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Hegde: o que é e qual a importância para empresas e investidores

Dominar o uso de estratégias de hedge é fundamental para proteger ativos e garantir uma gestão financeira segura e equilibrada em um ambiente econômico volátil.

Bruno Nadai

"Shutterstock"
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No mercado financeiro, a busca por estratégias que minimizem riscos e maximizem retornos é incessante.

Entre essas estratégias, destaca-se o hedge, um termo frequentemente mencionado no mercado financeiro, mas muitas vezes mal compreendido por investidores iniciantes.

O que é hedge?

Hedge, em sua essência, é uma estratégia financeira utilizada para reduzir ou eliminar o risco de perda em investimentos, ou seja, é uma estratégia de proteção.

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Derivado da palavra inglesa que significa “cerca” ou “limite”, o hedge age como uma barreira contra as flutuações adversas de preço que podem impactar negativamente um portfólio de investimentos.

Através de diversas técnicas, os investidores conseguem equilibrar suas carteiras, garantindo um nível de segurança mesmo em cenários de alta volatilidade.

A ideia principal por trás do hedge é criar uma posição contrária àquela que você possui no mercado. Dessa forma, qualquer movimento desfavorável em uma posição será compensado pelo movimento favorável na posição contrária.

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Como surgiu o hedge?

A prática do hedge não é um fenômeno recente. O hedge, tal como o conhecemos, começou a se desenvolver no século XIX, juntamente com a evolução dos mercados financeiros e de commodities, onde produtores e comerciantes buscavam proteger-se contra variações nos preços das safras.

A Bolsa de Chicago (Chicago Board of Trade – CBOT), fundada em 1848, foi uma das pioneiras na formalização de contratos futuros, permitindo que agricultores e comerciantes fixassem preços futuros para suas mercadorias.

Este mecanismo proporcionava uma forma de proteção contra oscilações de preços, estabelecendo as bases para o hedge moderno.

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Com o tempo, a prática do hedge se expandiu para além das commodities, abrangendo diversos mercados financeiros, incluindo ações, moedas e taxas de juros.

A evolução dos instrumentos financeiros, como opções e swaps, também contribuiu para a sofisticação das estratégias de hedge, tornando-as mais acessíveis e eficazes para uma ampla gama de investidores e empresas.

Como funciona o Hedge?

O funcionamento do hedge envolve a utilização de instrumentos financeiros de derivativos, como contratos futuros, opções e swaps, que permitem ao investidor estabelecer uma posição contrária àquela que possui em ativo-objeto.

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Dessa forma, qualquer perda sofrida em uma posição é compensada por um ganho na posição oposta, ou seja, levando a quase zero o seu risco no mercado.

Em uma operação de hedge, há basicamente dois tipos de participantes: o hedger e o especulador. O hedger é aquele que busca proteção através do hedge, enquanto o especulador assume o risco do hedger, proporcionando liquidez ao mercado e tentando obter lucro em suas transações.

A principal distinção entre o especulador e o hedger é que o especulador não tem uma posição de risco inicial, ele a cria ao comprar ou vender ativos ou derivativos, com o objetivo de lucrar.

Já o hedger possui uma posição de risco inicial, proveniente de alguma atividade comercial ou de investimento.

Por essa razão, o hedger precisa realizar operações opostas para efetuar o hedge e assim proteger sua posição original.

Saiba mais:

Instrumentos de hedge com derivativos

Os derivativos são ferramentas cruciais para a gestão e controle de riscos, sendo amplamente utilizados como os principais instrumentos de hedge no mercado financeiro.

Além de sua função principal, eles também são populares para especulação devido à possibilidade de obter alta alavancagem com um investimento inicial relativamente baixo.

A essência dos derivativos está na capacidade dos participantes de fixar antecipadamente o valor a ser recebido ou pago em uma data futura, independentemente da taxa de mercado prevalecente nesse momento.

Isso permite neutralizar possíveis flutuações e impactos negativos decorrentes de novas informações divulgadas até o momento da liquidação.

Contratos futuros

Contratos futuros são acordos para comprar ou vender um ativo a um preço pré-determinado em uma data futura.

Eles são amplamente utilizados por produtores de commodities e investidores para se proteger contra flutuações de preço. Esses contratos são padronizados e negociados em bolsas de valores, proporcionando um mercado organizado e regulamentado para a execução dessas operações.

O uso de contratos futuros permite aos investidores fixarem preços para compras ou vendas futuras, mitigando a incerteza relacionada às variações de preço.

Eles são especialmente úteis para setores como o da agricultura, nos quais os preços das commodities podem ser altamente voláteis, principalmente por conta da variação climática que afeta diretamente a colheita, o que pode resultar em uma alta ou uma baixa dos preços.

Opções

Opções são contratos que dão ao comprador o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um ativo a um preço específico até uma data específica.

As opções podem ser usadas para proteger contra quedas (opções de venda) ou aumentos (opções de compra) nos preços dos ativos. Existem dois tipos principais de opções: opções de compra (calls) e opções de venda (puts).

As opções de compra permitem ao titular comprar o ativo-objeto a um preço fixo, enquanto as opções de venda permitem ao titular vender o ativo a um preço fixo. Esse mecanismo proporciona flexibilidade aos investidores, permitindo que ajustem suas estratégias de hedge de acordo com suas expectativas de mercado.

Swaps

Os contratos de swap são uma forma avançada de hedge, usada principalmente por investidores experientes, empresas, instituições financeiras e bancos. Eles permitem a troca de riscos específicos, como variações em taxas de juros, moedas e commodities.

Em um swap, duas partes trocam suas posições de risco. Por exemplo, uma empresa com ativos em dólares que teme a desvalorização do dólar pode trocar esse risco com outra empresa que possui ativos atrelados à taxa Selic e está preocupada com a alta dessa taxa. Assim, cada empresa se protege contra o risco que enfrenta: uma contra a desvalorização cambial e a outra contra a variação da taxa de juros.

Um exemplo frequentemente observado e amplamente divulgado no mercado financeiro é quando o Banco Central intervém no mercado de câmbio utilizando swaps cambiais para se proteger das grandes flutuações do dólar.

Esses instrumentos são altamente personalizáveis, permitindo que sejam adaptados às necessidades específicas dos participantes do mercado.

Mercado a termo

Contratos a termo (forwards) são acordos personalizados entre duas partes para comprar ou vender um ativo a um preço específico em uma data futura.

Embora sejam semelhantes aos contratos futuros, os contratos a termo não são padronizados nem negociados em bolsas de valores. Em vez disso, são negociados no mercado de balcão, o que oferece maior flexibilidade, mas também implica um risco maior de contraparte.

Os contratos a termo são muito utilizados em mercados de câmbio e de commodities, onde permitem que as partes fixem preços para transações futuras, protegendo-se contra a volatilidade dos preços.

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Tipos de hedge

Os tipos de hedge correspondem aos diversos ativos nos quais a estratégia pode ser utilizada, sendo que cada um adequado a diferentes necessidades e situações.

Hedge cambial

O hedge cambial é uma estratégia financeira utilizada para proteger ativos ou operações contra variações nas taxas de câmbio. É especialmente relevante para empresas que realizam transações internacionais e investidores que possuem ativos denominados em moedas estrangeiras.

A volatilidade das taxas de câmbio pode causar impactos significativos nos custos e receitas de empresas importadoras e exportadoras. Por exemplo, uma empresa que importa mercadorias em dólares pode enfrentar aumentos de custo se o dólar se valorizar em relação à moeda local. Para mitigar esse risco, as empresas podem utilizar várias formas de hedge cambial.

Uma das formas mais simples de hedge cambial é a compra de moeda estrangeira em espécie. Investidores ou empresas compram a moeda quando seu preço está baixo e a mantêm até que seu valor suba, protegendo-se contra futuras desvalorizações da moeda local. Este é um método muito utilizado por pessoas que costumam fazer viagens internacionais.

Outra abordagem comum é a utilização de contratos e minicontratos futuros de dólar. Nesse método, a empresa ou o investidor não terá em mãos a moeda em espécie, mas sim um contrato que envolve a liquidação financeira.

Isso significa que se negocia apenas o direito de comprar ou vender a moeda estrangeira a um preço fixo em uma data futura. Essa prática permite que as empresas estabilizem suas despesas ou receitas em moeda estrangeira, independentemente das flutuações cambiais.

Além disso, as opções de compra de dólar permitem aos investidores adquirirem a moeda a um preço definido em uma data futura, mediante o pagamento de um prêmio. Essa estratégia é benéfica para quem quer se proteger contra uma possível valorização da moeda estrangeira, sem a obrigação de comprá-la caso a taxa de câmbio não seja favorável.

Os fundos cambiais são outra ferramenta eficaz de hedge cambial. Esses fundos investem em ativos atrelados a moedas estrangeiras, permitindo que os investidores se beneficiem da valorização da moeda estrangeira em relação à moeda local.

Hedge de commodities

O hedge de commodities é uma estratégia fundamental para produtores que precisam garantir a estabilidade dos preços de seus produtos frente às flutuações do mercado.

Este tipo de hedge é bastante utilizado por produtores de insumos agrícolas para se protegerem contra a volatilidade dos preços causada por fatores como condições climáticas, mudanças na oferta e demanda global, e outras influências de mercado, assegurando uma receita previsível e estável. 

A principal ferramenta utilizada no hedge de commodities são os contratos futuros. Esses contratos permitem que os produtores fixem um preço para suas mercadorias que será válido em uma data futura. 

Por meio dessa estratégia, os produtores podem garantir um preço justo para a venda de suas commodities, independentemente das oscilações de mercado. Isso é particularmente útil para evitar os efeitos negativos de uma supersafra ou de uma demanda global excessiva, que podem levar a quedas abruptas nos preços. 

Os contratos futuros não são a única forma de hedge disponível. Opções de commodities também são amplamente utilizadas. 

As opções de venda (puts) dão ao produtor o direito de vender a commodity a um preço predefinido, oferecendo proteção contra quedas de preço. Esse mecanismo proporciona uma camada adicional de segurança, permitindo que os produtores negociem com maior confiança em um ambiente de mercado volátil.

O ouro também é frequentemente usado como uma forma de proteção por diversos investidores e instituições financeiras. O ouro pode ser adquirido em várias formas, porém uma das mais utilizadas são os contratos futuros.

Esta commodity é considerada um dos ativos mais seguros em tempos de incertezas econômicas. A posse de ouro pode proporcionar um hedge contra a volatilidade do mercado e proteger os investidores de eventos adversos.

O hedge de commodities é uma prática antiga e continua a ser uma ferramenta essencial para a gestão de riscos no setor agropecuário.

Ao utilizar contratos futuros e opções, os produtores conseguem fixar preços e garantir uma receita estável, independentemente das condições adversas do mercado.

Esta estratégia é vital para a segurança financeira e a sustentabilidade das operações de produtores que enfrentam a incerteza dos mercados globais.

Hedge de ações

O hedge de ações é uma estratégia essencial para investidores que desejam proteger suas carteiras contra a volatilidade do mercado de ações.

Essa prática visa minimizar perdas potenciais decorrentes de flutuações adversas nos preços das ações, garantindo maior estabilidade e previsibilidade nos investimentos. 

O hedge de ações funciona principalmente através do uso de derivativos, como opções e contratos futuros, que permitem aos investidores estabelecerem uma posição contrária àquela que possuem no mercado de ações. Esse método cria uma proteção contra movimentos desfavoráveis nos preços do ativo-objeto. 

Um dos instrumentos mais comuns utilizados no hedge de ações são as opções. As opções de venda (puts) dão ao investidor o direito de vender uma ação a um preço específico em uma data futura, proporcionando uma proteção contra quedas nos preços das ações.

Já as opções de compra (calls) podem ser usadas para garantir o direito de adquirir ações a um preço fixo, protegendo contra aumentos imprevistos no preço dos ativos. 

Os contratos futuros de índices de ações também são amplamente utilizados para o hedge de ações. Esses contratos permitem que os investidores fixem um preço futuro para a compra ou venda de um índice de ações, protegendo-se contra variações adversas nos preços do mercado.

Isso é particularmente útil para investidores que possuem uma posição significativa em um determinado índice e desejam proteger seu portfólio contra movimentos de mercado desfavoráveis.

Já os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos de investimento que replicam o desempenho de um índice de mercado e são negociados em bolsa. 

Investir em ETFs permite aos investidores diversificarem suas posições e se protegerem contra a volatilidade de ações individuais. 

Os ETFs podem ser usados como parte de uma estratégia de hedge, proporcionando uma exposição mais ampla ao mercado e reduzindo o risco associado a ações específicas. Exemplo de uma ETF seria o BOVA11, que busca refletir a performance do índice Bovespa.

Investidores qualificados muitas vezes combinam diferentes instrumentos de hedge para criar uma estratégia robusta e abrangente. Por exemplo, um investidor pode usar opções de venda para proteger contra quedas de preços enquanto mantém contratos futuros de índices para estabilizar a performance geral do portfólio. 

O hedge de ações é crucial para proteger os investimentos contra perdas significativas, especialmente em mercados voláteis. Ele permite que os investidores mantenham uma posição em ações, beneficiando-se de potenciais ganhos enquanto mitigam o risco de perdas substanciais. 

Essa estratégia é vital para a gestão de riscos e a manutenção da estabilidade financeira em portfólios de investimentos.

Hedge natural

O hedge natural é uma forma de proteção financeira que ocorre de maneira automática, sem a necessidade de ações específicas por parte do investidor ou da empresa. Ele permite uma proteção eficiente e econômica, aproveitando as características naturais das operações comerciais para equilibrar os riscos financeiros. 

Esse tipo de hedge se aproveita das condições intrínsecas do mercado, onde os impactos negativos em um aspecto do negócio são naturalmente compensados por impactos positivos em outro. 

Essa proteção ocorre tipicamente em empresas que têm tanto receitas quanto despesas em uma mesma moeda estrangeira. 

Por exemplo, uma empresa que exporta seus produtos e recebe pagamentos em dólares, mas também paga seus fornecedores em dólares, pode experimentar um balanço natural. Se o valor do dólar aumentar, a receita da empresa também aumenta, o que ajuda a contrabalançar qualquer aumento nos custos das despesas pagas em dólares.

Esse tipo de hedge é comum entre empresas exportadoras que operam em mercados internacionais e possuem operações em múltiplas moedas. 

Quando a moeda local se desvaloriza, as receitas em moeda estrangeira, como o dólar, aumentam em termos de moeda local, o que pode melhorar os resultados financeiros da empresa sem a necessidade de ações adicionais.

O hedge natural oferece uma vantagem significativa porque a proteção acontece sem a necessidade de comprar contratos futuros, opções ou outros instrumentos financeiros. 

Ele ocorre devido à estrutura operacional da empresa, onde as entradas e saídas em moeda estrangeira se equilibram de maneira que minimizam os riscos associados às flutuações cambiais. 

Dessa forma, o hedge natural proporciona uma camada de proteção financeira passiva, que pode ser extremamente útil em mercados voláteis. 

Empresas que conseguem estruturar suas operações para aproveitar esse tipo de hedge podem alcançar uma estabilidade financeira maior sem incorrer em custos adicionais ou necessitar de uma gestão ativa de risco.

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A importância do Hedge

A principal importância do hedge reside na sua capacidade de oferecer proteção contra a volatilidade e incertezas do mercado. 

Para empresas, investidores institucionais e indivíduos, a capacidade de mitigar riscos pode significar a diferença entre a sustentabilidade e a falência. 

Em setores como agropecuária, energia e finanças, onde as oscilações de preços são comuns, o hedge é uma ferramenta essencial para a gestão de riscos.

Benefícios do Hedge

Hedge elimina todos os riscos?

Apesar de sua eficácia, o hedge não elimina completamente todos os riscos. É importante entender que o hedge pode proteger contra riscos específicos, mas não contra todos os possíveis cenários adversos.

Além disso, o custo de implementação de estratégias de hedge pode ser significativo, o que deve ser considerado na decisão de utilizá-las.

Limitações do Hedge

Os custos associados ao hedge podem incluir prêmios de opções, corretagem, margens para contratos futuros e spreads em swaps.

Esses custos podem reduzir a rentabilidade geral do investimento e devem ser cuidadosamente considerados ao planejar uma estratégia de hedge.

Mesmo com um hedge bem estruturado, sempre existe o risco de eventos imprevisíveis que podem impactar os resultados. 

Por exemplo, uma mudança abrupta na política econômica ou um evento geopolítico pode criar cenários de mercado que não foram previstos nas estratégias de hedge.

Redução de riscos e compensação de perdas

O hedge é uma estratégia importantíssima no mercado financeiro, essencial para a proteção de ativos contra as incertezas e a volatilidade do mercado.

Suas origens históricas mostram que a necessidade de proteção contra flutuações de preços é uma preocupação antiga, que evoluiu junto com os mercados financeiros. 

A utilização de derivativos como contratos futuros, opções e swaps permite aos investidores e empresas reduzirem seus riscos, criando posições contrárias para compensar possíveis perdas. 

Essas estratégias são particularmente importantes para setores que enfrentam grandes oscilações de preços, como a agropecuária, energia e finanças. O uso de hedge proporciona estabilidade financeira, ajuda no planejamento e orçamento, e reduz a volatilidade, oferecendo uma camada de segurança adicional aos investidores.

No entanto, é crucial entender que, apesar de sua eficácia, o hedge não elimina todos os riscos. Existem custos envolvidos na implementação dessas estratégias, que podem ser significativos e impactar a rentabilidade do investimento. 

Além disso, a complexidade dos instrumentos financeiros utilizados requer um conhecimento especializado para sua correta aplicação. Mesmo com um hedge bem estruturado, sempre haverá um risco residual devido à imprevisibilidade do mercado.

Portanto, dominar o uso de estratégias de hedge é fundamental para investidores e empresas que desejam proteger seus ativos e garantir uma gestão financeira equilibrada e segura. 

Por fim, a adaptação contínua e o aprendizado sobre essas estratégias são essenciais para se manter competitivo e resiliente em um ambiente econômico cada vez mais complexo e volátil.

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