Gol (GOLL4): ações fecham em queda de 9,19%; contratação de consultoria sugere desafios financeiros significativos, diz Citi

Companhia aérea brasileira informou que contratou a Seabury Capital, uma consultora financeira de destaque na indústria global da aviação

Felipe Moreira

Atualmente, Azul, Gol e Lata, sao as companhias que dominam o mercado aéreo no Brasil. Foto: Pixabay
Atualmente, Azul, Gol e Lata, sao as companhias que dominam o mercado aéreo no Brasil. Foto: Pixabay

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Na última sexta-feira (1), a Gol (GOLL4) informou ter contratado a Seabury Capital para ajudar a empresa em uma “ampla revisão” de sua estrutura de capital. O mercado não reagiu bem a essa notícia e as ações caíram 9,19%, a R$ 8,30, na sessão desta segunda-feira (4) após anúncio, enquanto o Ibovespa caiu cerca de 1%; a queda dos papéis também impactou Azul (AZUL4, R$ 16,02, -5,82%), que fechou com baixa de mais de 5%.

A Seabury, segundo a Gol, é uma das “principais consultorias globais do setor de aviação”, e vai apoiar a empresa também em gestão de passivos, transações financeiras e outras medidas para “melhorar a liquidez”. A companhia também tem interesse nos trabalhos da Seabury para auxiliá-la em ajuste de frota no “curto a médio prazo…assim como outras obrigações financeiras”.

“A Seabury, trabalhando em conjunto com a Skyworks, prosseguirá com as negociações em andamento com seus arrendadores de aeronaves com o objetivo de alcançar uma reestruturação consensual abrangente das obrigações de frota da Gol”, afirmou a companhia aérea sem dar detalhes.

O Citi comenta que a contratação de consultor financeiro para ajudar na reestruturação de suas obrigações de frota e auxiliar nas estratégias de gestão de passivos sugere que a Gol ainda enfrenta desafios financeiros significativos. “Esse comunicado também parece aprofundar o que já parece ser uma trajetória difícil de entender para os acionistas minoritários da Gol”, destaca.

O banco americano também ressalta que o anúncio dá a impressão de que a entrada da Gol na holding ABRA não foi suficientemente eficaz para estabilizar a situação financeira da companhia aérea.

Mesmo sem a Gol mencionar quaisquer prazos ou datas de conclusão para as iniciativas mencionadas, o Citi comenta ser possível que possa haver alguma medida em breve. “No final de setembro, o caixa e equivalentes da Gol ficaram em R$ 905 milhões, em comparação com seus empréstimos de curto prazo de R$ 3 bilhões.”

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Em termos de avaliação, o Citi reiterou recomendação de venda para ADR (recibo de ações negociado nos EUA) da Gol e traçou o preço-alvo de US$ 3,00 por ADR usando um múltiplo alvo EV/Ebitda de cerca de 5 vezes para 2024, considerando uma faixa de valor justo de 4,5 vezes a 5,5 vezes. Esse nível está cerca de 30% abaixo da média ajustada de longo prazo das ações. O Citi havia rebaixado a recomendação dos ativos para venda na semana passada. 

“Isso leva em consideração a contínua e significativa incerteza sobre como a GOL poderá eventualmente funcionar dentro da ABRA, juntamente com as potenciais implicações relacionadas para os acionistas minoritários da empresa”, explica o banco. “Considerando uma dívida líquida esperada mais alta pós-conversão, o valor do patrimônio líquido parece menor para o mesmo múltiplo.”

Já o Goldman Sachs comenta que, embora não tenha uma opinião sobre o resultado destas renegociações, acredita que este anúncio poderá ser o primeiro passo para uma ampla reorganização das obrigações com os arrendadores e outros fornecedores, o que poderia potencialmente aliviar a pressão sobre o balanço e as obrigações de de curto prazo. Para referência, a Gol reportou liquidez no 3T23 de R$ 994 milhões (incluindo caixa, investimentos de curto prazo, caixa restrito), que se compara à dívida de curto prazo (empréstimos e financiamentos correntes) de R$ 1,2 bilhão.

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O banco ainda ressalta que a principal concorrente, a Azul, anunciou recentemente uma ampla reestruturação de seu balanço patrimonial.