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Ibovespa avança 0,67% e fecha acima dos 120 mil pontos pela primeira vez desde abril de 2022, com atenção ao Copom

Ações da Petrobras foram mais uma vez destaque no índice, com bancos recomendando investimentos na estatal brasileira

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,67% nesta quarta-feira (21), aos 120.420 pontos, no pregão que antecede a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), com a decisão saindo logo mais. Esta foi a primeira vez que o índice fecha acima do patamar de 120 mil pontos desde abril de 2022.

A Petrobras (PETR3;PETR4), mais uma vez, ajudou a puxar o índice, com suas ações ordinárias fechando com ganhos de 3,99% e suas preferenciais, com mais 4,19%. Bancos vêm, recentemente, elevando suas recomendações para a petroleira estatal. Além disso, a alta de 1,70% do barril Brent, que foi a US$ 77,19, também ajudou a performance.

“Ibovespa subiu hoje impulsionado por papéis de forte peso como a Petrobras. Recomendações recentes de grandes bancos de investimentos, como Goldman e JPMorgan, ajudam a sustentar os avanços. A estatal segue atrativa mesmo após as altas recentes, pois diversos riscos que o mercado apontava não se concretizaram após seis meses do novo governo. Há também avanços na discussão da exploração de petróleo na Margem Equatorial”, avalia Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed.

O especialista destaca a aprovação do arcabouço na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, apesar de, segundo ele, a movimentação política já estar precificada. “O Congresso mostrou que não está disposto a tolerar aventuras fiscais. Naturalmente, ainda há um jogo político envolvendo o tema, mas a base do texto deve ser aprovada no plenário”, contextualiza Petrokas.

A curva de juros subiu um pouco na ponta curta, mas caiu consideravelmente no seu meio e na ponta longa. Os DIs para 2024 ganharam 1,5 ponto-base, a 13,01%, e os para 2025, um ponto, a 11,10%. As taxas dos contratos para 2027 perderam cinco pontos-base, a 10,50%, as dos para 2029, 10 pontos, a 10,81%, e as dos para 2031, 12 pontos, a 11%. Além do cenário fiscal, as taxas repercutem também um otimismo maior para com o Copom.

“Os contratos de juros na ponta intermediária e longa devido à expectativa do comunicado vir mais dovish, ou seja, com possível sinalização de queda na Selic para próxima reunião em agosto”, diz o especialista da Quantzed.

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O consenso do mercado é que o Banco Central brasileiro manterá a Selic em junho em 13,75% – dando, contudo, sinalizações de quedas nas próximas reuniões.

Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, menciona que uma sinalização mais dura pode impactar o mercado negativamente nos próximos pregões. “A gente está bastante cauteloso com o comunicado que pode vir hoje à noite, porque apesar do BC provavelmente tirar de jogada ali perspectivas de novos aumentos, a gente acredita que ele vai deixar claro de que o ritmo de queda não será tão rápido e visível assim. Então isso aí pode jogar um balde de água fria no mercado”, fala o especialista.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam em queda de 0,30%, 0,52% e 1,21%, após, justamente, uma fala mais dura do presidente do banco central americano, o Federal Reserve. Jerome Powell, em sabatina, sinalizou que a maioria dos diretores da principal instituição monetária americana considera apropriado elevar o juros mais um pouco por lá e mencionou que ainda há “um longo caminho” a ser percorrido na batalha contra a inflação.

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“O Powell hoje também foi mais duro em suas falas sobre a inflação e aumentou as perspectivas de juros lá fora”, diz Meneses. “As falas do presidente da autoridade americana sugerem mais duas novas altas de juros este ano e o comprometimento do FED no combate à inflação. Esse discurso influenciou negativamente nos ativos de risco, especialmente nas empresas do setor de tecnologia, que são mais sensíveis a eventuais novas altas nas taxas de juros nos EUA”, complementa Petrokas.

Com as taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, investidores, por lá, acabam procurando outros mercados para se exporem ao risco – caso do Brasil. A movimentação enfraquece o dólar frente ao real. A moeda americana fechou em queda de 0,59%, a R$ 4,767 na compra e a R$ 4,768 na venda.

“O dólar recua. A moeda perdeu força frente a diversas moedas, em especial, as de países emergentes. O carry trade (diferencial das taxas de juros entre as taxas do Brasil e dos EUA) bem como o avanço do arcabouço fiscal, reduzindo riscos de descontrole dos gastos públicos, são fatores que ajudam a explicar a alta do real perante o dólar. Também temos um fluxo estrangeiro bem comprador para ações brasileiras, trazendo capital estrangeiro para a B3, o que gera apreciação do real”, diz o especialista da Quantzed.