GPA (PCAR3) tem operacional avançando, mas ações caem por efeitos não recorrentes

Gastos da companhia com venda de sede, acordo com o Estado de São Paulo e financeiros são apontados como detratores

Vitor Azevedo

Em seus dois aplicativos, o Grupo Pão de Açúcar já acumula 82% de penetração entre os clientes de suas lojas. Foto: Divulgação
Em seus dois aplicativos, o Grupo Pão de Açúcar já acumula 82% de penetração entre os clientes de suas lojas. Foto: Divulgação

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O GPA (PCAR3), dono das redes Pão de Açúcar e Mercado Extra, teve um resultado do primeiro trimestre considerado “misto” por analistas”. Do lado negativo, para analistas, ficaram os gastos financeiros da companhia e o provisionamento contábil. Do positivo, ficou o avanço do operacional.

Os papéis ordinários do GPA recuaram 5,88%, a R$ 3,20 na sessão desta quarta-feira.

A varejista de alimentos passa por uma reestruturação desde fevereiro de 2022. No foco das mudanças está o modelo de proximidade, venda de ativos não essenciais e redução de despesas — e elas parecem estar dando resultados.

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O resultado ganha ainda mais relevância pelo fato de o Cassino estar saindo da companhia, com duas gestoras, a SPX e a GTF, de Rafael Ferri, aumentando suas participações na empresa.

“A rentabilidade foi um destaque, com margem bruta expandindo 1,4 ponto percentual no ano, para 25,8%, apoiada por melhores condições comerciais com fornecedores, redução dos índices de ruptura e menores custos logísticos”, diz o time da XP Investimentos, encabeçado por Danniela Eiger. Eles destacam também o avanço da margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), que subiu 1,7 ponto, devido a menores despesas de venda atreladas às otimizações do orçamento base-zero.

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Essas opiniões, de forma geral, foram compartilhadas por outras casas. O Bradesco BBI definiu que o balanço foi promissor, “com melhores números operacionais para as divisões centrais de varejo de alimentos”. O banco, porém, também chamou a atenção para os eventos não recorrentes. 

“Vemos uma margem bruta saudável no varejo de alimentos, aproximando-se de 27,5% e despesas controladas de SG&A  [vendas, gerais e administrativas, na sigla em inglês] como reflexo de projetos de orçamento base-zero e projetos de contenção de despesas”, fala a equipe da instituição brasileira, encabeçada por Felipe Cassimiro.

O Morgan Stanley ainda destacou um aumento das vendas mesmas lojas, de 5,4% ao ano, e da receita líquida, de 16,6%, para R$ 4,5 bilhões. “O resultado, porém, foi impactado em parte por efeitos pontuais relacionados a impactos sobre outras receitas e despesas operacionais gerados pela adesão a um programa de acordo de dívida relacionada ao ICMS com o Estado de São Paulo, a uma baixa contábil do QG do GPA após a venda do ativo e a um menor reconhecimento de créditos tributários relacionados a prejuízos fiscais acumulados”, ponderou.

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Durante a teleconferência de resultados, os executivos do GPA reforçaram que o trabalho feito durante toda a reestruturação do negócio deve continuar dando resultados duranto 2024 — e o GPA promete avançar em outras mudanças. 

“Existem oportunidades para ganho de margem bruta, porque fizemos e finalizamos no ano passado toda mudança do projeto de categorias e sortimentos no Minuto Pão de Açúcar e agora estamos fazendo no Mercado Extra”, disse o CEO Marcelo Pimentel. 

Ele mencionou ainda que outros pontos em relação à margem bruta vão além da mudança operacional. Segundo o executivo, por exemplo, o GPA também está negociando contratos com a indústria. “Avançando em market share e consolidamos posição, estamos conseguindo ativar triggers, que melhoram a negociação, dando segurança”, acrescentou. 

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Fora isso, o fortalecimento da posição premium também deve melhorar os ganhos. ”Acreditamos nesse  formato, principalmente por ver no mercado atualmente uma estratégia geral de disputa pelos preços. Nossos números mostram as melhoras. Não temos, como opção agora, uma expansão no mercado popular”, avaliou o CEO.