Ibovespa acompanha exterior e cai mais de 1% de olho nas incertezas sobre acordo entre EUA e China

Um dos sinais de incerteza com o acordo feito no fim de semana na reunião do G-20 foi dado pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, em uma série de tuítes nesta terça-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após ficar boa parte do pregão em uma “temperatura morna”, o Ibovespa passou a ter fortes perdas no pregão desta terça-feira (4). O movimento se deu por conta da derrocada do exterior, puxado por dois fatores: incertezas sobre o acordo entre EUA e China que tanto animaram Wall Street na véspera e também uma mudança no mercado de Treasuries indicando que o mercado espera uma recessão na maior economia do mundo.

Às 16h45 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa registrava queda de 1,83%, a 88.176 pontos, enquanto o dólar comercial tinha alta de 0,59%, a R$ 3,8651 na venda. Já em Wall Street, o Dow Jones registrava baixa de 2,78%, S&P 500 tinha queda de 2,80%, enquanto a Nasdaq tem baixa ainda mais expressiva, cerca de 3,25%. 

Um dos sinais de incerteza com o acordo feito no fim de semana na reunião do G-20 foi dado pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, em uma série de tuítes nesta terça. 

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Trump afirmou que, se um acordo comercial com a China for possível, ele será feito, mas que se ambos os lados não resolverem as disputas, ele recorrerá a tarifas. “Se for, faremos ele”, disse Trump no Twitter. “Mas se não for, lembre-se, eu sou um homem tarifa”.

Além disso, pesa no mercado externo o movimento dos títulos do Tesouro norte-americano, com os Treasuries de dez anos caindo para 2,946%, reduzindo o spread com a taxa de dois anos para 12 pontos-base, sua menor diferença desde 2007. Analistas avaliam que este tipo de movimento indica que o mercado está vendo como cada vez mais próxima uma recessão nos EUA.

Ainda no mercado de juros, o rendimento dos títulos de três anos do Tesouro norte-americano superou o das taxas de cinco anos. Esta inversão da curva de juros, ou seja, a rentabilidade de curto prazo está acima das taxas de longo prazo, é outro indicativo de uma recessão, que costuma demorar meses, e até anos, para chegar desde os primeiros sinais.

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Destaques da Bolsa
As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CCRO3 CCR SA ON 12,31 -4,57 -19,59 113,35M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 39,84 -4,23 +114,19 177,24M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 58,53 -4,19 +22,51 50,61M
 GOLL4 GOL PN N2 20,64 -3,33 +41,37 53,88M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,47 -3,27 +4,52 127,57M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 165,14 +1,86 +106,43 221,74M
 WEGE3 WEG ON 18,28 +1,78 +0,02 36,33M
 TAEE11 TAESA UNT N2 22,87 +1,55 +20,16 24,27M
 TIMP3 TIM PART S/AON 12,00 +1,18 -6,82 23,15M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 39,62 +0,84 +93,27 71,97M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário político 
O economista Roberto Campos Neto, indicado à presidência do Banco Central pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, se encontrou nesta manhã com o atual diretor de regulação da autoridade monetária, Otavio Damaso, para discutir sua sabatina no Senado.

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Bolsonaro também desembarcou hoje em Brasília, onde fica até quinta-feira (6). Ele terá reuniões com representantes do MDB, PRB, PR e PSDB. É a primeira vez que Bolsonaro conversa com bancadas de partidos e não com bancadas temáticas, de segmentos específicos, como houve com os evangélicos e os empresários do agronegócio.

A viagem ocorre no momento em que são aguardados os anúncios dos nomes para dos nomes dos titulares para os ministérios do Meio Ambiente e o de Cidadania (que deve ser criado para reunir direitos humanos, mulheres e minorias).

No Senado as atenções seguem para a cessão onerosa, que poderá render R$ 60 bilhões ao governo. A votação chegou a um impasse na semana passada diante das dificuldades técnicas para viabilizar parte dos recursos arrecadados aos Estados e municípios. Havia uma expectativa de votação para hoje, mas o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR) afirmou que ela não irá ocorrer.

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A matéria esteve na pauta do Senado na última semana, mas não foi apreciada por falta de consenso em torno da partilha de royalties da cessão onerosa do pré-sal com estados e municípios. Na quarta-feira (28), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse que não colocaria a matéria em votação porque não houve entendimento entre os membros da equipe econômica do governo atual e o do presidente eleito, Jair Bolsonaro. 

Enquanto isso, Flávio Bolsonaro, em entrevista à Globo News, defendeu aprovação da reforma da previdência em 2019, mas disse que não será o primeiro ato do governo e que algumas medidas podem ser tomadas antes para garantir a força do governo no momento inicial. Haverá uma nova proposta com emenda à Constituição, mas também com projetos de lei.

O filho do presidente eleito defendeu ainda que haja regras diferenciadas para alguns segmentos. No campo da política, disse que Bolsonaro não fará interferências na eleição das Casas, mas mostrou rejeição à eleição de Renan Calheiros, no Senado, e Rodrigo Maia, na Câmara. Para o time da XP Research, esse ponto é um “complicador para a articulação em momento que Onyx e Bolsonaro se encontram com bancadas e líderes partidários”.

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Além disso, vale ficar de olho no STF (Supremo Tribunal Federal)  A Segunda Turma do Supremo julga hoje mais um pedido de liberdade feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fazem parte do colegiado o relator do pedido, Edson Fachin, e os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello, Cármen Lúcia, e o presidente da turma, Ricardo Lewandowski.

“A tendência é que o ex-presidente seja mantido preso, mas o relator do caso, ministro Edson Fachin se prepara para eventuais manobras de colegas”, avalia a XP Research.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.