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Ibovespa avança 0,46% e descola do exterior, com alta de petroleiras; dólar sobe 0,37%

Para especialistas, ações de petroleiras acompanharam preço da commodity após estoques dos EUA caírem na base semanal

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 0,46% nesta quarta-feira (19), aos 116.274 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira, puxado, principalmente, pelas ações da Petrobras (PETR3;PETR4), destoou do que foi visto no exterior, onde os maiores benchmarks fecharam em queda.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,33%, 0,67% e 0,85%.

“Na nossa avaliação, esse recuo de hoje lá fora volta a estar atrelado com a preocupação de inflação global e com o aperto das políticas monetárias”, explica Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas. “Pela manhã, tivemos divulgação da inflação no Reino Unido e na União Europeia. Além dos patamares altos, houve uma surpresa no primeiro país, com o número vindo acima do consenso”.

A inflação de setembro no Reino Unido avançou 0,6% na base mensal, ante consenso de 0,5%. Na União Europeia, a alta foi de 1,2%, dentro daquilo esperado pelo mercado.

Esses índices foram, em parte, responsáveis por puxar as curvas de juros em todo o mundo – nos Estados Unidos, os treasuries yields para dez anos ganharam 13,1 pontos-base, a 4,129%, e os para dois anos, 11,5 pontos, a 4,552%.

“Nos EUA, ainda tivemos o discurso de um dos membros do Federal Reserve, o diretor de Mineápolis, que mostrou ceticismo em relação aos próximos passos da política monetária. Ele defendeu que a instituição não deve afrouxar seu discurso até o núcleo da inflação mostrar arrefecimento, o que, para ele, ainda não aconteceu”, acrescentou a economista da Claritas.

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Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, contextualiza que a perspectiva de alta dos juros na Europa e nos Estados Unidos foi responsável pela valorização do dólar mundialmente nesta quarta, com investidores buscando a segurança da moeda americana – o DXY, que mede a força da divisa dos EUA frente a outras de países desenvolvidos, ganhou 0,69%, aos 112,92 pontos. Frente ao real, o dólar comercial subiu 0,37%, a R$ 5,274 na compra e na venda.

A pressão da inflação lá fora contaminou também a curva de juros brasileira, que fechou, praticamente, toda no verde. O rendimento do DI para 2023 ficou estável, mas os dos contratos para 2025 e 2027 ganharam, respectivamente, 6,5 pontos-base e oito pontos-base, a 11,67% e 11,53%. O DI para 2029 foi a 11,67%, com mais sete pontos, e o para 2031, a 11,77%, com mais 10 pontos.

“Com a perspectiva de alta de juros e inflação alta na Europa, o dólar sobe, assim como as curvas de juros, o que prejudica tanto os setores de varejo como de construção, setores que têm desempenho melhor com juros mais baixos”, explica o professor da Escola de Investimentos. “O Livro Bege do Federal Reserve, além disso, mostrou que o cenário atual de consumo aponta para uma alta mais elevada da taxa de juros na próxima reunião do Fomc, podendo chegar a 100 pontos-base”.

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Entre as maiores quedas do Ibovespa nesta quarta-feira, ficaram as ações ligadas ao cenário interno. As ordinárias da Americanas (AMER3) perderam 6,81%, as da Via (VIIA3), 4,40% e as da Magazine Luiza (MGLU3), 3,01%. Qualicorp (QUAL3) e Yduqs (YDUQ3), por sua vez, perderam 6,65% e 5,62%.

Do outro lado do índice, entre as que ajudaram a manter a alta, ficaram as petroleiras.

“As ações da Petrobras sobem forte, com aumento do preço do petróleo. Nos EUA, houve a divulgação de que os estoques de petróleo estão mais baixos do que o esperado, mostrando maior demanda”, comenta Rocha.

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Após o presidente americano Joe Biden ter, na véspera, feito o preço do Brent cai anunciando a queima de reservas estratégicas, hoje o recuo praticamente desapareceu – e o barril avançou 2,48%, a US$ 92,26.

As ações ordinárias da 3R Petroleum (RRRP3) ganharam 5,96% e as da PetroRio (PRIO3), 3,72%. As ordinárias da Petrobras subiram 3,71% e as preferenciais, 3,54%.