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As ações da Hypera (HYPE3) tiveram uma reação positiva nesta quarta-feira (31) à convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) que será realizada em 21 de fevereiro. A proposta é de aprovação de um aumento do capital social da empresa em R$ 4,6 bilhões para R$ 9,0 bilhões, por meio da capitalização de reservas de incentivos fiscais sem emissão de novas ações e o aumento do limite do capital autorizado em R$ 5,6 bilhões, para R$ 11,1 bilhões. Com isso, na sessão de hoje, os papéis subiram 1,63%, a R$ 31,73.
O forte movimento positivo ocorre uma vez que a operação, se aprovada, tira um fator de risco para as ações: a diminuição do pagamento de Juros sobre o Capital Próprio (JCP), que poderia ocorrer com a Medida Provisória (MP) de número 1.185 (ou MP das Subvenções) editada pelo Governo no fim do ano passado e que passou a vigor desde o início de 2024 na forma da Lei 14.789/2023.
O texto estabelece restrições para os valores que as empresas podem considerar para a base de cálculo dos juros sobre capital próprio. Antes da medida, a empresa podia distribuir até 40% do patrimônio líquido e até 50% do lucro líquido em JCP. Após a vigência da lei, a primeira limitação passou a ser de 40% do patrimônio líquido menos as reservas de incentivos fiscais, elevando assim as restrições para o pagamento do provento.
No caso da Hypera, ela contava com muitas reservas ainda não usadas de incentivos fiscais, o que fez com que muitos analistas revisassem para baixo as suas projeções para pagamento de JCP – e afetou o desempenho das ações HYPE3 neste início de 2024. Com a capitalização das reservas e elevação do capital social, a Hypera tem assim mais espaço para manter o seu ritmo de pagamentos.
O Bradesco BBI viu a medida como positiva, visto que reduz o risco de queda de 6% no lucro líquido estimado pelo banco para 2024 devido ao menor pagamento de JCP.
O benefício fiscal do JCP de R$ 778 milhões pago em 2023 representa 14% do lucro líquido estimado pelo BBI para 2024 e poderia ser reduzido em 43%.
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O Goldman Sachs via uma possibilidade de queda de lucro de 7% por conta da lei. Assim, com as mudanças implementadas, ressaltou haver a remoção importante de um fator de pressão sobre as ações (overhang). Mesmo com a vigência da lei, os analistas entendem que a empresa agora seguirá com o seu ritmo de pagamento de proventos. O banco tem recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 41, que foi revisado para baixo nesta semana por conta de visão de vendas mais fracas. Por outro lado, aponta o valuation da companhia como ainda atrativo.
O Bradesco BBI, por sua vez, mantém recomendação neutra para os ativos levando em conta o momentum mais fraco para os lucros. O preço-alvo é de R$ 44. Ainda assim, tem um viés mais positivo pelo atual valuation e menor risco de potencial fim/redução do benefício fiscal de JCP.
O banco, por sua vez, alerta ainda ver risco de tributação dos benefícios fiscais do ICMS como alto, o que pode reduzir a estimativa de lucro líquido para 2024 em 22% e o preço-alvo em 16%, para R$ 37. Isso levando em conta o pior cenário onde não ocorra compensação (aumentando preços, por exemplo, dado que toda a indústria deveria ser atingida, embora não na mesma magnitude).
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“Na pior das hipóteses, os incentivos fiscais de ICMS não seriam mais isentos de IRPJ/CSLL e PIS/Cofins (conforme previsto na Lei 14.789) sem qualquer compensação, o impacto no lucro líquido da Hypera seria de 22% para 2024 e 21% para 2025”, avalia. De qualquer forma, avalia que HYPE3 possui 29% de upside no múltiplo de preço sobre o lucro (P/L), considerando o pior cenário de tributação de incentivos fiscais de ICMS sem qualquer compensação.