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Ibovespa em baixa: os 3 fatores que fizeram o índice amargar perdas de 1,7% em abril

Juros nos EUA devendo ficar altos por mais tempo com dados fortes, risco geopolítico no exterior e risco fiscal por aqui desencadearam as baixas no mês

Vitor Azevedo

Stocks hit by geopolitical woes.
Stocks hit by geopolitical woes.

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Abril ficou marcado como outro mês de queda para o Ibovespa, que já vem, há algum tempo, em uma tendência baixista. Neste mês, os temas: juros nos EUA, risco geopolítico no exterior e risco fiscal por aqui estiveram no radar.

Mais uma vez, o temor de que o Federal Reserve, o banco central americano, não conseguirá iniciar seu ciclo de queda dos juros tão cedo quanto imaginado anteriormente deu o tom ao mercado. 

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No quarto mês de 2024, o recuo foi de 1,70%, somando-se à queda de 4,5% registrada no primeiro trimestre. No acumulado do ano, a baixa é de 6,15%.

“O mês de abril foi mais um mês de leve queda para o Ibovespa, ampliando as perdas no ano para cerca de 6%, acompanhando novamente o mau humor no exterior, que continua pessimista em relação aos próximos passos do Fed”, fala Matheus Amaral, especialista em bolsa do Inter. 

Alguns dados macroeconômicos mais aquecidos do que o esperado — caso da inflação do índice de gastos de consumo (PCE, na sigla em inglês), por exemplo — ajudaram a alimentar a visão. Fora isso, a deterioração do cenário geopolítico global, com a possível escalada da guerra no Oriente Médio no radar, fortaleceu a visão, com o conflito elevando o preço do petróleo e reforçando temores inflacionários.

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“Tivemos uma piora na tendência de alocação em risco a nível global, devido à incerteza geopolítica do Oriente Médio, com o conflito entre Israel, Hamas e Irã”, fala Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research. “As discussões sobre a velocidade da desinflação ao redor do mundo também colocaram algumas dúvidas no mercado, sendo que dados de alta frequência de inflação e de mercado de trabalho nos Estados Unidos também trazem desafios”.

Lá fora, com o combo entre dados econômicos ainda fortes e risco geopolítico, os treasuries yields para dez anos saíram de cerca de 4,30% no começo de abril para fechar em 4,68%. Juros mais altos nos EUA acabam refletindo nas Bolsas em todo o mundo, principalmente nas de países emergentes, como o Brasil. Investidores, neste cenário, tendem a preferir aportes nos títulos americanos ou em contratos privados do país, que oferecem mais segurança.

Para maio, começando já nessa quarta-feira, feriado no Brasil, a pauta dos juros nos Estados Unidos segue forte. Amanhã, inclusive, o Federal Reserve traz sua decisão monetária, com investidores atentos às falas de Jerome Powell, presidente da instituição, e suas sinalizações.

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Juros no Brasil também avançam

Fora isso, quando os títulos do tesouro americano, ou mesmo a renda fixa privada dos Estados Unidos, pagam mais, as taxas pagas pelo tesouro e pela renda fixa brasileiros também têm de avançar, para se tornarem mais competitivas. Isso também míngua o interesse de investidores por ativos de risco. 

“Um dos principais movimentos que conseguimos ver em abril é o que aconteceu na curva de juros brasileira. A gente teve uma alta em toda a curva de DIs, variando de 7%, 7,5% até quase 8%, dependendo do prazo dos contratos”, fala Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos. 

O especialista, além das questões provindas do exterior, acrescenta que o noticiário interno também ajudou a curva de juros brasileira a avançar. Faust lembra , por exemplo, que abril fica marcado também como o mês no qual o Executivo Federal encaminhou a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 ao Congresso abandonando a meta de superávit de 0,5% em 2025.

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Com maior risco fiscal, é normal também o mercado cobrar maiores taxas para emprestar dinheiro para o Brasil, temendo que o governo não consiga arcar com seus compromisso financeiros – o que explica, em parte o fato de as taxas do tesouro terem disparado no mês.

“É uma indicação bem pesada para o mercado, que começa a ver uma Selic não tão baixa quanto antes. Fora isso, há a questão da sucessão no Banco Central. Até podemos ter uma Selic mais baixa, mas há o temor de ser em um movimento mais artificial, com a troca do comando”, explica Faust. 

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