Ibovespa cai, câmbio sofre enquanto EUA renovam recorde – motivo de novo é a política

Bolsa e câmbio sofrem com novos ruídos envolvendo ataques dentro do próprio governo ao ministro da Fazenda

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, pressionado por ruídos políticos e preocupações com o cenário fiscal no Brasil, descolando do apetite a risco no exterior após dados melhores do que o esperado sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos.

Por volta de 11h15, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 1,3%, a 120.056,04 pontos, em pregão também marcado por vencimento de contrato futuro do índice. Mais cedo chegou a subir a 122.482,51 pontos. O volume financeiro somava 6 bilhões de reais.

De acordo com o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a bolsa sofre com novos ruídos envolvendo ataques dentro do próprio governo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além da devolução pelo Senado da MP do PIS/Cofins.

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“O ruído começou no já fragilizado equilíbrio fiscal e agora atinge o núcleo político do governo, principalmente na área econômica, que até agora tem sido fiador da credibilidade do governo junto ao mercado”, ressaltou.

A MP foi editada pela Fazenda para compensar a desoneração na folha de pagamento de vários setores, mas após uma reação bastante negativa de potenciais afetados o texto foi devolvido ao governo.

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No mercado de câmbio, o dólar também sobe forte. Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a alta da divisa americana também foi puxada pelo discurso do presidente Lula em um fórum que reúne representantes do Brasil e Arábia Saudita.

“Embora seja difícil precisar exatamente o que foi mal recebido, ao que parece, frase do Lula em que atribuía que o aumento da arrecadação e queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público foi particularmente mal recebida. Na frase ele indica que há uma perspectiva de redução do déficit primário no Brasil ou do déficit público no Brasil, porém ele atribui a possibilidade da queda desse déficit primariamente ao aumento da arrecadação. Ele, por exclusão, acaba deixando de fora o lado do controle de gastos públicos, que é a parte que os investidores mais se preocupam no momento, ou seja, de que o governo está buscando o equilíbrio das contas públicas aumentando gastos e aumentando mais ainda a arrecadação”, avalia Mattos.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em maio, segundo o Departamento do Trabalho, contra expectativa de alta de 0,1% e após aumento de 0,3% em abril. Em 12 meses, avançou 3,3%.

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Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, subia 1,21%, renovando recordes, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA recuava a 4,2713%, de 4,402% na véspera.

De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Catro Alves, o CPI mostrou mais uma vez uma evolução benigna, mas permanece bem acima da meta do Fed de 2%.

“Acreditamos que o Fed vai querer ver a continuidade disso nos próximos dados para chancelar a possibilidade de cortes de juros”, afirmou afirmando que a data em que o Fed começará a reduzir os juros segue imprevisível.

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Para a decisão do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed nesta quarta-feira não se espera mudança na atual taxa. Mas agentes financeiros estarão atentos às sinalizações sobre os próximos passos do BC norte-americano.

Além do comunicado sobre o encontro, as projeções econômicas da autoridade monetária e a fala do chair Jerome Powell estarão sob os holofotes.

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