Governo pode definir futuro de Angra 3 e fazer acordo com a Eletrobras, diz analista

Documento do BNDES aponta R$ 23 bilhões para finalizar o projeto; embora seja um valor alto, Vladimir Pinto, da XP, diz que ele está em linha com estudos iniciais

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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A longo e tortuosa definição do projeto da usina nuclear de Angra 3 pode estar chegando ao fim. E a Eletrobras (ELET3;ELET6) tem grande interesse nisso.

O BNDES divulgou nesta quarta (5) estudos sobre o potencial descomissionamento (desmontar e dar fim a planta), com custo de R$ 21 bilhões, e de conclusão da obra, com o total de R$ 23 bilhões, da usina nuclear de Angra 3. 

Vladimir Pinto, analista de energia da XP, participou nesta quinta (5) do Morning Call da XP e disse que além desses custos, o documento do BNDES indicou sobre o projeto uma tarifa de energia para remunerar adequadamente os stackholders em R$ 653/MWh (megawatt/hora).

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Eletrobras é sócia

“É um preço alto (custo de finalização do projeto), mas em linha com o estudo inicial que foi feito em 2018 e que deu reinício a esse projeto”, afirmou.

Segundo ele, a relevância disso para a Eletrobras é que ela é sócia do projeto junto com o governo federal. No cerne da discussão, está se a ex-estatal continua ou não com a Eletronuclear ou se ela vai diminuir a exposição nessa empresa.

“É um dos temas que está sendo discutido entre a Eletrobras e o governo federal no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal)”, ressaltou.

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Ponto de incerteza

“Podemos ver um acordo com o governo dando andamento ao projeto de Angra 3, porque isso era um estudo que estava parado há um certo tempo”, complementou.

Ele vê o movimento como um trigger (acionamento) importante para a Eletrobras, já que existe uma incerteza de os investidores com relação a questão. “Então estamos vendo uma série de movimentos que podem levar ao acordo”, afirmou.

Segundo ele, o governo parece inclinado a definir a questão relacionada a Angra 3 porque tem interesse muito grande de antecipação do CDE (conta de desenvolvimento energético) pela Eletrobras. “Com o acordo, não tem mais aquele risco de uma ação no STF, que era um dos temas que atrapalharam a performance do papel nos últimos meses”, disse.