Gestor da Kínitro não vê as ações no Ibovespa baratas: Acho preço justo

Marcelo Ornelas, sócio fundador da casa, diz preferir olhar o micro ao macro para tomar suas decisões

Augusto Diniz

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Marcelo Ornelas, sócio-fundador da Kínitro Capital e gestor de fundos de ações, compartilhou suas perspectivas sobre o mercado brasileiro. Com mais de 15 anos de experiência em gestão e análise de empresas e formado em economia pela PUC-Rio, Ornelas trouxe uma visão crítica sobre o desempenho da Bolsa de Valores brasileira.

“Quando olho para a carteira do Ibovespa, não fico muito animado. Nos últimos 10 anos, o índice entregou um retorno próximo ao CDI. Tivemos um bom momento com as commodities, que ajudaram, mas sem isso, a situação seria bem mais preocupante”, afirmou Ornelas.

Para ele, o Brasil ainda se comporta majoritariamente como um exportador de commodities, o que limita o potencial de crescimento sustentável do mercado de ações local.

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“Não acho que o Ibovespa esteja barato, acho que está justo.”

Ele afirma enxergar desafios significativos no risco-retorno que não estão sendo devidamente precificados.

Ornelas também revelou que sua equipe na Kínitro Capital está mais focada em oportunidades fora do Brasil.

“Não vejo o time animado com o mercado brasileiro. O orçamento de risco está muito mais alocado no exterior. Tenho dificuldade em fazer uma recomendação de investimento no Ibovespa”, reconheceu.

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Marcelo Ornelas participou do episódio 263 do programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo e Henrique Esteter. 

Foco no micro

O economista diz que tenta “ignorar o macro” do país e focar quase 100% no micro. “A salvação está pelo micro”, afirma.

“O micro é o que importa no final do dia para ações. Ele vai sobrepor o macro, mesmo no Brasil onde o macro é importante. Por isso, tento ignorar o macro. Eu acho que entrego valor investindo meu tempo no micro”, explica.

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“A gente passou os últimos anos com macro bom e a maioria do tempo com micro ruim. Agora, o macro está ruim, o micro na média continua ruim, mas tem um micro muito bom em alguns setores, em algumas empresas”, ressalta.

Problemas crônicos

O gestor afirma que sua empresa concentra investimentos em poucas empresas no Brasil. Ele cita as companhias de infraestrutura com “bons ventos” no Brasil.

“Um país para crescer precisa de três coisas: capital humano, produtividade e investimento”, diz. “Mas o Brasil tem um subinvestimento crônico”, afirma. “A máquina consome muito de nosso orçamento e não sobra para investir”, complementa.

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No capital humano, o economista mostra preocupação com o envelhecimento da população ativa. “E tem a produtividade muito ruim. E o que mais puxa para baixo é a questão da infraestrutura logística”, afirma.

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