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Sócio e gestor da JGP, Eduardo Cotrim traçou um panorama sobre os três principais temas abordados por Donald Trump, que foi eleito nessa semana presidente dos Estados Unidos, a partir do ano que. São eles: tarifa de importação de produtos, diminuição de impostos e controle maior da imigração.
Ele participou do episódio 262 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter. O gestor, porém, vê obstáculos para o republicano impor sua agenda.
China não é a mesma de 10 anos atrás
O gestor lembra que Trump, no primeiro mandato (2017-2021), já tinha começado a guerra comercial. “Até ele entrar, todo relacionamento que havia no mundo superglobalizado, com a China exportando para o mundo inteiro, não se via isso como um problema”, ressalta.
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“Desde a crise de 2008, porém, quando a desigualdade nos Estados Unidos começou a crescer, teve uma classe social nos Estados Unidos que passou a ser bastante afetada (com as importações)”, diz, exemplificando a indústria automobilística, que entrou em crise nos EUA.
“A partir daí, começou a ficar evidente para o cidadão americano médio que o emprego dele estava sendo trocado e quem estava produzindo isso era o chinês”, afirma. Ele crê, dessa forma, que esse foi um dos motivos que levou Donald Trump ao poder no primeiro mandato.
“Passaram-se quase 10 anos e não se tem mais essa dúvida de que no jogo do comércio internacional, a China não atua respeitando as regras.”
“Ele (Trump) vem prometendo colocar 60% de tarifas em todos os produtos importados da China e eventualmente 10%, globalmente. Essas são as maiores ameaças”, cita. Mas Eduardo Cotrim tem dúvidas se as medidas serão implementadas dessa forma, “mas elas virão”.
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“Em 2016, havia um mundo diferente. A China foi pega de surpresa (com as tarifas impostas no primeiro mandato do governo Trump). Hoje, ela está mais preparada. A China veio acelerando investimento em toda parte de tecnologia, tentando se tornar independente, para depender menos da tecnologia americana”, explicou.
Tributação menor pode aumentar déficit
O gestor avalia que, com expectativa de Trump ter maioria nas duas casas do Congresso (Senado e na Câmara dos Representantes), é possível que ele leve outras pautas à frente sem precisar efetivamente dar uma “canetada” e criar tarifas de importação.
“É o tema hoje mais sensível que espirra nos países emergentes”, analisa. “Uma das possíveis reações após a implementação de tarifa mais altas (de importação) é de a China ter a moeda desvalorizada. Ao desvalorizar a moeda da China, por tabela acaba desvalorizando a moeda de outros emergentes”, complementa.
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Sobre a diminuição de tributação, ele lembra que no primeiro governo Trump houve corte de uma série de impostos. “Mas parte desse corte de impostos é temporária e que vão vencer no final do ano que vem. Então, Trump já vem defendo que vai buscar a extensão dessa manutenção da redução de imposto. E reduzir ainda mais a tributação de maneira geral”, diz.
“Mas os Estados Unidos têm um déficit fiscal grande. E é um déficit fiscal historicamente grande para o momento do ciclo. O que isso? Lá, a taxa de desemprego está baixa e a economia está crescendo bem. Então, seria de se esperar que estivesse rodando com déficit fiscal menor, para, que no momento em que a economia ficar mais fraca, com a taxa de desemprego subindo, gastar mais com o que a gente chama de política econômica anticíclica”, explica.
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Imigrante tira pressão do mercado de trabalho
“Na hora que Trump promete que ele vai tributar menos as empresas, tributar menos os indivíduos, como direcionar esse déficit”, questiona o gestor. “Para esse pacote não ser visto como algo preocupante para a dinâmica da dívida pública, tem que vir algo na parte de contenção de gastos, que não é agenda de nenhum político”, complementa.
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Sobre a questão da imigração, ele também não vê possibilidade de Trump fazer deportação em massa, como vem anunciando.
“Toda a força de trabalho que cresceu nesses (últimos) anos (nos EUA) é estrangeira. Esse fluxo de imigrantes ajudou muito a tirar a pressão do mercado de trabalho.”
Ele destaca ainda a questão do mercado de trabalho apertado, como uma das maiores preocupações da política monetária do Federal Reserve (Fed).
“Isso (trabalhadores imigrantes) faz a economia funcionar melhor. Qual o impacto que isso trará no mercado de trabalho (com as medidas de Trump)”, questiona.
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