Ibovespa cai 1,2% por aversão global a risco com petróleo, tecnologia e disputa EUA-China; dólar sobe 1%

Mercado termina sessão enfraquecido pelo cenário externo

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta terça-feira (8), volta do feriado de 7 de setembro, pressionado pela aversão global a riscos.

No noticiário macro, as tensões entre os Estados Unidos a China se aprofundaram depois que o presidente Donald Trump prometeu reduzir drasticamente os laços econômicos entre os dois países e disse que dissociar as economias não traria prejuízos.

Ao mesmo tempo, tivemos mais um dia de vendas pesadas nas ações do setor de tecnologia dos EUA. Os papéis da Tesla afundaram 21,1%, em sua pior baixa em um só pregão após não ser incluída no índice S&P 500 depois do fechamento da última sexta-feira. Já Apple caiu 6,7% e Amazon recuou 4,4%.

Completando o quadro de fraqueza, o petróleo desabou mais de 7% depois que a Arábia Saudita reduziu seu preço de venda para compradores na Ásia. Há temores de que a demanda global não se recupere tão cedo devido à evolução nos casos de coronavírus.

Por aqui, o Ibovespa teve queda de 1,18%, aos 100.050 pontos com volume financeiro negociado de R$ 24,7 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 1,1% a R$ 5,3649 na compra e a R$ 5,3662 na venda. O dólar futuro para outubro tem alta de 1,25%, a R$ 5,37 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 teve alta de 10 pontos-base a 2,84%, o DI para janeiro de 2023 ganhou 14 pontos-base a 4,04%, o DI para janeiro de 2025 registrou valorização de 14 pontos-base a 5,84% e o DI para janeiro de 2027 variou positivamente 12 pontos-base a 6,79%.

Entre os indicadores, os economistas esperam uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 maior do que a projetada na semana passada, mostrou o Relatório Focus do Banco Central. De -5,28%, agora os especialistas consultados veem o PIB caindo 5,31% este ano. Para 2021, a expectativa mediana é de crescimento de 3,5%.

Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as projeções oscilaram de 1,77% para 1,78% em 2020. Já para 2021 elas continuaram em 3,00%.

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Em relação à taxa básica de juros, Selic, a expectativa se manteve em 2,00% ao ano para 2020 e em 2,88% ao ano para 2021.

Por fim, os economistas consultados esperam que o dólar encerre 2020 cotado a R$ 5,25, mesmo número da semana passada. Para 2021 as previsões continuam em R$ 5,00.

No noticiário doméstico, continuaram no radar do mercado as sinalizações do governo a respeito do controle fiscal do país. No final de semana, o senador Marcio Bittar (MDB-AC), que é relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo e do Orçamento para 2021, sinalizou que a PEC pode incluir pontos que foram atenuados na reforma administrativa, atingindo os salários mais altos do funcionalismo.

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Ele disse ainda que a aplicação mínima de recursos em saúde e educação prevista hoje na Constituição será extinta no seu relatório. Os investidores também ficarão atentos à alta dos preços dos alimentos, que deve elevar a inflação no país.

Pacto Federativo

Um dos destaques dos últimos dias foram as declarações do senador Marcio Bittar (MDB-AC), que é relator da PEC do pacto federativo e do Orçamento para 2021. Segundo ele, a aplicação mínima de recursos em saúde e educação prevista hoje na Constituição será extinta no relatório do senador a PEC do pacto federativo e também do Orçamento de 2021.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, ele disse que combinou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o presidente Jair Bolsonaro o fim da vinculação de recursos para as duas áreas. “É polêmico, mas tem que fazer”, declarou ao jornal.

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O senador disse ainda que a PEC do pacto federativo vai incluir medidas que vão atingir o funcionalismo e os salários mais altos. Segundo Bittar, seu parecer vai explicitar o que pode ficar de fora do teto remuneratório do serviço público, com o objetivo de acabar com os supersalários que existem hoje. Além disso, a PEC permite que sejam acionados gatilhos automáticos de cortes de despesas.

Em pronunciamento no último 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro não deu ênfase para a agenda de reformas do governo. Ele deu mais ênfase ao tema da liberdade dos brasileiros. Nos próximos dias, o mercado deve acompanhar se Bolsonaro vai vetar ou sancionar um projeto aprovado pelo Congresso Nacional que perdoar quase R$ 1 bilhão de dívidas tributárias de igrejas.

Desgaste de Guedes e inflação

Os investidores continuam a acompanhar nesta semana a situação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na noite da última sexta-feira, a Folha de S.Paulo informou que o ministro decidiu se afastar da tarefa de negociar as reformas estruturantes apresentadas por ele ao Congresso. O trabalho deve ser feito pela ala política do governo.

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Antes disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, havia dito que deixaria de tratar deste tema diretamente com o ministro. Neste sábado, foi noticiado pelo Estado de S.Paulo que a briga entre Maia e Guedes tem como motivo uma discussão sobre os recursos de um fundo bilionário de desenvolvimento regional.

Segundo a reportagem, estados das regiões Norte e Nordeste pretendem usar uma parcela do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para alimentar um fundo de desenvolvimento regional. Para Guedes, esta seria uma tentativa de sangrar os cofres da União.

A ida de Maia ao Recife, na semana passada, para falar de reforma tributária com secretários de Fazenda do Nordeste, teria sido interpretada pelo ministro como um gesto nesse sentido.

Outro destaque é o debate sobre a alta do preço dos alimentos no Brasil, que está sendo causado pela desvalorização do real frente ao dólar e pela forte demanda externa de alimentos, principalmente da China. Segundo O Estado de S. Paulo, os economistas já projetam inflação de 3,3% para este ano.

O assunto chamou atenção depois que Bolsonaro pediu patriotismo dos varejistas para tentar segurar a alta da cesta básica. O presidente também declarou que a recuperação econômica do Brasil não será rápida.

Radar corporativo

No noticiário corporativo, o destaque é a notícia de que a Oi aceitou proposta vinculante apresentada em conjunto pela companhia e as empresas Telefônica Brasil, TIM e Claro para a compra da operação de telefonia móvel da Oi (UPI Ativos Móveis) e de suas subsidiárias. A informação foi divulgada pela empresa ontem à noite. A proposta prevê a compra dos UPI Ativos Móveis por R$ 16,5 bilhões.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
AZUL4 6.79138 26.26
RENT3 5.87192 53.73
IGTA3 4.54677 36.1
BRML3 4.33862 9.86
MULT3 4.04494 23.15

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
PRIO3 -6.084 41.37
VVAR3 -3.96825 18.15
PETR3 -3.47192 22.52
IRBR3 -3.30935 6.72
PETR4 -2.87958 22.26

Além disso, a Vale disse que não chegou a um acordo com a New Century Resources Limited para adquirir a sua participação de 95% na Vale Nouvelle Caledonie (VNC). A AB InBev, fabricante da Budweiser e da Stella Artois, deu início a um processo para substituir o executivo chefe Carlos Brito, de acordo com o Financial Times.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.