Ibovespa cai até 1,5% com coronavírus, mas reduz perda no fechamento; dólar renova máxima histórica

Apple anuncia diminuição nas vendas com a epidemia do vírus e afeta em cheio mercados internacionais; por aqui, mercado avaliou declarações do BC

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O principal índice de ações da bolsa brasileira fechou em queda nesta terça-feira (18), na esteira do desempenho negativo dos mercados internacionais. O movimento refletiu a notícia de diminuição nas vendas da Apple por causa do coronavírus.

Na mínima da sessão, o Ibovespa chegou a ceder 1,54%, mas amenizou a perda ao longo do dia e fechou com baixa de 0,29%, aos 114.977 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 20,153 bilhões.

Já o dólar comercial renovou seu maior valor nominal histórico diante das sinalizações do Banco Central sobre a condução da política cambial.

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Fabio Kanczuk, diretor de política monetária do BC, disse que a moeda brasileira deixou de ser alvo dos especuladores e passou a ser o funding para especulação contra outras divisas. Além disso, Kanczuk disse que o BC não tem um nível de câmbio que considera ideal e só atua para evitar problemas de “funcionalidade do mercado”.

Na mesma linha, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, afirmou que o BC atua quando vê problemas de liquidez ou quando o real destoa demais de outras moedas de emergentes. Segundo Campos Neto, o câmbio é flutuante e está separado da política monetária.

No fim do dia, o dólar comercial fechou em alta de 0,66%, cotado a R$ 4,3573 na compra e R$ 4,358 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em março tinha ganho de 0,67%, a R$ 4,3585.

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No mercado de juros futuros, os contratos terminaram a sessão em alta. O contrato com vencimento em janeiro de 2022 registrou ganho de um ponto-base, a 4,71%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 avançou dois pontos-base, a 5,28%, seguido pela alta de quatro pontos-base do vencimento em janeiro de 2025, a 6,00%.

Apple e HSBC

Ontem, a Apple alertou que não vai conseguir cumprir seu guidance de receita para o trimestre até março, devido aos efeitos do fechamento das plantas na sua cadeia de fornecedores na China por conta do vírus.

A empresa de tecnologia afirmou que, mesmo após as instalações para produção no país terem sido reabertas, elas estão retomando as atividades em um ritmo mais lento que o esperado. Por isso, o fornecimento mundial de peças para iPhones será afetado.

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Isso trouxe maior aversão ao risco para o mercado por sinalizar que os efeitos do coronavírus para a produção das empresas estão sendo maiores do que esperado. Por outro lado, vale destacar que o número de novas infecções registradas em um único dia na China permaneceu abaixo de 2 mil pela primeira vez desde 30 de janeiro.

Ainda no exterior, o banco HSBC anunciou cortes de até 35.000 empregados e uma drástica reorganização em regiões que estão com uma performance aquém do esperado, principalmente EUA e Europa.

Segundo a equipe da XP, apesar de não haver nenhum impacto direto no Brasil, a notícia demonstra os desafios crescentes no mundo para o setor bancário. Os papéis do banco registraram queda de 5%.

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Na agenda externa, o índice de expectativas econômicas da Alemanha caiu de 26,7 pontos em janeiro para 8,7 pontos em fevereiro, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo instituto alemão ZEW. O resultado ficou bem abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda mais contida do indicador, a 21 pontos.

Contudo, na China continental, os mercados subiram após Pequim anunciar que poderá conceder isenção tarifária a mais produtos dos EUA e ainda na esteira de recentes estímulos monetários.

Além disso, o banco central chinês (PBoC) cortou ontem o juro de empréstimos de um ano e pode reduzir seus juros de referência ainda nesta semana, como parte de esforços para amenizar o impacto do coronavírus.

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Com isso, no mercado de commodities, o petróleo WTI caiu abaixo de US$ 52 após quatro altas seguidas, os metais recuaram em Londres e o minério de ferro fechou estável na China depois que a Rio Tinto reduziu seu guidance de produção para o ano.

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Agenda doméstica

Por aqui, a FGV publicou na manhã de hoje o IPC-S da segunda semana de fevereiro, nas capitais brasileiras, e também o IGP-M relativo ao segundo decêndio de fevereiro. O IGP-M ficou estável na segunda prévia de fevereiro, ante estimativa de queda de 0,09%.

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Para acelerar a venda de estatais, o Ministério da Economia avalia o uso de um “fast-track” (via rápida) por decreto, informa matéria do jornal O Globo.

Seria uma inovação em tempos de democracia, a partir de 1985 poucos presidentes fizeram uso de decreto-Lei. Para a equipe econômica, a Lei do programa Nacional de desestatização (PND) já autoriza as privatizações e prevê exceções, o que seria o caso do Banco do Brasil, cuja venda teria que passar pelo Congresso.

Greve de petroleiros

Em sua segunda semana, a greve dos petroleiros começou a atrair apoio dos caminhoneiros e de alguns partidos de oposição, informa matéria do jornal Folha de S. Paulo. A adesão já passa de 21 mil trabalhadores e afeta 22 unidades da Petrobras, segundo a FUP – Federação Única dos Petroleiros. O ministro do TST, Ives Gandra, declarou a greve ilegal e fixou multa de R$ 500 em caso de descumprimento da ordem judicial.

Vale destacar que o TST atendeu a Petrobras e declara ilegalidade em greve de trabalhadores; a estatal pediu a volta de empregados após greve ser julgada ilegal. Contudo, os petroleiros mantiveram greve e vão recorrer de decisão do TST.

Noticiário corporativo

O Bradesco (BBDC3 e BBDC4) comunicou na noite de ontem que pagará R$ 490,9 milhões em dividendos complementares de 2019 aos acionistas.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
MRFG3 7.33652 13.46
ELET3 5.94744 38.3
ELET6 5.2291 40.65
HGTX3 2.39425 25.66
CIEL3 2.20994 7.4

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BPAC11 -3.37646 74.69
QUAL3 -3.09859 41.28
HYPE3 -2.90822 36.39
COGN3 -2.64731 11.4
ABEV3 -2.53012 16.18

O pagamento ocorrerá no dia 28 deste mês. Itaúsa (ITSA4), CESP (CESP6) e Multiplan (MULT3) publicaram balanços na noite de ontem. Na Usiminas (USIM5), os controladores querem manter Sergio Andrade como CEO.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.