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As companhias de varejo/atacarejo de alimentos começam a divulgar os seus resultados do terceiro trimestre nesta segunda-feira (30), com os balanços de Assaí (ASAI3) e GPA (PCAR3) a serem publicados após o fechamento – e com projeção de dados desafiadores.
A XP aponta que a deflação alimentar continua um vento contrário para os resultados. “No varejo alimentar, esperamos novamente uma performance negativa de vendas mesmas lojas, impactada pela inflação alimentar, dinâmica de volumes pressionada pela baixa renda disponível e pelo aumento da concorrência, enquanto a rentabilidade deve vir pressionada pelos robustos planos de expansão das empresas e pelo processo de maturação das lojas”, afirmam os analistas.
Os analistas esperam que Grupo Mateus (GMAT3) deva superar seus pares na dinâmica vendas mesmas lojas novamente, enquanto esperam que o Carrefour Brasil (CRFB3) seja o destaque negativo.
A Eleven também destaca que, seguindo dinâmica similar a apresentada no 2T23, espera um trimestre desafiador e resultados fracos para as varejistas de alimentos, com pressão nos volumes e desaceleração nas vendas mesmas lojas (SSS), além de uma maior pressão no resultado financeiro, dado a maior alavancagem das empresas.
Seguindo a tendência do trimestre anterior, a desaceleração da inflação de alimentos também deve afetar o indicador de Same Store Sales (SSS), com Assaí e Carrefour apresentando SSS negativo no trimestre.
“Enquanto o Grupo Mateus deve continuar a se destacar no quesito, já esperamos uma desaceleração ante ao apresentado no 2T23”, também avalia a Eleven.
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O BTG Pactual também vê que os resultados devem novamente ser fracos para o varejo de alimentos devido à baixa inflação de alimentos nos últimos meses (que encerrou setembro em – 0,78% versus 2,88% em junho).
Para os analistas do banco, o SSS deve cair 1,5% no Assaí na base anual (vendas aumentam 21% frente o 3T22), cair 5% no Carrefour (SSS da divisão de varejo -8% e Atacadão -4% ) e subir 5% para o Grupo Mateus (novamente um desempenho superior no trimestre).
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Confira as projeções para cada companhia:
Assaí (ASAI3) – resultado dia 30 de outubro, após o fechamento
A Eleven espera que a companhia apresente resultados fracos em termos de rentabilidade, apresentando dinâmica similar à do 2T23.
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Os analistas da casa estimam um crescimento de 22% na base anual na receita líquida, principalmente devido às conversões das lojas Extra realizadas, mas com o Same Store Sales ainda em território negativo de 1,5%, impactado principalmente pela desinflação de alimentos.
Ainda, projeta que a margem bruta se mantenha estável na comparação com o mesmo período de 2022 (-0,1 ponto percentual, ou p.p., versus o 3T23), enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) deve apresentar melhora, beneficiado pela maturação das lojas convertidas, mas com margem ainda inferior à do mesmo período de 2022 (-0,3 p.p. versus o 3T22). A Eleven projeta um prejuízo líquido de R$ 157 milhões no 3T23, consequência da pressão nos resultados financeiros, dada a maior alavancagem financeira e custo da dívida.
Para a Genial, o cenário é muito similar ao do segundo trimestre do ano.
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A redução da inflação alimentar, sem grandes recomposições de volume, junto a um consumidor B2B que fraciona seu consumo ao longo dos meses devem resultar em um Same Store Sales ainda em território negativo neste trimestre, estimado em -1,5% ao ano (versus 9,0% no 3T22). “Vale ressaltar que, apesar de negativo, esperamos que o indicador seja menos impactado do que seu principal concorrente, o Atacadão”, aponta.
Nesse contexto, entendemos que a evolução da receita será guiada pelas 52 aberturas nos últimos doze meses. A Genial estima um faturamento bruto de R$ 18,4 bilhões (+21,0% ano a ano).
Em relação à margem bruta, não espera grandes novidades. “Acreditamos que o excedente de margem das lojas convertidas continuará sendo investido em regiões mais competitivas, e, portanto, esperamos uma margem relativamente estável na comparação anual. Estimamos uma margem bruta de 16,2% (-10 pontos-base ao ano)”, avaliam os analistas.
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Com menos conversões no trimestre e uma quantidade menor de lojas a serem convertidas, a Genial espera uma redução das despesas pré-operacionais. Ao mesmo tempo, a performance positiva das lojas convertidas – com uplift de vendas acima do apresentado no 2T23 (mais de 2,5 vezes) – deve ajudar a diluir o impacto das despesas do trimestre.
A Genial espera uma leve pressão de -15 pontos-base na base anual na margem operacional, inferior ao impacto observado nos últimos trimestres.
GPA (PCAR3) – resultado dia 30 de outubro, após o fechamento
A Eleven espera resultados mistos para a companhia no 3T23, com uma dinâmica positiva na receita, mas com a empresa apresentando mais um prejuízo líquido dado a pressão no resultado financeiro.
A receita líquida deve totalizar R$ 4,76 bilhões (+10% na base anual). Ainda, espera evolução na margem bruta (+1,3 p.p. versus 3T22), dada a estratégia de precificação da companhia e foco em perecíveis, que possuem melhor rentabilidade.
Já a margem Ebitda deve apresentar expansão 1,6 p.p. ante o 3T22, com parte dos ganhos da margem bruta compensados por maiores despesas. “Por fim, a companhia deve apresentar mais um prejuízo líquido, dado o elevado nível de endividamento e maiores custos de financiamento, ainda que melhor na comparação trimestral”, avalia.
Para a Genial, o GPA deve apresentar mais um trimestre de melhora operacional, com um maior fluxo de clientes às lojas e a categoria de perecíveis trazendo retornos positivos à rentabilidade da companhia.
Na visão dos analistas da casa, a companhia pode reduzir substancialmente a sua alavancagem ao final de 2024. Por outro lado, dois pontos negativos devem ser monitorados a partir daqui: (i) impacto de benefícios fiscais para a empresa; e (ii) aumento da provisão para contingências trabalhistas.
Em termos de faturamento, neste trimestre, a bandeira Pão de Açúcar deve apresentar as cifras de maior qualidade do setor, com o maior Same Store Sales (SSS) entre os pares (+7,0% ao ano em vendas mesmas lojas na estimativa na Genial).
Carrefour (CRFB3) – resultado dia 31 de outubro, após o fechamento
A Eleven aponta esperar que o Carrefour reporte mais um resultado fraco no trimestre, ainda impactada pela deflação de alimentos e pela integração do Grupo BIG.
A receita líquida deve atingir R$ 26,6 bilhões (-4% na base anual e +2,7% na comparação trimestral), impactada pelo maior nível de competição e Same Store Sales negativo devido à desinflação de alimentos.
Em termos operacionais, aponta a Eleven, a margem Ebitda deve atingir 5,3% (-0,8 p.p. versus o 3T22), impactada pela desalavancagem operacional e pelos desafios de maturação e rentabilidade das lojas convertidas. “Com isso, esperamos que a companhia apresente um prejuízo líquido de R$ 77 milhões, revertendo o lucro no mesmo período de 2022”, dizem os analistas.
Na visão da Genial, com a mudança de comportamento de consumo do B2B e dada a exposição da vertical a este público (cerca de 60% do volume de compras), os analistas esperam que o Atacadão apresente mais um trimestre de fraca alavancagem operacional, com uma piora na visão sequencial e anual do Same Store Sales (SSS), estimado em -6,0% na base anual (versus +10,5% no 3T22 e versus -4,3% no 2T23).
Por outro lado, a margem operacional deve mostrar um alívio na visão sequencial – reflexo do “fim” de despesas pré-operacionais, uma vez que não há mais lojas BIG e Maxxi a serem convertidas, e fruto também de um maior controle de despesas gerais e administrativas (SG&A) pela companhia.
Grupo Mateus (GMAT3) – resultado dia 8 de novembro, após o fechamento
Para a Eleven, o Grupo Mateus deve apresentar mais um sólido resultado no 3T23, com a receita líquida apresentando crescimento de 17,1% na base anual, dado o avanço no plano de expansão, presença em novas localidades, além de um Same Store Sales de 4,5%, mas com a margem bruta pressionada em 0,5 p.p. ante o 3T22.
Isso dada a estratégia de precificação com foco em competitividade. Já o Ebitda deve atingir R$ 511 milhões, com margem Ebitda de 7,3%, impactada pela menor margem bruta e pelo plano de expansão.
“Na última linha, esperamos que a companhia reporte lucro líquido de 304 milhões (+3,4% na base anual)”, aponta a casa.