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O GPA(PCAR3), dono da rede de supermercados Pão de Açúcar, reportou, na noite de ontem, balanço com prejuízo líquido consolidado de R$ 1,2 bilhão no 3º trimestre. O prejuízo foi 426% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, de R$ 244 milhões.
Já sem o Éxito, segregado recentemente, o GPA teve um lucro líquido consolidado de R$ 809 milhões, revertendo prejuízo de R$ 229 milhões do terceiro trimestre do ano passado.
Mesmo com um prejuízo alto sem ajustes, o resultado do 3T23 agradou o mercado, que reagiu com forte alta das ações, ainda que analistas vejam desafios. Os papéis PCAR3 subiram 8,38%, a R$ 3,62, na sessão desta terça-feira (31).
De acordo com o CEO da companhia, Marcelo Pimentel, o compromisso da administração é com a redução da dívida líquida e a desalavancagem da companhia. A afirmação foi realizada na teleconferência para comentar os resultados, nesta terça-feira, com participação também de Rafael Russowsky, CFO do GPA.
O executivo comentou que a venda de ativos será voltada para pagamento de dívidas. “A gente espera, nos próximos trimestres, poder pagar dívidas mais estruturais, nossa intenção não é ficar sentado em cima de um caminhão de liquidez”, afirma o CFO do GPA, considerando avanço em vendas de ativos, como sua participação no Grupo Éxito.
Receita e margens como destaque
Para analistas, o destaque foi o avanço da receita bruta, com crescimento de 10% na comparação anual. O crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) também foi considerado como positivo, com avanço de 32% em relação ao ano anterior, mesmo que -3% abaixo das estimativas de consenso.
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O JPMorgan mantém a classificação da companhia como neutra e considera os resultados “um pouco fracos, mas melhores que o esperado”.
“Vemos de forma positiva a melhoria sequencial; enquanto aguardamos um impulso operacional sustentado e mais progresso na monetização de ativos, mantemos a classificação EW (equalweight, equivalente à neutro) “, considera o Itaú BBA.
Para o BBA, os três pontos-chave do balanço são as vendas comparáveis, que vieram em linha com as estimativas “com destaque para o crescimento das lojas Pão de Açúcar e de proximidade”, os avanços em vendas de produtos perecíveis (em especial considerando os ganhos de participação de mercado) e as operações digitais, com aumento de 15%, na comparação anual nas vendas no comércio eletrônico.
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Na análise, o banco ressalta que o aumento da participação da bandeira Pão de Açúcar na mistura de vendas foi benéfica para o aumento da margem bruta. ” Com uma leve compensação da alavancagem de despesas gerais e administrativas, as margens ajustadas de Ebitda expandiram 120 pontos-base ano a ano (para 7,0%); sequencialmente, as margens Ebitda expandiram 70 pontos-base”, reforça.
A Genial considera que o resultado se apresentou em linha com o esperado na prévia.
“Além da maior penetração de perecíveis, a margem bruta da companhia foi beneficiada por uma melhora nas negociações comerciais e redução significativa da quebra. Com isso, a rentabilidade bruta cresceu 130bps (+10 pontos-base acima da projeção da Genial), atingindo 25,1%”, destaca a Genial.
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Monetização em progresso
“Os planos de monetização do GPA continuam a progredir, incluindo a separação do Éxito e um acordo subsequente de venda de participação; aguardamos mais progresso na venda de ativos não essenciais”, diz o BBA, com destaque para o compromisso da administração em desalavancar a empresa.
O foco da administração foi reforçado pelo CEO da companhia, que abordou o tema em diversos momentos na teleconferência.
“Aguardamos mais sinais de progresso em direção a esse objetivo — e aguardamos mais progresso sustentado em relação à orientação de margem Ebitda de 8-9% para 2024 no negócio de varejo de alimentos essenciais do Brasil”, afirma o BBA.