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O boom do DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas) que chegou ao ápice em 2021 trouxe uma avalanche de projetos duvidosos que pagavam um rendimento altíssimo para quem estivesse disposto a comprar tokens desconhecidos e deixá-los parados em um software que ninguém auditou. Apesar do alto risco, o retorno parecia compensar.
No momento de maior euforia desse mercado, era possível multiplicar o capital em questão de minutos em um aplicativo pelo celular, movendo dinheiro de app em app em busca do maior rendimento, que às vezes passava da casa dos 1.000% ao ano.
A época de “vacas gordas”, no entanto, não durou muito, e esse investimento de alto risco com ganhos nas alturas acabou de forma violenta. Em maio de 2022, o projeto Terra/Luna entrou em colapso, levou duas criptos a zero e apagou pelo menos US$ 40 bilhões do setor.
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Agora, uma nova onda no meio DeFi quer resgatar a tendência de rendimentos com criptos, mas apostando em uma base mais sólida no chamado real yield, conceito que nasceu com produtos DeFi que têm um modelo de negócio rentável e repassam parte dos lucros para quem segura o token do protocolo.
Na prática, um grupo de desenvolvedores cria um software que resolve uma dor de traders de criptoativos, que por sua vez topam pagar taxas para usar o serviço no dia a dia.
O protocolo, programado com smart contracts, entrega parte desses lucros automaticamente para quem detém os tokens do projeto – ou seja, similar ao que acontece no mundo das ações pagadoras de dividendos, mas sem empresas, bancos ou reguladores atuando como intermediários.
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“Existem casos entre meus alunos de quem faz 10% ao mês na Uniswap. Ao mês”, revela Caio Vicentino, especialista em maximização de rendimentos no mundo das finanças descentralizadas – ou, como ele gosta de se intitular, um “yield hacker“.
“Eu não gosto nem de ficar falando isso, porque já acham que é coisa errada, que é pirâmide. Mas 5% ou 6% ao mês [de retorno] na Uniswap é extremamente plausível”, conta Vicentino em participação no Cripto+, programa semanal do InfoMoney dedicado ao mundo dos ativos digitais (assista à íntegra no player acima).
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A Uniswap é a plataforma descentralizada de negociação mais famosa do mundo. Ela oferece funções de uma corretora de criptomoedas, mas não tem controle central como no caso de exchanges como a Binance ou o Mercado Bitcoin. Na prática, trata-se de um software autônomo que conecta compradores e vendedores, e que cobra altas taxas.
As exchanges descentralizadas explodiram em uso após o escândalo da FTX, que quebrou em novembro e deve cerca de US$ 10 bilhões a credores, entre eles muitos brasileiros. Após o episódio, usuários mais avançados retiraram rapidamente recursos de corretoras e levaram para o mundo DeFi, onde é possível manter a custódia dos próprios ativos em carteiras como a MetaMask.
Segundo dados do agregador de dados DeFiLlama, apenas na última semana a Uniswap movimentou US$ 9,5 bilhões em transações, e registrou quase US$ 4 bilhões depositados por provedores de liquidez.
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Essa liquidez é fornecida por pessoas que colocam suas criptomoedas para alimentar o sistema e, em troca, são remuneradas com um percentual das taxas cobradas. Além disso, esse tipo de solução precisa de formadores de mercado (market makers).
“[Como formador de mercado] você estará agindo na contraparte: você disponibiliza suas criptos e sempre que alguém quiser comprar, você vende; e quando alguém quiser vender, você compra. E você ganha taxas de todos que estão operando”, explica Vicentino.
Os formadores de mercado na Uniswap funcionam com a mesma premissa dos market makers do mercado financeiro tradicional, porém com uma barreira de entrada muito menor. “A partir de um dólar você pode se tornar um formador de mercado e ganhar dinheiro”, conta o especialista.
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A maneira simples: staking de GMX
Apesar dos retornos mais altos oferecidos na Uniswap, muitos investidores têm optado pelo caminho mais curto de obter “dividendos” com criptos em plataformas que repassam os lucros diretamente para quem compra o token do projeto.
Esse é o caso da GMX, uma corretora descentralizada de derivativos que entrega um rendimento na faixa de 8% ao ano para quem segura a cripto nativa da plataforma, também chamada de GMX.
Nessa alternativa, o interessado só precisa travar suas criptos no projeto (staking) para oferecer liquidez ao sistema. Apesar dos retornos serem menores, conta Vicentino, existe pelo menos uma vantagem para quem topa experimentar a novidade: o ganho contínuo de rendimentos.
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“A cada bloco minerado você recebe sua fatia, diferentemente do sistema tradicional em que você tem que esperar, por exemplo, três meses para sair um dividendo. Nada impede de você entrar, ficar por cinco minutos e sair – apesar de não ser o mais indicado se você quer ganhar os retornos anualizados”.
A periodicidade de emissão do Ethereum, por exemplo, está na casa dos 12 segundos, o que significa que uma plataforma que paga “dividendo” em ETH remunera o investidor nesse ritmo. Esse é o caso da GMX, que divide os cerca de 8% de retornos em tokens GMX e ETH.
Para quem essas criptos são indicadas?
Apesar da promessa atrativa de retornos, especialistas ressaltam que a alternativa de ganho de dividendos é adotada principalmente pelos early adopters, nome dado àqueles que assumem o risco de testar tecnologias novas.
Além disso, essa categoria de criptos está aberta principalmente para o investidor de cripto que mira o longo prazo. Quem acredita em um determinado projeto e decide segurar o ativo por um longo período aguardando uma possível valorização, pode recorrer ao staking ou market making como meios de rentabilizar o patrimônio para multiplicá-lo mais rapidamente nesse intervalo.
Por outro lado, assim como qualquer outra criptomoeda, as criptos que pagam dividendos também estão sujeitas à alta volatilidade, e por isso são indicadas apenas para quem tem estômago para aguentar os altos e baixos.
A GMX, por exemplo, acumula alta de 70% nos últimos 30 dias, a US$ 69, mas ainda está 68% abaixo do seu topo histórico de US5 217 atingido em novembro de 2021. Segurar o ativo, portanto, pode representar um prejuízo mesmo que haja pagamento de dividendos, assim como no mercado de ações e nos fundos imobiliários.
Passado por esses filtros, o investidor que deseja se aventurar nesse mundo precisa, então, passar por uma curva importante de aprendizado.
O que é preciso para começar a ganhar?
A maneira mais simples de iniciar nas criptos que pagam “dividendos” é escolher uma criptomoeda que repassa lucros através de staking, uma espécie de depósito remunerado oferecido por diversos projetos DeFi. Uma delas é a GMX; para começar, é preciso fazer o seguinte:
- Comprar tokens GMX em uma corretora comum que aceite Pix;
- Criar uma conta em uma carteira como a MetaMask;
- Mudar a rede da MetaMask para a Arbitrum (por padrão, ela fica no Ethereum);
- Na corretora, sacar os tokens GMX para o endereço da sua carteira;
- Acessar o site da GMX (gmx.io) no navegador onde sua carteira está instalada e clicar em “Connect Wallet”;
- Com a carteira conectada, ir até a aba “Earn” e clicar em “Stake”. A partir daí, os retornos já começarão a pingar na carteira e poderão ser sacados a qualquer momento.
O aplicativo também oferece a possibilidade de reinvestir os ganhos automaticamente para obter juros compostos, ou ainda fornecer liquidez para o projeto e obter um token sintético que permite expandir ainda as possibilidades de retorno – nessa modalidade, o ganho anual alcança cerca de 19%.
Quais são os riscos envolvidos? É legal?
Além da volatilidade, criptos que pagam dividendos sempre oferecem o risco de sumirem do mapa, como aconteceu com a Terra/Luna. Por esse motivo, especialistas recomendam projetos já testados e que resolvem um problema real, como é o caso da GMX, focada em derivativos; da SPOOL, que oferece cestas automatizadas de rendimento; a Curve (CRV), especializada em juros sobre stablecoins; e, principalmente, a corretora descentralizada Uniswap.
O uso dessas plataformas ainda não é regulamentado pela lei brasileira. O marco legal dos criptoativos sancionado no fim de 2022 deixou o tema DeFi de fora, e ainda não há regras específicas que para reger o setor. A tendência é que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atue na supervisão de ativos considerados valores mobiliários, mas isso ainda não está definido – e pode levar um bom tempo até que esteja.