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Ibovespa avança 0,77%, puxado por estatais e descolado do exterior; dólar cai mais de 1%

Para especialistas, mercado começa a precificar pesquisas eleitorais recentes

Vitor Azevedo

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa fechou em alta de 0,77% nesta quinta-feira (20), aos 117.171 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira conseguiu, hoje, descolar da performance vista no exterior, impulsionado, principalmente, pelas ações das companhias estatais.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,30%, 0,80% e 0,61%.

“O mercado lá fora operou em queda, repercutindo dois pontos principais: a piora da inflação na Europa, com inflação ao produtor na Alemanha vindo bem alta, e também pela renúncia da primeira ministra britânica”, comenta Fabrizio Velloni, economista chefe da Frente Corretora.

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A inflação ao produtor na Alemanha teve alta de 2,3% em setembro na base mensal, acumulando 45,8% na comparação anual. Já no Reino Unido, a renúncia de Liz Truss foi vista como um possível gatilho para um crescimento da volatilidade.

“Já nos Estados Unidos, o número de novos pedidos de seguro-desemprego veio aquém do esperado, sendo que o mercado esperava aumento. A economia americana, até então, está positiva. Os balanços das companhias publicados até então também estão reforçando isso”, diz Velloni.

Os novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos ficaram em 214 mil na semana terminada em 15 de outubro, ante consenso de 230 mil da Refinitiv. Já ontem, a Netflix foi mais uma empresa americana que surpreendeu positivamente em seu balanço.

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Com a inflação elevada, sinais de uma economia aquecida nos Estados Unidos tendem a sinalizar que o Federal Reserve terá de continuar a subir os juros. Os treasuries yields para dez anos dispararam 11,2 pontos-base, a 4,241%. Os para dois anos ganharam 6,7 pontos, a 4,619%.

“Hoje os mercados globais estão negociando um treasury com uma taxa superior aos 4,20%. Isso é um buraco negro de liquidez. Quando os títulos se desvalorizam, os yields avançam e isso leva capital aos Estados Unidos”, comenta Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital. “Esse movimento deveria ser um indicativo de dólar forte, mas é algo que não está acontecendo”.

O DXY, índice que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos, apesar dos rendimentos dos treasuries em alta, ficou estável, nos 112,88 pontos. Frente ao real, porém, a moeda americana perdeu 1,07%, a R$ 5,217 na compra e a R$ 5,218 na venda.

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Ibovespa avança com pesquisas eleitorais

“A minha leitura, para o Brasil, é que os dados das pesquisas eleitorais recentes, com os dois candidatos à presidência em empate técnico, trouxeram um ânimo para os ativos de risco locais”, contextualiza Guarda. “O mercado tem operado muito as pesquisas. Todo ano de eleição temos isso. Há um candidato preferido pelos investidores. Nesse caso, é o Bolsonaro”, acrescenta Ubirajara Silva, também gestor da Galapagos.

Segundo os dois especialistas, investidores acreditam que caso vença o candidato do Partido Liberal (PL), e não o ex-presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), o Brasil terá medidas econômicas menos intervencionistas.

Em pesquisa do Datafolha publicada ontem, Lula teve 49% dos votos totais no segundo turno, e Bolsonaro, 45%, estando empatados na margem. O JPMorgan, em relatório, destacou a disputa mais apertada, mas manteve o otimismo com ações do Brasil independentemente do resultado das eleições.

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O ex-presidente Lula vem, por exemplo, prometendo intervir nas estatais. Hoje, com o ganho de pontuação de Bolsonaro, as ações ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) saltaram 4,68%, sendo a maior alta do Ibovespa. As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3PETR4), por sua vez, ganharam 2,68% e 2,96%.

“A Petrobras vem operando bem nos últimos dias. Alguns falam em eleições, mas ela está acompanhando também, em grande parte, os seus pares globais.  A ExxonMobil, hoje, sobe também 2%”, acrescenta Silva.

A curva de juros brasileira, possivelmente por conta das eleições, também resistiu às pressões externas, apesar de ter fechado, majoritariamente, em alta. Os DIs para 2023 ficaram estáveis, aos 13,68%, mas os DIs para 2025 e 2027 ganharam, respectivamente, quatro e três pontos-base, a 11,71% e 11,56%. Os DIs para 2029 foram a 11,70%, com mais três pontos-base, e os DIs para 2031 a 11,79%, com mais dois pontos.

Com a pressão na curva, no entanto, companhias ligadas ao cenário interno foram, novamente, destaques negativos do Ibovespa. As ações ordinárias da Americanas (AMER3) recuaram 13,77%, as da Via (VIIA3), 7,06% e as da Cyrela (CYRE3), 3,48%.

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