GPA: JPMorgan vê geração de caixa desafiadora e corta ação para venda; PCAR3 cai 6,7%

Geração de caixa e o endividamento continuam sendo uma preocupação, especialmente considerando as taxas de juros mais altas

Felipe Moreira

Em seus dois aplicativos, o Grupo Pão de Açúcar já acumula 82% de penetração entre os clientes de suas lojas. Foto: Divulgação
Em seus dois aplicativos, o Grupo Pão de Açúcar já acumula 82% de penetração entre os clientes de suas lojas. Foto: Divulgação

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Apesar das melhorias operacionais, apoiadas pela revisão do sortimento e operações mais enxutas, o JPMorgan rebaixou a recomendação para a ação do GPA (PCAR3) de neutro para equivalente à venda (underweight, exposição abaixo da média, equivalente à venda) devido à geração de caixa desafiadora. Com isso, os ativos PCAR3 caíram 6,69% nesta terça-feira (18), a R$ 2,93, também na sessão pré-resultado do 4T24.

Cabe lembrar que a Genial Investimentos cortou a recomendação da varejista para neutro na semana passada, citando “implicações da redução do diferencial entre inflação geral e inflação alimentar e aumento da taxa de juros ao longo do 1º semestre de 2025, comprometendo a última linha do resultado dado a alavancagem da companhia, estimada em 2,9 vezes”.

Para o JPMorgan, a geração de caixa e o endividamento (com um índice de 3,2 vezes em 2025) continuam sendo uma preocupação, especialmente considerando as taxas de juros mais altas. Nesse sentido, a empresa tem se manifestado sobre a racionalização de sua presença, podendo fechar ou vender lojas nas regiões norte e nordeste, que têm poucas sinergias com sua operação central em São Paulo.

“Por outro lado, ainda é cedo, e não vemos ativos significativos que possam ser vendidos rapidamente para melhorar o endividamento de forma substancial”, avalia a equipe de análise.

Além disso, o JPMorgan comenta que não possui fundamentos suficientes para acreditar que uma possível fusão com o Dia melhoraria significativamente suas operações ou balanço patrimonial. Assim, negociando a cerca de 5,5 vezes Valor (EV)/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estimado para 2025, o banco reiterou visão negativa com GPA.

Grupo Mateus (GMAT3)

O JPMorgan reiterou preferência e recomendação neutra para Grupo Mateus, com preço-alvo de R$ 9, pois a empresa deve manter o melhor momentum operacional do setor, apoiado por um bom ritmo de expansão e competição limitada em seus mercados principais, onde é líder indiscutível.

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Além disso, o banco acredita que a joint venture com Novo deve aumentar as barreiras de entrada para outros players e ajudar substancialmente na escala do empresa nas novas regiões, também potencialmente impulsionando a expansão.

O JPMorgan também aponta que o Grupo Mateus tem um balanço patrimonial enxuto (0,5 vez para 2025E), o que torna seu P&L mais resiliente a flutuações nas taxas de juros em comparação com os pares e não oferece restrições para a expansão.

Nesse contexto, analistas projetam que a empresa sustente um crescimento orgânico de área de vendas de 13% ao ano nos próximos 5 anos, resultando em crescimento de vendas de 18%, crescimento de Ebitda ajustado de 21% e crescimento de lucro por ação (EPS) de 13%.

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Assaí (ASAI3)

A performance do Assaí até o momento tem sido impulsionada, na visão do JPMorgan, pela queda na curva de juros e, mais recentemente, pela migração dos investidores do Carrefour (CRFB3). Apesar disso, o banco continua vendo um ambiente operacional desafiador para o Assaí, dado que o mercado altamente competitivo pode piorar caso o Carrefour Brasil se torne privado.

Além disso, segundo relatório, o foco da empresa na redução da alavancagem não deixa espaço para agressividade comercial para defender participação de mercado, e isso tem se refletido nas tendências de produtividade de área de vendas, que estão abaixo dos pares. Por fim, a desaceleração esperada da inflação de alimentos (em relação às expectativas anteriores) pode dificultar a entrega de expansão de margem em 2025.

O JPMorgan manteve recomendação neutra e reduziu o preço-alvo de dezembro de 2025 de R$ 10 para R$ 8,50 por ação.

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Carrefour (CRFB3)

O JPMorgan reiterou recomendação neutra para Carrefour e reduziu preço-alvo de R$ 11,50 para 7,70, à luz da proposta do Carrefour de sair da bolsa.

Como uma subsidiária privada, os analistas acreditam que o Carrefour Brasil possa se tornar um player mais agressivo, à medida que sua controladora indica que um dos objetivos do deslistamento é tornar as operações locais brasileiras mais ágeis. Nesse contexto, o JPMorgan avalia que temas relacionados à estrutura de capital, especialmente financiamento, provavelmente serão centralizados na controladora, com o foco local sendo voltado para o crescimento do lucro operacional.