Gestora brasileira fecha fundos cripto que mantinham recursos na FTX

Giant Steps cita falta de plataformas confiáveis para operar criptos e nega perdas na FTX

Paulo Barros

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A gestora brasileira Giant Steps anunciou nesta quarta-feira (4), em carta a investidores, o encerramento dos fundos de investimento com exposição a criptomoedas Giant Satoshi, citando perda de confiança nas plataformas voltadas para operação de criptoativos após a falência da FTX.

“Os acontecimentos recentes envolvendo a FTX revelam uma enorme insegurança institucional que ainda permeia o ecossistema de criptomoedas como um todo, com desdobramentos ainda desconhecidos”, diz a carta.

Os fundos Giant Satoshi II Master, Giant Satoshi Cripto Advisory e Giant Satoshi Cripto tiveram processo de encerramento iniciados em dezembro e irão oferecer o resgate das cotas aos investidores.

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Ao InfoMoney, o sócio Pedro Simonetti, responsável pela Relação com Investidores, afirma que a gestora procurou outras corretoras para continuar as operações depois que a FTX faliu, mas nenhuma passou a segurança institucional necessária. “Desde então o fundo está 100% comprado em Bitcoin, como se fosse um ETF, e não foi para isso que a gente criou o fundo”, conta.

Com gestão ativa, os fundos da Giant Steps operavam com a mesma estratégia, visando entregar resultados acima do Bitcoin lançando mão, por exemplo, de alavancagem por meio de contratos futuros perpétuos (sem vencimento) de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH).

As operações eram realizadas na corretora FTX, que abriu falência em 11 de novembro e deixou brasileiros sem acesso aos recursos depositados na plataforma. Segundo a gestora, a exchange havia se mostrado confiável e oferecia as ferramentas necessárias para operar a estratégia pensada para os fundos.

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Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o fundo Giant Satoshi II Master, por exemplo, tinha na FTX até setembro de 2022 uma posição de R$ 2,56 milhões em Bitcoin (equivalente a 18,3% do patrimônio líquido) e R$ 37,4 mil no token da corretora, o FTT (0,26% do patrimônio).

As informações de outubro não estão disponíveis nos sistemas da CVM a pedido da gestora, que alega lançar mão dessa prática em quaisquer de seus fundos para não revelar sua estratégia, por adotar sempre gestão ativa. Em novembro, as carteiras dos fundos já apareceram alocadas totalmente em Bitcoin, custodiadas junto à Fidelity.

Simonetti garante que a gestora conseguiu vender todos os recursos custodiados na FTX, avaliados entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões, assim que começaram a surgir rumores sobre a insolvência da corretora. Dessa maneira, os patrimônios dos fundos não teriam sofrido perdas ocultadas dos cotistas.

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“Quem faz o cálculo de cota é o administrador. E, por regra da CVM, quando há alguma coisa nebulosa, ele marca tudo [a mercado], para evitar transferência de riqueza para os clientes. Se tivesse tido algum problema, isso sairia na cota do dia”, explica.

Segundo informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de criptomoedas da Giant Steps acumulam rentabilidade negativa entre 70% e 78% nos últimos 12 meses. No mesmo período, o Bitcoin, benchmark dos fundos, registra perdas na ordem de 70%.

Paulo Barros

Editor de Investimentos