HSBC: Itaú Unibanco é o melhor banco, mas BB é principal recomendação

Bradesco é apontado como mais defensivo; para analistas, desafios para bancos persistem, mas mercado de capitais deve guiar retomada

Lara Rizério

Agência bancária do Itaú (Foto: divulgação)
Agência bancária do Itaú (Foto: divulgação)

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SÃO PAULO – Os principais desafios para os bancos brasileiros persistem, em meio às quedas nas taxas de juro; entretanto, de acordo com o HSBC, há uma mudança na ênfase das preocupações com o setor. Desse modo, os analistas do banco britânico revisaram as estimativas para os quatro grandes bancos brasileiros: Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11). 

De acordo com os analistas Victor Galliano e Mariel Santigo, há um risco menor no lado da qualidade do crédito para os bancos, apesar do progresso lento, mas mantendo o risco de pressão sobre as margens. Para os analistas, as instituições financeiras brasileiras ainda não sentiram a redução da Selic, o que deve ocorrer com maior impacto no quarto trimestre. 

Por outro lado, apontam para a perspectiva de uma melhoria da qualidade do crédito, com números melhores de inadimplência inicial no crédito automotivo e em outras categorias, avaliando que as tendências de formação de inadimplência nos quatro grandes bancos parecem estar próximas de terem atingido um pico. Além disso, a queda nas taxas de referência deve estimular as atividades no mercado de capitais, avaliam, bem como o potencial para ganhos na tesouraria. 

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Entretanto, o impulso para que as taxas caiam tem mais custos do que benefícios no curto prazo, especialmente com uma recuperação morna. Para Galliano e Mariel, a melhoria da qualidade e do crescimento do crédito – com alta esperada entre 15% e 17% até o final do ano – provavelmente serão defasados em relação ao aperto nas margens de bancos, sobretudo num ambiente de fraca recuperação.

Itaú Unibanco é preferido, mas BB ainda é principal recomendação
Para os analistas do HSBC, o Itaú Unibanco segue como o nome preferido em qualidade dentre os bancos da América Latina, mantendo classificação overweight (desempenho acima da média do mercado) para os ativos ITUB4 e preço-alvo de R$ 38,00 – o que configura um potencial de valorização de 8,88% em relação ao fechamento de sexta-feira (14).

Os principais drivers positivos para o banco devem provir da melhora da qualidade de crédito, o rígido controle de custos e o aumento da venda casada, apontam os analistas. O aumento das sinergias de receita da operação do banco comercial e da eficiência, bem como numa mudança na divisão de créditos ao consumidor também são positivos.

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Além disso, a queda na taxa de juros deve gerar uma contrapartida pelo Itaú BBA – divisão de investimentos do grupo – uma vez que é esperado um aumento do mercado de capitais no Brasil.

Entretanto, Galliano e Mariel ressaltam que o Banco do Brasil é a principal recomendação do setor em um ambiente de menor aversão ao risco. Além disso, o risco de um possível aumento de capital está, para os analistas, adiado até o final de 2013; pelo menos, a administração continua a alegar que isso não acontecerá antes de 2014.

Os analistas seguem com recomendação overweight para o BB, baseado na crença de que seus ativos estão bastante descontados em relação aos seus pares, apesar de acreditar que elas devam ser negociadas com desconto. Os analistas fizeram ainda uma leve redução no preço-alvo, passando de R$ 30,00 para R$ 29,50 – um potencial de valorização de 12,47% frente ao último fechamento.

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“Ver para crer” para Santander e melhores estimativas para Bradesco
As perspectivas acerca dos fundamentos para o Bradesco estão mais positivas, segundo os analistas, devido às estimativas de que o banco deva conter mais adiante melhor os custos. Os analistas acreditam ainda que o banco é o nome mais defensivo do setor, em meio a um ambiente de aumento da aversão ao risco no mercado. 

Deste modo, os analistas aumentaram o preço-alvo dos papéis, passando de R$ 32,50 para R$ 36,50 – com um novo potencial de valorização de 2,21% em relação ao fechamento de sexta-feira. Entretanto, as margens devem ser corroídas, enquanto a classificação para os papéis segue neutra. 

Já com relação ao Santander, apesar das suas units serem beneficiadas com a menor aversão ao risco do mercado em relação à crise europeia, ainda há desconfiança em relação ao papel. Os analistas acreditam que “o Santander Brasil continua a ser uma história de ‘ver para crer’ em relação ao melhor emprego de seu superávit de capital, mais especificamente, à execução do crescimento e a qualidade do crédito”.

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Em virtude da redução dos encargos de crédito em 2013, os analistas aumentaram de R$ 16,00 para R$ 17,00 o preço-alvo das units do banco – o que configura um potencial teórico de valorização de 0,41% em relação ao último fechamento. A classificação para os papéis segue neutra. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.