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As ações do GPA (PCAR3) registraram queda de 8,75%, a R$ 20,55, na sessão desta sexta-feira (4), após a varejista de alimentos registrar um prejuízo líquido de R$ 288 milhões entre julho e setembro, alta de 221,7% no ano.
De acordo com a Eleven, a companhia apresentou um resultado fraco e abaixo das estimativas da casa, ainda bastante impactado em termos de rentabilidade em um momento de transição operacional devido à descontinuidade das
lojas de hipermercados e drogarias no Brasil. Apesar do consolidado fraco, conseguiu demonstrar um crescimento de receita e rentabilidade acima das projeções dos analistas no GPA Brasil e novamente teve como destaque do trimestre o desempenho do Grupo Éxito.
Em teleconferência com analistas e investidores para falar sobre os resultados do terceiro trimestre deste ano, os executivos do GPA destacaram comentários sobre o processo de reestruturação da companhia, que vem deixando seus sinais nos balanços.
Na frente do faturamento, a receita bruta no Brasil caiu 32,5% no ano, por conta de operações descontinuadas, para R$ 4,6 bilhões. Sem levar em conta as operações descontinuadas, o braço brasileiro teria uma receita bruta crescendo, no entanto, 10,6%.
As mesmas operações descontinuadas, segundo os executivos, foram responsáveis pelo avanço do prejuízo.
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“Tivemos o peso, neste trimestre, das atividades abandonadas. Direcionamos provisões, uma vez que 50% dos colaboradores demitidos entraram com processos trabalhistas”, explicou Guillaume Gras, diretor financeiro (CFO) do GPA.
Desde março deste ano, o grupo anunciou que deixaria o ramo dos hipermercados, tendo vendido algumas das lojas (mais de 40 para o Assaí, por exemplo) e transformado outras.
“A conversão de Hipermercados Extra para Mercados Extra tem bom andamento, mas o mesmo não se dá para as lojas Pão de Açúcar”, disse o diretor executivo (CEO) do GPA, Marcelo Pimentel. “Nos Mercados Extra, temos uma surpresa positiva. Proposta muito concentrada em mercearia e perecíveis, focado ao público que busca preço. Estamos vendo uma recuperação acelerada”.
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Na bandeira Pão de Açúcar, a certa resistência pelo fato de a marca que assumiu os hipermercados ser mais focada em qualidade e em variedade, enquanto muitos clientes dos hipermercados buscavam preços menores.
“A retomada está sendo mais gradual, mas temos uma força tarefa atuando nessas lojas”, comentou Pimentel. “É algo que se faz aos poucos. Teremos de repassar a proposta de valor. O cliente tem de ver o GPA como uma compra completa e não só como uma compra premium”
Essa busca pelo atração de clientes impediu o grupo, por exemplo, de repassar preços, principalmente nas categorias de açougue e perecíveis.
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A margem bruta do GPA no Brasil recuou 1,1 ponto percentual, para 23,5%, com o lucro bruto ficando em R$ 1,01 bilhão. A margem Ebitda caiu 0,8 ponto, para 6,3%.
GPA espera melhorar operacional
Os executivos do grupo afirmaram que enxergam que a performance operacional “deve e precisa melhorar” – e estão buscando formas de fazer isso.
“Com relação à inflação e seu impacto, buscamos o sortimento ideal, clusterização das loja e repasse de preços”, contextualiza Pimentel. “Em muitas lojas, conseguimos repassar preços, mas, em outras, que estão em regiões mais periféricas e com concorrência mais acirrada, é mais difícil”.
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Eles destacaram também que, apesar do recuo das margens, por conta da reestruturação, a participação das despesas administrativas sobre a receita recuou 0,7 ponto. Isso se deu, em parte, por conta do enxugamento da equipe.
“A reestruturação da sede será finalizada até dezembro, com ganhos expressivos que já estão se materializando. Fizemos isso com critério, cuidado e respeito ao time. Para não ser um corte aleatório. Tivemos aumento de sinergia e aceleração no processo de decisão”, defendeu Pimentel.
Por último, os executivos esperam ver mais melhorias na frente comercial, com equipes focando na negociação com fornecedores. A otimização dos custos logísticos e a melhoria da gestão de perdas também devem trazer avanços.
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Quanto à expansão, o GPA deve entregar o guidance prometido. No terceiro trimestre, o GPA realizou a conversão de 14 lojas de hipermercados, sendo 10 para Pão de Açúcar e quatro para Mercado Extra. Além disso, abriram também seis novas lojas da bandeira Minuto Pão de Açúcar.
Recomendações
Ainda que tenha apresentado resultado consolidado fraco, a Eleven manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28,00 para PCAR3, pois entende que os resultados isoladamente e as iniciativas internas demonstram que a companhia está no caminho certo ao focar nos modelos de proximidade e conveniência, que apresentam maior rentabilidade. “Além disso, é
notável o crescimento do Grupo Éxito através de melhores margens, crescimento de receita e ganho de market share”, afirmam os analistas.
Por outro lado, a XP tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 25, com os analistas tendo preferência por Assaí (ASAI3) no setor.
Na mesma linha, o Credit Suisse tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 20. O banco ressalta que o GPA Brasil reportou crescimento de vendas de 10,4% na base anual. No entanto, uma maior atividade promocional aliada a custos mais altos relacionados a serviços em loja e parceiros de last mile resultaram em uma queda da margem bruta. Já a receita líquida do Éxito ficou um pouco abaixo da estimativa do banco.
Por outro lado, as pressões de inflação nas despesas pressionaram as margens e o Ebitda consolidado ficou 10% abaixo do projetado pela casa. “Nossa leitura fica na linha de que a inflação tem sido um desafio maior para o segmento multivarejo do que o cash & carry [atacarejo]”, avalia o Credit.