Publicidade
O Ibovespa fechou em queda de 0,87% nesta quinta-feira (29), aos 129.020 pontos, e, junto com o pregão da véspera, apagou boa parte da alta que vinha acumulando do mês, subindo 0,99% em fevereiro. O principal índice da Bolsa brasileira no segundo mês do ano, por mais que tenha subido, não conseguiu acompanhar o exterior, sendo que, nos EUA, os principais índices flertaram com suas máximas históricas.
Ontem, o Ibovespa caiu 1,16%, com o peso das ações da Petrobras (PETR4), após o presidente da companhia Jean Paul Prates falar em “cautela com a distribuição de dividendos extraordinários”, e da Vale (VALE3), com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva falando que a empresa não pode ter um monopólio e que tem de seguir políticas de Governo.
Hoje, o que ajudou a derrubar o benchmark brasileiro foi a publicação da PNAD Contínua, de acordo com especialista. O número veio em 7,6% e apesar de registrar uma alta frente a dezembro, quando foi de 7,4%, veio abaixo do esperado pelo consenso, que era de 7,8%.
“Os dados da PNAD Contínua mostraram um mercado de trabalho aquecido, com desemprego abaixo do esperado e avanço na renda, o que pode impactar no processo desinflacionário. Isto gerou indagações sobre como o Copom pode fazer a leitura e aumentando a chance do Copom não esticar os cortes muito abaixo dos 10%”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos
Antes disso, também em fevereiro, a divulgação do IPCA de janeiro já tinha levantado o temor de que o Banco Central pode ser mais duro do que o esperado nas suas decisões futuras. A publicação do número – de 0,42% contra consenso de 0,34% e com qualitativo ruim – também foi um dos gatilhos negativos para o Ibovespa.
Fora isso, temores fiscais pesaram no índice, sendo bem ilustrados pela publicação do resultado primário do Governo Central de janeiro, que divulgado ontem. O dado trouxe um aumento das despesas permanentes visto como preocupante por analistas, apesar do superávit registrado.
Continua depois da publicidade
A curva de juros brasileira, hoje, fechou em queda, mas, no mês, ela avançou. Os DIs para 2025 foram exceção, com recuo de 0,30%, a 9,955%, enquanto as taxas dos contratos para 2027 subiram 1,94%, a 9,98%, as dos para 2029, 1,81%, a 10,66%, e as dos para 2031, 1,81%, a 10,76%.
“No Brasil, o desempenho dos ativos financeiros foi modesto. Há dúvidas em relação à questão fiscal, apesar da arrecadação de Janeiro ter vindo boa. Fora isso, os juros daqui repercutiram à alta de juros nos Estados Unidos”, fala Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Nos Estados Unidos, os treasuries yields também encerraram fevereiro em alta. O de dez anos, por exemplo, saiu de menos de 4% no começo do mês para fechá-lo em 4,244%.
Continua depois da publicidade
Apesar de, hoje, o núcleo do PCE, importante índice de inflação norte-americano, ter vindo dentro do esperado, com alta de 0,4% em janeiro, outros dados ao longo do mês -, como os ligados ao mercado de trabalho – trouxeram alguma preocupação quanto à quando o Federal Reserve dará início ao seu ciclo de queda dos juros. “Antes, o mercado estava precificando seis cortes de juros. Agora está por volta de três ou quatro cortes”, fala Helder Wakabayashi, analista da Toro.
Por lá, apesar da alta dos juros, os índices fecharam fevereiro com fortes altas. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq hoje subiram 0,19%, 0,54% e 0,84% e, no mês, 2,22%, 5,02% e 6,12%, O que explica isso é, majoritariamente, os resultados publicados pelas companhias de tecnologia, principalmente as ligadas à inteligência artificial.
“O highlight do mês foram os resultados da Nvidia. No dia que ele saiu, tivemos dados da ata do Fomc, mas esses nem fizeram preço. O papel da companhia trouxe uma alta expressiva e ajudou a impulsionar os índices americanos”, contextualiza Helder. Os números da companhia deram alívio a investidores pelo mundo, dando força à narrativa de que a inteligência artificial continuará forte no futuro.
Continua depois da publicidade
Com o mercado brasileiro ficando de lado, a alta das ações dos EUA e os treasuries mais fortes, o dólar ganhou força frente ao real. Hoje a moeda ficou praticamente estável, com alta de 0,06%, a R$ 4,972 na compra e na venda, mas, no mês, houve alta de 0,7%.