Greve nos portos nos EUA traz riscos a economia antes de eleições, diz Julius Baer

De acordo com banco suíço, a situação pode trazer forte impacto econômico

Camille Bocanegra

Publicidade

Apesar de muito antecipada, a greve dos trabalhadores portuários nos EUA apresenta riscos para crescimento da economia americana antes das eleições, na visão do banco Julius Baer. Os trabalhadores portuários da Costa Leste e do Golfo, que atuam em instalações que se estendem do Maine até o Texas, começaram nesta terça-feira um movimento de greve que não era vista desde os anos 1970.

Especialistas temem que uma paralisação prolongada por trazer graves consequências negativas não só à economia americana, via inflação, como no transporte marítimo global. Desde já, empresas de varejo e logística visaram utilização de suprimentos alternativas mais caras. Na análise do banco suíço, até uma greve breve poderia ter custos econômicos significativos.

“Caso uma resolução seja alcançada em curto prazo, o impacto negativo no crescimento e o impacto inflacionário nos preços ao consumidor podem ser limitados. Notavelmente, os embarques de commodities energéticas permanecem em grande parte inalterados pela greve”, afirma o relatório.

LISTA GRATUITA

Ações Fora do Radar

Garanta seu acesso gratuito a lista mensal de ações que entregou retornos 5x superior ao Ibovespa

A análise reforça que, mesmo com a greve, o fornecimento de energia, de carga a granel, além de movimentações de suprimentos militares e navios de cruzeiro, devem continuar sem alterações. Ainda assim, os portos da Costa Leste movimentam cerca da metade da carga marítima do país. Por isso, a Casa Branca busca alternativas para facilitar uma resolução, após fracasso das negociações por aumento.

Sem solução fácil

A solução mais simples, no entanto, é a que a presidência deve evitar, de acordo com a análise. Joe Biden, presidente dos EUA, poderia invocar a Lei Taft-Hartley, que garante a interrupção da greve e o retorno ao trabalho. No entanto, o uso da lei poderia ter um custo político, em especial pelo apoio do governo aos sindicatos e à negociação coletiva.

Ao mesmo tempo, deixar a greve seguir seu curso poderia aumentar o preço de bens de consumo e, por consequência, a inflação em si. Quanto mais tempo durar, de acordo com a análise do Julius Baer, mais difícil fica sua resolução.

Continua depois da publicidade

“Estima-se que uma greve de um dia nos portos da Costa Leste e do Golfo levaria cerca de cinco dias para ser resolvida, enquanto uma greve de uma semana em outubro poderia resultar em desacelerações até meados de novembro”, afirmam o economista Kaspar Kochli, do Julius Baer.