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Ibovespa: após bater máxima histórica, quais são os próximos alvos da Bolsa?

Analistas estão otimistas com os resultados das empresas, mas fiscal pode “estragar a festa”

Leonardo Guimarães

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A Bolsa brasileira se recuperou da queda de 7,6% registrada no primeiro semestre deste ano e, desde então, passou a emendar uma sequência de ganhos, levando o índice a registrar nesta quinta-feira (15) a sua máxima histórica de pontos, durante um pregão aberto.

Por volta das 13h20, o Ibovespa operava com ganhos 0,94%, aos 134.574 pontos – superando, assim, os 134.392 pontos, obtidos no final do ano passado.

Em termos de fechamento, a máxima histórica segue sendo a do pregão do dia 27 de dezembro do ano passado, quando o Ibovespa terminou aos 134.193,72 pontos. No entanto, tudo indica que o principal índice da Bolsa brasileira supere este patamar nesta quinta-feira.

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Agora, até onde o Ibovespa pode ir?

Mas o mercado, claro, quer mais: alguns analistas falam sobre a possibilidade de buscar os 140 mil pontos. Antes, porém, é preciso saber se o Ibovespa consegue sustentar o patamar de 134 mil pontos.

Pela visão da análise técnica, há desafios para a manutenção da sequência vitoriosa. Para Guilherme Schrepel, da Investimentos 4YOU, o movimento recente do Ibovespa é parecido com o que fez o índice alcançar a máxima histórica de pontos, em 28 de dezembro.

Na ocasião, houve altas seguidas até os 134.391 pontos, então, o mercado perdeu força e entrou em tendência de queda. Hoje, o Ibovespa vem de sete altas consecutivas. 

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“Minha perspectiva é mais inclinada para a correção do que para a continuidade da alta”, avalia Schrepel.

Para que a tendência vire para alta, o rompimento dos 134.392 pontos deve vir acompanhado de uma indicação de sobrevenda do IFR (Índice de Força Relativa, que indica possíveis pontos de compra ou venda na análise grafista). 

Análise técnica Ibovespa

O especialista explica que a imagem acima mostra divergência entre o preço (gráfico superior) e o IFR: enquanto o Ibovespa segue avançando, o IFR está em região de sobrecompra, o que sugere uma correção no mercado.

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Se o cenário de correção se confirmar, o Ibovespa encontraria suporte entre 130.735 pontos e 129.936 pontos. Por outro lado, se algum fator fizer o IFR virar para sobrevenda, a Bolsa brasileira teria os 142 mil pontos como próximo alvo. 

Fundamentos da Bolsa

Mas analistas que focam nos fundamentos das empresas e do cenário macroeconômico seguem confiantes na escalada da Bolsa no curto prazo.

Uma das justificativas está no que vem sustentando o Ibovespa: “altas recentes não estão sendo puxadas por Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), as empresas mais pesadas do índice; temos bancos com grande contribuição, fluxo estrangeiro crescendo e bons resultados como catalisadores”, argumenta Victor Furtado, Head de alocação na W1 Capital.

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Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, lembra que a alta acontece mesmo sem perspectiva de corte na Selic em 2024 e que “as projeções de lucros para os próximos 12 meses vêm sendo revisadas para cima”. 

A pulverização anima e coloca otimismo até nas empresas impactadas negativamente pela Selic alta. “Acreditamos que os setores ligados à retomada do mercado de capitais no Brasil, como construtoras, consumo, varejo e bancos, ainda podem se beneficiar bastante de um cenário positivo”, diz Paulo Abreu, sócio e gestor da Mantaro Capital. 

Ou seja, ainda há espaço para uma precificação melhor dos ativos da Bolsa brasileira. E, apesar de não ter perspectivas para isto, as maiores empresas ainda poderiam dar um “empurrão” no mercado.

“A Vale está abaixo dos R$ 60, o que dificilmente vemos, e Petrobras também segue barata, apesar de toda a alta no longo prazo”, segundo Furtado. A avaliação é de que se essas cotações andarem, o Ibovespa poderia buscar os 140 mil pontos. 

O mercado acionário do Brasil ainda pode ser beneficiado pelo corte de juros nos Estados Unidos. Isso porque, segundo Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos, nem o corte de 25 pontos-base está totalmente precificado. 

Um cenário mais otimista, com corte de 50 pontos-base já em setembro traria um rally maior, mas Martins diz que a hipótese ficou mais distante após as vendas no varejo superarem as expectativas em julho, enquanto os pedidos semanais de auxílio-desemprego ficaram abaixo do esperado.

Nos EUA, a maioria (72,5%) aposta em um corte de 25 pontos-base, segundo monitoramento do CME Group. 

Para ele, o corte (mesmo de 25 pontos-base) “pode ser o estopim para os 140 mil pontos da Bolsa”. Isso porque ainda não está claro para o mercado se o fluxo estrangeiro vai ganhar tração daqui para frente. Se houver fuga de capital dos EUA, o Brasil é um dos destinos para esse dinheiro. 

Dá para sustentar nível recorde? 

A confiança dos especialistas diminui conforme o horizonte analisado aumenta. O risco fiscal é o principal freio para as ações no longo prazo. “Não adianta a gente ter as empresas com perspectivas positivas e um fiscal deteriorado”, diz Furtado. Ele completa dizendo que o Brasil pode caminhar em um ritmo mais lento, mesmo com o cenário externo melhorando: “precisamos resolver nossos problemas”. Martins concorda e diz que “o fiscal pode, a qualquer momento, estragar toda a festa”. 

Outro argumento que pesa contra o crescimento definitivo do Ibovespa é que o investidor estrangeiro pode vir para o Brasil apenas para aproveitar os preços baixos. “Não sei se a alta sustenta porque o dinheiro pode sair assim que algo virar”, diz Martins.