Goldman eleva RENT3 e RAIL3 para compra; WEGE3 é cortada para venda

Banco recomenda exposição em ações que tiveram expectativas de lucros reduzidas ou desempenho inferior, além de oferecer uma avaliação atraente

Felipe Moreira

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Com a recente derrocada do mercado de ações brasileiro (Ibovespa caiu 9% no ano e o índice de small caps -14%), o Goldman Sachs decidiu ajustar suas recomendações no setor de infraestrutura e indústria, buscando se posicionar em nomes que tiveram expectativas de lucros reduzidas ou desempenho inferior devido ao aumento das taxas de juros, além de oferecer uma avaliação atraente.

Nesse sentido, o banco americano optou por elevar a classificação de Rumo (RAIL3) e Localiza (RENT3) de neutra para compra, enquanto rebaixou CCR (CCRO3) para neutra (de compra) e WEG (WEGE3) para venda (de neutra). O preço-alvo de RENT3 para doze meses caiu de R$ 60,10 para R$ 59,20 (potencial de valorização, ou upside, de 39%), enquanto o de CCRO3 foi de R$ 15,30 para R$ 13,60 (upside de 14%). Já o target de RAIL3 subiu de R$ 24,50 para R$ 25,50 (upside de 19%), enquanto o de WEGE3 foi elevado de R$ 38,80 para R$ 40 (upside de 7%).

As ações reagiram às mudanças de recomendação no começo da sessão, mas depois amenizaram as reações. Nesta quarta (5), RENT3 subiu 0,42% (R$ 43,02), RAIL3 caiu 0,30% (R$ 19,80), enquanto WEGE3 caía 0,69% (R$ 37,54) e CCRO3 teve baixa de 0,25% (R$ 11,98).

Entres as companhias mencionadas, a Localiza apresentou o pior desempenho (-33% no ano, contra -9% do Ibovespa), refletindo o aumento das taxas de juros juntamente com uma perspectiva mais desafiadora para o mercado de carros usados, levando as expectativas de lucros para baixo.

Por outro lado, a WEG teve um desempenho superior (+2% no ano), possivelmente refletindo o status da empresa como resistente a fatores macroeconômicos (dada suas operações no exterior, baixa alavancagem e altos retornos).

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Localiza (RENT3)

O Goldman Sachs elevou a classificação de Localiza para compra, pois atualmente enxerga uma assimetria positiva para o nome, com base em: i) desempenho inferior do preço das ações (-33% no ano versus -9% do Ibovespa); ii) dados recentes sobre os preços de carros novos e usados apontando para alguma estabilização; iii) uma avaliação pouco exigente em cerca de 15,2 vezes e 11,7 vezes Preço/Lucro em 2024 e 2025; e iv) visão de espaço para a Localiza crescer volumes em 9% ao ano nos próximos anos em um ambiente competitivo favorável.

Analistas apontam que, uma vez que a depreciação da Localiza reflita o cenário atual de queda nos preços dos carros usados, se os preços continuarem caindo em um ritmo constante ou moderado (não acelerando a queda nos preços), a depreciação provavelmente se estabilizará em algum momento.

O banco comenta que a depreciação da Localiza como percentual do valor da frota (sob o antigo padrão contábil, para comparabilidade) está em 9%, comparado a 4% pré-pandemia. Assim, o banco acredita que a depreciação já leva em conta uma taxa de queda dos preços dos carros usados em cerca de 5 pontos percentuais (p.p.) por ano pior do que pré-pandemia, corroborando com a visão de que o risco de outro aumento significativo na depreciação é menos provável do que antes.

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Do ponto de vista de rentabilidade, o Goldman também espera que Localiza entregue uma recuperação nas margens a partir de 2024, mas reconhece que a margem permanece abaixo da média histórica no curto prazo.

Rumo (RAIL3)

O banco elevou a classificação da Rumo para compra, pois acredita que as expectativas dos investidores em relação ao ambiente de preços de 2025 diminuíram; ii) a visibilidade sobre os retornos de novos investimentos, que melhorou após o aumento significativo no Ebitda nos últimos anos; iii) a perspectiva da safra melhorou em relação às expectativas no início do ano; e iv) agora enxerga a ação negociando a uma avaliação pouco exigente de 7 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda.

Segundo o relatório, uma safra de milho melhor do que o esperado anteriormente no segundo semestre de 2024 (embora ainda abaixo do ano anterior) poderia melhorar o ambiente de preços para o frete rodoviário durante o segundo semestre de 2024 e levar a um cenário melhor em que a Rumo negocia suas tarifas de 2025.

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Dados de alta frequência sobre os preços do frete rodoviário também apontam para uma recuperação em maio, com os preços do frete aumentando cerca de 10% mês a mês (quase estáveis ano a ano) nas rotas Sorriso-Miritituba e Sorriso-Rondonópolis, o que poderia argumentar por um ambiente de preços melhor para a Rumo. Por outro lado, o banco reconhece que essa tendência começou em maio e, portanto, é necessário permanecer atento para ver se pode persistir no segundo semestre.

CCR (CCRO3)

A CCR rebaixou a recomendação para neutra, pois agora analistas veem a empresa oferecendo retornos médios e potencial impacto limitado de novos projetos na avaliação (dado o grande tamanho da CCR).

Embora reconheça a alocação de capital disciplinada da empresa, que pode gerar retornos positivos em novos projetos, o Goldman Sachs comenta que o tamanho atual do portfólio da empresa limita o espaço para impactos significativos de um único projeto. Ou seja, segundo estimativas do banco, para cada R$ 10 bilhões investidos em capex, isso potencialmente levaria a um valor presente líquido (VPL) representando 4% da capitalização de mercado atual da CCR, implicando assim um risco limitado de alta proveniente de novos projetos.

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Do ponto de vista da avaliação, o banco nota que a empresa atualmente oferece um prêmio em relação aos retornos de títulos indexados à inflação no Brasil, em grande parte em linha com o histórico, o que, na opinião do banco, limita o espaço para uma reavaliação significativa.

WEG (WEGE3)

Com uma combinação de crescimento do lucro líquido abaixo da média histórica nos próximos anos com múltiplos P/L ligeiramente acima da média histórica para 2024 e 2025, os analistas optaram por rebaixa ação da WEG para venda.

Além disso, eles destacam que a ação recentemente superou outros nomes de infraestrutura e industriais, refletindo seu aspecto defensivo em um ambiente macroeconômico incerto.

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O Goldman Sachs acredita que essa desaceleração no crescimento pode ser atribuída a alguns fatores, entre eles: i) a empresa atualmente é muito maior do que antes da pandemia, o que torna mais desafiador crescer no mesmo ritmo de antes da pandemia; ii) durante a pandemia, a empresa se beneficiou de seu modelo verticalizado, enquanto os concorrentes enfrentavam restrições na cadeia de suprimentos, o que permitiu à empresa ganhar participação de mercado em um ritmo ainda mais rápido; iii) a empresa viu um crescimento relevante no segmento de renováveis, com a geração solar impulsionando um crescimento significativo nos últimos anos, mas agora esses segmentos estão mais maduros e, portanto, devem experimentar menos crescimento; e iv) a exposição da WEG a receitas no exterior também levou a um impacto positivo da forte desvalorização do real vista durante a pandemia e, portanto, caso não ocorra mais nenhuma disrupção, o vento favorável nas receitas de uma desvalorização do real é limitado.