e 131.715,84 pontos na máxima da sessão.

Na visão do analista de investimentos Gabriel Mollo, do Daycoval, a Vale foi o destaque do dia, com o declínio de mais de 2% afetada pelo recuo do minério de ferro na China e temor de que a segunda maior economia do mundo não retome um ritmo mais forte de crescimento mesmo com estímulos.

“Ela (a ação da Vale) tem um grande peso no Ibovespa… e isso acaba afetando bastante o mercado como um todo”, destacou. Na carteira teórica do Ibovespa válida para esta quinta-feira, que conta com 86 ações de 83 empresas, os papéis da mineradora têm um peso de 12,284%.

Além de receios com a China, números de varejo e pedidos de auxílio-desemprego mostrando que a economia dos Estados Unidos permanece sólida apoiaram o avanço nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, com o yield do Treasury de 10 anos marcando 4,0984% no final da tarde, de 4,016% na véspera.

De acordo com o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, os dados reduziram as apostas sobre cortes de juros nos EUA até o fim do ano, o que “contribuiu para diminuir apetite ao risco”. O mercado, porém, ainda precifica uma chance significativa de corte de 0,25 ponto percentual em novembro.

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A trajetória dos Treasuries influenciou a curva de juros no Brasil, que também segue afetada pelo desconforto de agentes financeiro com o cenário fiscal brasileiro e acaba minando o desempenho de papéis de construtoras, atrelados ao consumo, de empresas com elevado endividamento, entre outros.

“Apesar de o ministro (da Fazenda) Fernando Haddad tentar apaziguar os ânimos, o mercado continua desconfiando do governo e acredita que, sem um corte de gastos e um comprometimento com o arcabouço fiscal, a dívida do Brasil vai crescer bastante e vai ficar incontrolável”, destacou Mollo.

“Enquanto nós temos esse cenário, a bolsa fica trabalhando na região dos 130 mil pontos”, acrescentou o analista do Daycoval, estimando que, se o governo der uma prova concreta de que vai cortar gastos e está comprometido com o arcabouço fiscal, o Ibovespa pode romper esse nível de preço e buscar os 137 mil pontos até o final do mês.

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A última vez em que o Ibovespa superou os 137 mil pontos foi no final de agosto, quando renovou suas máximas históricas — de 137.343,96 pontos no fechamento e de 137.469,26 pontos no intradia, ambas no dia 28. Em outubro, a maior pontuação foi registrada no dia 2, de 134.921,66 pontos, no intradia.

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