GPA: rentabilidade melhora, mas alavancagem impede reclassificação, diz JPMorgan

JPMorgan mantém recomendação neutra para os ativos, que vivem atualmente período de turbulência

Felipe Moreira

Publicidade

Apesar das iniciativas da administração do GPA (PCAR3) terem sido bem-sucedidas em reativar o crescimento, o JPMorgan optou manter recomendação neutra para empresa. A ação, cabe ressaltar, já passou por vários período de turbulência e acumula perdas superiores a 34% no ano.

Segundo o relatório, as melhorias no faturamento e na margem registradas nos últimos trimestres foram apoiadas por uma maior penetração e melhor execução, juntamente com um sortimento mais assertivo no Pão de Açúcar, melhor segmentação de clientes e a captura de oportunidades após anos de negligência devido a várias mudanças estratégicas e desalinhamento de interesses.

No geral, o movimento se traduziu em um aumento nas vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) apesar da adversa inflação dos alimentos. Ainda assim, o JPMorgan espera um tímido CAGR (taxa anual de crescimento composto) de 6% em 5 anos para receita, impulsionada por crescimento de área, ajuste do sortimento e crescimento do canal digital.

Em termos de rentabilidade, a projeção de margem bruta é de 27,7% em 2024, alta de 130 pontos-base (bps) na base anual e 28,2% em 2025 (+50 bps), impulsionada por maior penetração de perecíveis, melhor mix e política de descontos otimizada, que começou a ser implementada no final do 2T24.

No total, essas combinações com o controle de despesas devem se traduzir em uma margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações / receita) ajustada de 8,8% e 9,4% para 2024 e 2025, resultando em um CAGR de Ebitda ajustado de 13% em 5 anos.

Mesmo com a melhoria operacional esperada e das recentes iniciativas de desalavancagem (vendas de ativos e aumento de capital), o JPMorgan continua a ver a empresa com um balanço pesado que deve fechar 2024 com 3,3 vezes dívida líquida ajustada/Ebitda (excluindo IFRS 16 e incluindo recebíveis descontados e parcelas fiscais).

Continua depois da publicidade

Dessa forma, o banco espera que as despesas financeiras ainda gerem perdas líquidas no médio prazo, enquanto mais melhorias operacionais e desalavancagem são necessárias para trazer os resultados de volta ao positivo no curto prazo.

Por fim, o JPMorgan explica que as melhorias operacionais são parcialmente atenuadas por altas despesas financeiras, que são refletidas na atual valoração de 4,5 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda ajustado para 2025, um desconto de cerca de 20% em relação ao setor, que está a 5,5 vezes. No espaço de varejo alimentar, o banco ressalta sua preferência por Assaí (ASAI3), seguido por Carrefour Brasil (CRFB3).