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Ibovespa cai 0,51% em movimento de realização após sete pregões seguidos de alta e marca primeira queda do mês

Falas de diretor do Banco Central, cautela com a decisão do Fomc e leilão do Tesouro Nacional aumentarão propensão de realização

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 0,51% nesta terça-feira (13), aos 116.742 pontos, interrompendo uma sequência de sete pregões de alta e marcando a primeira baixa do principal índice da Bolsa brasileira em junho.

De forma geral, a interpretação de especialistas é que o recuo de hoje se deu por um movimento de correção e de realização.

“O Ibovespa encerrou a sequência positiva e caiu após sete pregões, com a realização em setores que se destacaram recentemente, não acompanhando o cenário internacional, mais positivo para os ativos de risco”, debate Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Na curva de juros, o mesmo comportamento de realização foi notado – em parte impulsionada, contudo, por falas do diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, Renato Dias Gomes, que, em entrevista ao Estadão, adotou um tom cauteloso quanto aos próximos passos da política monetária.

Os DIs para 2024 ganharam 6,5 pontos-base, a 13,06%, os para 2025, 13 pontos, a 11,18%, e os para 2027, 15,5 pontos, a 10,69%. Os contratos para 2029 tiveram suas taxas subindo 16 pontos, com mais 11,06%, e os para 2031, 13 pontos, a 11,30%.

“A alta dos DIs futuros ajudou para a realização dos lucros recentes nos papéis mais sensíveis às taxas, como techs e varejistas”, contextualiza Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. Entre as maiores quedas do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias da CVC (CVCB3), com menos 7,35%, as do Magazine Luiza (MGLU3), com menos 5,05%, e as da Lojas Renner ([ativo=LREN3), com menos 5,78%.

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De acordo com o especialista da Nomus, ajudou o movimento altista das taxas no Brasil o fato de que especialistas interpretam que os juros nos Estados Unidos devem parar de subir, com o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) divulgando sua decisão amanhã, mas ainda vir com comunicação mais dura – principalmente após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), por lá, ter desacelerado em maio, mas com seu núcleo ainda resiliente.

Os treasuries yields para dez anos subiram 5,4 pontos-base, a 3,819%, e os para dois anos, 7,6 pontos, a 4,668%.

“O movimento do Ibovespa, vale dizer, é descolado do exterior. Estados Unidos têm um bom dia, bem como Europa e Ásia. O contexto geral, contudo, continua positivo. Estamos observando uma realização de lucros”, fala Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

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Em Nova York, apesar da alta da curva de juros também por lá, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, subiram 0,43%, 0,69% e 0,83%.

Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research, menciona ainda que o leilão realizado pelo Tesouro Nacional na manhã de hoje trouxe algum sentimento de aversão ao risco. Alguns vencimentos tiveram baixo volume de vendas, o que sinaliza que investidores estão cobrando prêmios maiores para emprestar para o governo brasileiro.

“Um leilão isolado não diz muita coisa, mas o fato levantou uma bandeira amarela para alguns analistas e gestores que pode ter colaborado com a aversão à risco que vemos hoje”, debate.

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Por fim, o Ibovespa teve ajuda das exportadoras de commodities para não cair tanto. As ações ordinárias da Vale ([ativo=VALE3]) ganharam 1,06%, as da Suzano (SUZB3) 0,75% e as da PRIO (PRIO3), com investidores de olho no corte de juros na China, que puxou as commodities.

“Nas últimas semanas as commodities não vinham performando muito bem. Os dados econômicos da China vinham decepcionando, pressionando commodities como minério de ferro, soja e outras”, fala Sanches. “Diante disso, tínhamos visto os investidores fazendo uma rotação saindo de ativos vinculados à commodities para comprarem cíclicos locais. Hoje, com sinalizações positivas vindo da China, esse movimento se reverteu”.

O dólar, por fim, ficou praticamente estável, com baixa de 0,08%, a R$ 4,862 na compra e na venda.

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“A moeda norte-americana está recuando globalmente após o índice de preços ao consumidor (CPI) ter vindo em linha com as expectativas, reforçando a ideia de que o Fed não elevará as taxas de juros amanhã. Isso mantém um diferencial relevante em relação à Selic, que só deve começar a cair em agosto, tornando os investimentos no Brasil mais atrativos. Além disso, a China reduziu as taxas de juros de curto prazo para estimular a demanda”, comenta Diego Costa, Head de Câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio.