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Ibovespa cai 0,28% e vai ao seu pior nível desde junho, em dia de cautela com espera por Payroll

Após recente alta dos treasuries yields e dados macroeconômicos mistos nos EUA, investidores esperam a publicação do payroll nesta sexta

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em leve queda de 0,28% nesta quinta-feira (5), indo aos 113.284 pontos, no seu pior nível desde o dia 5 de junho. O dia foi marcado pela cautela no cenário internacional.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,03%, 0,13% e 0,12%. Por lá, investidores aguardam a publicação do relatório de empregos Payroll, marcada para essa sexta.

“Mercado em compasso de espera por conta do Payroll amanhã. A gente até vê um certo alívio lá fora, principalmente no título de 10 anos dos Estados Unidos, que está com uma leve queda hoje. Esse certo alívio foi depois dos dados de ontem da ADP, que mostraram menos vagas criadas do que o esperado”, fala Apolo Duarte, planejador financeiro e sócio da AVG Capital.

“O Ibovespa operou volátil nesta quinta-feira, reflexo das incertezas com o futuro da política monetária nos EUA”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. “Os dados do mercado de trabalho parecem às vezes divergentes, com o ADP fraco de ontem e e hoje os pedidos seguro-desemprego abaixo das expectativas”.

Ontem, a pesquisa ADP trouxe a criação de 89 mil vagas em setembro no setor privado americano, contra 153 mil do consenso. Hoje, do outro lado, os pedidos inicias de seguro-desemprego da semana encerrada no dia 30 de setembro vieram com leitura de 207 mil, aquém do consenso de 210 mil. Para amanhã, o consenso do Payroll é a criação de 170 mil vagas.

Os treasuries yields, com isso, recuaram levemente, sendo que o para dez anos perdeu 2,1 pontos-base, a 4,714%.

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O dólar, com isso, perdeu força mundialmente. O DXY, que mede a força da divisa americana frente outras de países desenvolvidos, caiu 0,44%, aos 106,33 pontos. Frente ao real, contudo, a divisa subiu 0,31%, negociada a R$ 5,169 na compra e na venda.

“Acho que o mercado está seguindo ainda as questões dos juros internacionais, que estão pressionando a valorização do dólar perante o real”, explica Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Fora isso, também tem a questão da gasolina que está pegando. O preço da gasolina, do petróleo, acaba influenciando no ciclo de todos os produtos no que se refere a logística. Isso acaba puxando uma inflação mais alta para dentro dos países e nós já estamos em um cenário não tão positivo contra os juros internacionais”.

A curva de juros brasileira fechou mista e próxima da estabilidade. Os DIs para 2024 e para 2025 ficaram estáveis, a 12,24% e 10,98%, mas os para 2027 e 2029 ganharam, respectivamente, 1,5 e dois pontos-base, a 11,11% e 11,61%. Os DIs para 2031 ficaram estáveis, com suas taxas em 11,88%.

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Por fim, o Ibovespa também foi impactado negativamente pelo recuo de ações ligadas a commodities – o que também pressionou o real.

“O mau humor aqui no Brasil foi alimentado também pela queda no preço do petróleo, prejudicando ações do setor, na esteira do enfraquecimento dos últimos dias. A razão é a mesma que move todo o resto do mercado: a constatação que os juros seguirão altos por mais tempo ao redor do mundo, enfraquecendo a demanda e o crescimento globais”, fala Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.