GPA (PCAR3) X Carrefour (CRFB3): qual varejista se saiu melhor na temporada do 4T24?

Gigantes do varejo alimentar GPA (PCAR3) e Carrefour Brasil (CRFB3) divulgaram resultados na noite da última terça-feira (18)

Felipe Moreira

Carrefour Express é uma das marcas do grupo francês, usada para o varejo de proximidade. Foto: Divulgação
Carrefour Express é uma das marcas do grupo francês, usada para o varejo de proximidade. Foto: Divulgação

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Os gigantes do varejo alimentar GPA (PCAR3) e Carrefour (CRFB3) divulgaram resultados na noite da última terça-feira (18), com o primeiro entregando uma melhora nos resultados operacionais do 4º trimestre, embora fortemente ofuscados pelos efeitos de reestruturação e provisões mais uma vez, na avaliação da XP. Já o Carrefour Brasil apresentou resultados mistos no trimestre, com melhores dinâmicas de vendas mesmas lojas e margens no Atacadão, mas com rentabilidade pressionada no Sam’s e no banco e margens ainda baixas no varejo.

Em termos de rentabilidade, a XP explica que a margem bruta do GPA aumentou 0,2 ponto percentual (p.p.) na base anual, devido a melhores condições comerciais com fornecedores, retail media e otimização do sortimento, enquanto a margem EBITDA ajustada subiu 1,40 p.p na comparação ano a ano, resultando de eficiências em SG&A (despesas gerais e administrativas) e alavancagem operacional.

No entanto, apesar do desempenho operacional, o prejuízo líquido ficou bem abaixo do esperado pela XP (operações continuadas em R$737 milhões), fortemente impactado por R$ 272 milhões em despesas relacionadas a temas estruturais e R$ 291 milhões em despesas relacionadas a provisões fiscais e trabalhistas.

Já o fluxo de caixa livre atingiu R$981 milhões, “principalmente devido a conta fornecedores, reduzindo a alavancagem para 1,6 vez Dívida Líquida / EBITDA Ajustado (Ex-IFRS), em comparação a 2,9 vezes no 3T24”, comenta XP.

O Itaú BBA avalia os números do GPA como marginalmente positivos, pois a empresa continua a entregar uma recuperação sólida e fazendo o que é possível para retomar a geração de fluxo de caixa (FCF). “Infelizmente, a alta alavancagem (especialmente com taxas indo para 15%+) e contingências continuam como ventos contrários relevantes, refletidos na pressão do EBITDA para o lucro líquido, levando a um prejuízo líquido de R$ 163 milhões”, explica BBA.

Para o BBA, o GPA inegavelmente detém um dos modelos de negócios mais resilientes em águas macroeconômicas turbulentas, devido sua natureza de renda mais alta e não discricionária, o que provavelmente ajudou a bandeira do Pão a entregar um sólido SSS (vendas mesmas lojas) de 10% no 4º trimestre.

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O BBA manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 3,70.

Saiba mais:

De acordo com BTG, a recuperação da receita do GPA foi impulsionada por melhorias nos números operacionais, registrando uma aceleração no crescimento do indicador de vendas mesmas lojas (SSS) juntamente com melhorias na margem EBITDA, à medida que suas iniciativas de eficiência continuam a gerar resultados.

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Apesar da melhora dos resultados operacionais nos últimos trimestres e da implementação efetiva de iniciativas para reduzir a alavancagem, o BTG ainda vê o GPA como uma opção mais arriscada entre os varejistas de alimentos. O processo de recuperação das vendas e da lucratividade nas operações do GPA continua em andamento, e com o ritmo de desalavancagem ainda em foco (em meio a um cenário de alta taxa de juros), o BTG reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 4.

Carrefour (CRFB3)

O Bradesco BBI classifica os resultados como fracos, mas que vieram ligeiramente melhores do que suas expectativas em vendas e EBITDA ajustado (+1,4% e +2,7%, respectivamente). O EBITDA ajustado foi novamente impactado por ajustes não recorrentes significativos, principalmente relacionados a despesas de reestruturação e prejuízo líquido com vendas de ativos , enquanto o lucro líquido ajustado de R$ 1,8 bilhão inclui não apenas os ajustes de EBITDA mencionados, mas também o reconhecimento de R$ 1,0 bilhão de ativos fiscais diferidos, que deve ser de natureza não recorrente.

No entanto, o BBI acredita que os resultados do 4T24 devem ficar em segundo plano e não terão grande impacto no preço da ação enquanto a empresa e seu grupo controlador estiverem conduzindo a discussão para fechar o capital do Carrefour Brasil. O banco manteve recomendação neutra para Carrefour e preço-alvo de R$ 7.

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O Itaú BBA comenta que o lucro líquido ajustado do Carrefour chegou a R$ 451 milhões, 9% abaixo das suas projeções, excluindo eventos não recorrentes.

Para estimar a geração de fluxo de caixa livre para varejistas de alimentos, o banco ajustou a posição de caixa pela média de receitas de juros geradoras de caixa durante o trimestre e a posição de dívida somando recebíveis descontados. Dessa forma, o banco estimou uma queima de caixa de R$ 4 bilhões em relação ao trimestre anterior, R$ 240 milhões pior do que o esperado, impulsionada principalmente por um aumento nos dias de recebíveis brutos – refletindo a estratégia da empresa de oferecer parcelas em 3 vezes.

O Itaú BBA manteve recomendação de compra e revisou o preço-alvo para R$ 11.

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Na avaliação da XP, o Carrefour Brasil apresentou resultados mistos no quarto trimestre, com melhores dinâmicas de vendas mesmas lojas e margens no Atacadão, mas com rentabilidade pressionada no Sam’s e no banco e margens ainda baixas no varejo.

Para BTG, o Carrefour divulgou resultados mistos no quarto trimestre, apresentando crescimento decente das vendas mesmas lojas, pressão de margem bruta e maior alavancagem financeira na comparação ano a ano.

O BTG reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 10.