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Ibovespa cai 0,62%, seguindo exterior e com mercado de olho em níveis de juros; dólar cai 0,22%

Falas de diretores de bancos centrais mundo afora continuam mantendo um clima de aversão ao risco.

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 0,62% nesta segunda-feira (26), aos 118.242 pontos, seguindo, em grande parte, a aversão ao risco que se dá no exterior – estendendo a movimentação vista no final da última semana.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,04%, 0,45% e 1,16%.

“As bolsas americanas perderam força desde a última reunião de decisão da taxa de juros em que o Federal Reserve manteve o tom duro contra a inflação. Com os dados mostrando uma alta de preços ainda persistentes por lá, a expectativa de juros altos por mais tempo, ou até mesmo a possibilidade de novas altas, seguem pesando nas bolsas”, diz Antônio Sanches, analista da Rico.

Na última quarta-feira, o que em grande parte mudou o tom de otimismo que era visto nos investidores foram sinalizações de Jerome Powell e de outras autoridades monetárias quanto ao futuro das taxas de juros americanas, em sabatina no Congresso dos EUA.

“Tendo isso em vista, o mercado deverá seguir atento a agenda internacional da semana que tem como destaques os dados do PCE, indicador de inflação preferido do Federal Reserve, na sexta”, completa Sanches.

“A gente teve um dia fraco nos Estados Unidos, principalmente por conta da expectativa de juros mais altos por mais tempo nessas economias centrais. Está se falando sobre mais duas altas de 0,25 ponto percentual, o que reduz bastante as chances do juro americano cair ainda esse ano”, fala Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. “O mercado então passa a reverter um pouco dessas apostas e isso naturalmente acaba causando a realização de alguns ativos, com destaque aos papéis de tecnologia, que são as principais perdas”.

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Os especialistas ainda destacaram que a questão da Rússia, com a rebelião do Grupo Wagner, também aumentou a aversão ao risco no exterior.

O Ibovespa, com isso, acabou acompanhando o sentimento externo. “A Bolsa brasileira segue o movimento dos mercados do exterior. Vale lembrar que, tecnicamente, 118 mil pontos é um suporte técnica importante e é sempre bom frisar também que a bolsa vem de nove semanas consecutivas de alta, sequência vista pela última vez lá em agosto de 2016. Ou seja, o movimento de realização é natural e saudável”, expõe Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos.

Boragini, no entanto, também aponta que investidores seguem cautelosos após a nova onda de aperto monetário e a rodada de dados de atividades mais fracos na semana passada, que trouxeram à tona novamente o risco de recessão global.

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“O volume financeiro da B3 hoje foi bem fraco, o que mostra a cautela do mercado, que aguarda essa semana importante, os dados que vão sair”, diz.

Amanhã, por aqui, há a publicação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve trazer mais sinalizações sobre o futuro do juros no Brasil.

“O mercado já precifica queda a partir da próxima reunião em agosto. O boletim Focus divulgado nesta manhã apresentou algumas mudanças, refletindo a melhora das expectativas do mercado. Entre elas, estão a redução do IPCA em 2023 de 5,12% na semana passada para 5,06% nesta semana, e para 2024, de 4,00% para 3,98%”, comenta Sanches.

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A curva de juros brasileira fechou em queda. Os DIs para 2025 perderam 2,5 pontos-base, a 10,98%, e os para 2027, sete pontos, a 10,32%. As taxas dos contratos para 2029 e 2031 perderam, na sequência, sete e nove pontos, a 10,60% e 10,80%. O dólar recuou 0,22% frente ao real a R$ 4,767 na compra e na venda.