Ibovespa cai 0,49% e fecha longe da mínima do dia após mudanças na equipe de transição do governo

Bolsa registrou segunda queda consecutiva com temores sobre política fiscal do próximo governo

Mitchel Diniz

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O Ibovespa fechou mais uma vez em baixa, perdendo quase 5 mil pontos em apenas duas sessões. A queda desta quinta-feira (17) mais uma vez refletiu preocupações com a condução da política fiscal no próximo governo. A PEC da Transição, apresentada ao Senado, retirou o Bolsa Família do Teto de gastos, conforme o esperado, e recebeu uma enxurrada de críticas dos agentes do mercado.

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, explica que os movimentos são majoritariamente especulativos. “Existe sim uma preocupação genuína em relação à condução da política fiscal, mas ela ainda está sendo desenhada”, afirmou.

Segundo ela, a magnitude dos recursos tirados do teto de gastos foi um pouco maior que o esperado pelos investidores, mas não está tão diferente do que os agentes haviam considerado antes das eleições.

“A principal diferença é que houve uma especulação muito grande e positiva sobre [quem seria] o ministro da economia, após as eleições. Uma vez que isso ficou para trás e voltamos ao cenário de ‘pés no chão’ o mercado voltou a precificar esse cenário, que não é tão positivo, mas não tem nada de absurdo”, diz.

Ainda de acordo com a economista-chefe da CM Capital, os movimentos do mercado devem ocorrer “no superlativo”, tanto para cima quanto para baixo, até que os termos da política fiscal sejam desenhados, o que deve ocorrer a partir de 2024.

“Até lá, esse período de incógnita e esquizofrenia do mercado deve continuar. Foi uma reação exacerbada, que não tende a terminar no curto prazo”, afirma Argenta.

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De acordo com a Reuters, o ex-ministro Aloizio Mercadante, que coordena os grupos técnicos da transição de governo, indicou que o grande volume de isenções fiscais está sob análise e pode ser uma maneira de elevar as receitas futuras da administração federal sem aumento da carga tributária.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,49%, aos 109.702 pontos. O giro financeiro da sessão de hoje foi de R$ 47,4 bilhões. O índice terminou o dia longe das mínimas. Na reta final da sessão, a Bolsa reagiu à notícia de que o ex-ministro Guido Mantega deixou a equipe de transição por pressão de opositores, segundo carta publicada pelo jornal Folha de São Paulo.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a informação pode ter sido encarada pelo mercado como uma “força menor” dos economistas dos anos Dilma Rousseff no próximo governo petista.

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“Nomes como Guido Mantega e Nelson Barbosa representam muito a política econômica que naufragou com a Dilma”, diz o economista. “Tudo ainda depende muito da nomeação do ministro [da Economia]. Confirmando o [Fernando] Haddad vai ser uma queda grande.”

Os juros futuros praticamente zeraram perdas no after market com as possíveis mudanças na equipe de transição e ações como Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), que passaram o dia em forte baixa passaram à lista de maiores altas do Ibovespa.

Já os papéis da B3 (B3SA3) foi um dos destaques no grupo das maiores baixas, chegando a cair em torno de 10% ao longo do dia, mas reduzindo perdas na reta final.

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“A pressão na curva de juros continua impactando empresas do mercado interno. A B3 é um termômetro do ânimo do investidor”, afirma Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital.

O dólar, por sua vez, se afastou das máximas ao longo da sessão e fechou em alta de 0,37%, a R$ 5,401 na compra e R$ 5,402 na venda.

Nos Estados Unidos, as Bolsas terminaram o dia em leve queda. Dirigentes do Federal Reserve, o Banco Central americano, voltaram a dizer que o combate à inflação no país ainda não acabou, sinalizando que os juros podem continuar subindo em ritmo agressivo.

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O Dow Jones caiu 0,02%. aos 33.547 pontos; o S&P 500 recuou 0,30%, aos 3.946 pontos; e a Nasdaq fechou em baixa de 0,35%, aos 11.144 pontos.

(Com Reuters)

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados